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Saúde

Saúde mental da mulher médica: “Precisamos cuidar de quem cuida”, diz psiquiatra

Em evento voltado para profissionais da área de saúde, elas revelaram dificuldades que enfrentam na vida pessoal e profissional


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Imagem ilustrativa da imagem Saúde mental da mulher médica: “Precisamos cuidar de quem cuida”, diz psiquiatra
Mulheres no evento “Saúde Mental da Mulher Médica” |  Foto: Fábio Nunes/AT

Equilibrar vida pessoal e trabalho, exercer a maternidade satisfatoriamente, ser respeitada pelos colegas e conviver com a violência em todas as suas formas. Todos esses são desafios na rotina da médica moderna e todos têm reflexo na saúde mental dessas profissionais, destacam especialistas.

“Mas ninguém fala sobre esses assuntos”, relatou em entrevista para A Tribuna, Letícia Mameri, médica psiquiatra e vice-presidente da Associação Médica do Espírito Santo (Ames).

Uma das formas que a Ames encontrou para fazer isso foi através do evento “Saúde Mental da Mulher Médica”, realizado no sábado (22) no auditório da Ames, em Bento Ferreira, Vitória. A psiquiatra, que atua também como médica do trabalho, foi uma das palestrantes.

Tanto com os colegas médicos quanto no local de trabalho, a psiquiatra contou que a violência é um dos principais desafios.

Durante a palestra, apresentou dados de uma pesquisa de 2023 no Brasil, respondida on-line por 1.433 profissionais. Ela apontou que sete em cada 10 profissionais disseram já ter passado por situações de preconceito de gênero no ambiente de trabalho. Outro desafio, o reconhecimento, também foi questionado: 50% das médicas disseram nunca ter sido indicadas a cargos de chefia.

O agravante, conta a psiquiatra, é que não há dados suficientes no Brasil sobre o assunto.

“No resto do mundo, pesquisas mostram que uma a cada três mulheres já foi assediada”.

Outro desafio das médicas é a dupla jornada, ressalta Merinha Braga, professora de Educação Física, especialista em ioga, meditação e pilates, que foi a segunda palestrante do evento.

“As médicas estão embaixo de muita pressão. Elas têm agenda lotada, trabalham em vários lugares. Somado a isso, têm as demandas da casa e da família”.

Ela explica que os desafios vão comprometendo a saúde física, mental e espiritual da mulher.

“Estamos acelerados, querendo produzir. Mas o corpo não suporta viver essa pressão. Geralmente, a respiração é uma das primeiras a ser afetada”.

Criar o hábito de parar uma vez por dia, fechar os olhos e respirar profundamente cinco vezes, pode fazer toda a diferença, ressaltou durante a palestra.

Entre os benefícios, disse ela, estão a produção de endorfinas, trazendo sensação de bem-estar, e a diminuição do hormônio do estresse.

“Precisamos cuidar de quem cuida” - Letícia Mameri, psiquiatra

Imagem ilustrativa da imagem Saúde mental da mulher médica: “Precisamos cuidar de quem cuida”, diz psiquiatra
A psiquiatra Letícia Mameri diz que, segundo pesquisa, 50% das médicas nunca foram indicadas para cargos de chefia |  Foto: Fábio Nunes/AT

- A Tribuna- Como é a saúde mental da médica?

Letícia Mameri - Muito pior que a do médico. As taxas das mulheres médicas são bem piores do que as dos homens. Por exemplo, tem mais fadiga, depressão, ansiedade, suicídio, síndrome de burnout (também conhecida como síndrome de esgotamento profissional).

- É preciso cuidar da saúde mental das médicas?

Com certeza. Precisamos cuidar da saúde de quem cuida. Além da questão humana, também há a financeira. Estudos mostram que, em determinadas situações, a mulher consegue recuperações melhores dos pacientes. Uma médica adoecida tem um impacto em toda a cadeia da saúde.

- Quais conselhos você pode compartilhar para ajudar?

A primeira coisa é se conhecer e entender seus limites. As mulheres demoram mais a ter reconhecimento profissional do que os homens por causa do preconceito de gênero. Devido a isso, aceitam todas as coisas que aparecem: cargos, pacientes, palestras.- 

- Isso é sustentável?

Durante um período é possível acumular, mas chega um momento que não dá mais. Meu conselho é confiar no seu potencial acadêmico técnico e entender que a medicina não tem tempo de validade. Em cada momento da sua vida, você pode ter uma prioridade diferente.

- Por que você se interessou em abordar esse assunto?

Um dos motivos é que sou filha de uma família de médicos. Minha mãe foi a primeira médica da família e vi o que enfrentou. Ela fez o melhor que podia na época, mas me recordo das coisas que queria que tivesse feito comigo. Então, sempre pensei 'vou fazer medicina, ter meus filhos e fazer diferente'.

- E você fez diferente?

Eu as carregava para o trabalho quando eram menores. Entre um paciente e outro, ensinava o dever de casa. Consegui estar presente. E hoje tenho uma sala no consultório para minhas duas meninas (uma de 9 e outra de 10) com escrivaninha, colchonete e televisão. Os pacientes se acostumam.

- Você falou sobre a violência como desafio. Já vivenciou isso?

É muito mais frequente do que a gente imagina. Hoje não tenho mais problemas em questão de violência diária. Mas quando exercia em ambiente hospitalar, já sofri por parte de paciente e a gente lida direto com assédio por parte dos colegas.

RELATOS DO DIA A DIA

“É preciso priorizar”

Imagem ilustrativa da imagem Saúde mental da mulher médica: “Precisamos cuidar de quem cuida”, diz psiquiatra
|  Foto: Fábio Nunes/AT

“O médico já tem uma carga horária muito alta, são várias demandas fora do expediente, vidas correndo risco”, destaca a geriatra Daniela Barbieri. Ela relata como consequência a alta carga mental, principalmente para as mulheres. “De mãe a médica, funções domésticas, estamos sempre divididas”.

Com 25 anos de profissão, conta que é preciso priorizar, como abrir espaço na agenda para “exercícios físicos, descanso, ler, entre outras atividades para si”, diz.

“Somos invadidas”

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|  Foto: Fábio Nunes/AT

Na opinião da psiquiatra Licia Colodeti, a função do médico, que é cuidar de outras pessoas, gera a obrigação de cuidar de si mesmo, por isso, eventos como esse são importantes.

“É sempre um desafio juntar a vida pessoal com a profissional. Somos muito invadidas. Muitas vezes, a mulher aceita porque o papel é esse. Precisamos ficar muito atentas para que isso não nos desequilibre e adoeça mentalmente”.

Seu conselho é que, periodicamente, as médicas se autorizem a questionar. “Isso é para mim? Eu quero? Não quero? Esse é o meu tempo?”, reflete.

“Há muita exigência”

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|  Foto: Fábio Nunes/AT

A oncologista clínica Kitia Perciano tem três filhos e já teve que sacrificar momentos em família por causa do trabalho.

“Há muita exigência, você acaba abrindo mão da família. Após um mês amamentando tive que voltar a trabalhar. Já deixei meus filhos com febre porque tinha 20, 30 pacientes para atender”, relata, destacando que essa sobrecarga vivida pelas mulheres é um dos maiores desafios da atualidade.

“Isso está mudando. Os jovens maridos estão assumindo mais responsabilidades dentro de casa. Porém, ainda tenho a sensação de que a responsabilidade final com os filhos ainda é da mulher”, diz.

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