Pedido de mais impostos para sucos e refrigerantes
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Para tentar reduzir o consumo de refrigerantes e sucos industrializados, a Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabologia (SBEM), juntamente a outras associações e sociedades médicas, reivindica um aumento na tributação de bebidas açucaradas para tentar conter o avanço de doenças, como a obesidade, a diabetes e a hipertensão.

O documento, assinado por mais de 15 entidades, ressalta que as bebidas açucaradas contribuem de forma significativa para a alta taxa de consumo de açúcar e, consequentemente, o ganho de peso.
O endocrinologista Albermar Roberts Harrigan explicou que a tributação dos produtos açucarados seria de 20% a 50%.
“Está sendo feita uma divulgação pelas entidades para que depois seja levado ao governo federal. A vantagem para o governo é que essa tributação aumentada permitiria um crescimento na arrecadação”.
De acordo com a SBEM, o aumento na arrecadação seria entre R$ 4,7 bilhões e R$ 7 bilhões por ano. Segundo Albermar, o ajuste na tributação dos produtos açucarados reduziria o consumo entre 19% e 49%.
“O governo empregaria o valor arrecadado em saúde, revertendo ao SUS, que paga a conta do aumento de obesidade e sobrepeso”.
Praticidade
A endocrinologista Gisele Lorenzoni destaca que bebidas como os refrigerantes, muitas vezes, com preço mais baixo do que um suco natural, acabam sendo de mais fácil acesso.
“Além da praticidade, há também a questão do sabor, que acaba por aumentar o consumo desses produtos. Mas, com isso, a obesidade está crescendo assustadoramente e a incidência de diabetes também. Essa taxação talvez seja uma forma de tentar limitar o consumo”, observa a médica.
A nutricionista e colunista de A Tribuna, Gabriela Rebello, frisa que os alimentos açucarados estão incluídos, principalmente, nos ultraprocessados, que são os que possuem a lista de ingredientes com mais de cinco itens, além das bebidas, dos salgadinhos e das bolachas.
Veto a comerciais com alimento ultraprocessado
Além da reivindicação por maior tributação nas bebidas açucaradas, as organizações pedem ainda, em outro documento, para que as crianças não sejam expostas a comerciais com alimentos ultraprocessados, como refrigerantes e biscoitos.
O documento é assinado pela Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabologia (SBEM), Associação Brasileira para o Estudo da Obesidade e da Síndrome Metabólica (Abeso), Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP), entre outros.
As organizações apontam que, no Brasil, em 2019, uma em cada três crianças, com idade entre 5 e 9 anos, estava acima do peso, sendo 9% com obesidade e 5% com obesidade grave.
Segundo as entidades, a não-exposição à publicidade de alimentos diminuiria a média de IMC (Índice de Massa Corporal) e a prevalência de obesidade.
O endocrinologista Albermar Roberts Harrigan revela que, antigamente, pessoas com diabetes eram crianças, com o tipo 1, ou adultos, acima dos 40 anos, com tipo 2. “Hoje não. Temos adolescentes com diabetes tipo 2, sendo que ela é causada pela obesidade. São crianças pouco ativas e que comem mal”.
Tributação de Bebidas Açucaradas
A Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabologia (SBEM), com outras associações e sociedades médicas, reivindica um aumento na tributação de bebidas açucaradas, como sucos industrializados e refrigerantes.
O objetivo é reduzir o consumo desses produtos e, assim, conter o aumento de doenças, como obesidade infantil, diabetes e hipertensão.
Estima-se que adotar um imposto entre 20% e 50% sobre bebidas adoçadas reduziria o consumo desses produtos entre 19% e 49%; aumentaria a arrecadação de tributos pelo governo entre R$ 4,7 bilhões e R$ 7 bilhões por ano, com impacto positivo sobre o Produto Interno Bruto entre R$ 2,4 bilhões e R$ 3,8 bilhões; e geração de 69 mil a 200 mil empregos, a depender da alíquota e da alocação destes recursos para saúde.
Adultos
- De acordo com a última Pesquisa Nacional da Saúde (PNS) de 2019, mais de 60% da população adulta (96 milhões) está com excesso de peso e 25% com obesidade (40 milhões). O excesso de peso predispõe o desenvolvimento de dezenas de doenças, que incluem diabetes melito tipo 2, hipertensão arterial sistêmica e até alguns tipos de câncer.
Açúcar
- Segundo as entidades, o consumo excessivo de açúcar é uma das principais causas de aumento de peso e, consequentemente, obesidade e doenças associadas.
Crianças
- Entre as crianças brasileiras com obesidade, cerca de 10% dos casos são atribuídos ao consumo de bebidas açucaradas, o que representa quase 205 mil crianças.
SUS
- O alto consumo de bebidas açucaradas sobrecarrega o Sistema Único de Saúde (SUS). Os recursos arrecadados com a tributação podem financiar programas de saúde pública e de alimentação saudável.
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