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Saúde

Saiba quando o ronco é sinal de uma doença grave

Problema pode estar relacionado a doenças mais graves e levar à hipertensão, arritmia cardíaca e até mesmo morte súbita


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Imagem ilustrativa da imagem Saiba quando o ronco é sinal de uma doença grave
A médica Roberta Couto destacou que, na maioria das vezes, o ronco vem associado à apneia do sono |  Foto: Leone Iglesias/AT

Você ronca ou conhece alguém que ronque? Se você acha que roncar é normal, cuidado! Especialistas alertam que o ronco é um problema e pode estar relacionado a doenças mais graves, como a apneia obstrutiva do sono que pode levar à hipertensão, arritmia cardíaca e até mesmo morte súbita. 

Médicos explicam que o ronco é o ruído sonoro do ar tentando passar por uma via aérea obstruída.

Psiquiatra e médica do sono, Laís Fardim Novaes explica que algumas causas podem levar à obstrução como flacidez na parede da via aérea, desvio de septo, doença do refluxo, inflamação de vias aéreas e rinite alérgica.

“Tudo isso pode colaborar para ter o barulho do ronco. Por isso, ele precisa ser investigado. Há casos em que o ronco é sinal da apneia obstrutiva do sono. Para ser diagnosticada a apneia obstrutiva é preciso ter pelo menos cinco eventos obstrutivos por hora de sono”.

Pneumologista e especialista em Medicina do Sono, Roberta Couto destacou que, na maioria das vezes, o ronco vem associado à apneia. 

“Quando o ronco é só um barulho, ele incomoda apenas quem está do nosso lado. O problema é que o ronco mostra que nossa via aérea está estreita e pode chegar ao ponto de fechar e impedir a passagem do ar pela garganta”.

“E se o ar não passa pela garganta, não chega ao pulmão e, consequentemente, o pulmão não consegue mandar  oxigênio para o sangue. O coração vai bombear mais sangue para tentar ofertar mais oxigênio para células,  aumentando  o risco de doenças cardiovasculares por conta dessa parada da respiração, chamada apneia”.

Para o diagnóstico da apneia, a pneumologista e presidente da Associação Brasileira de Sono - Regional Espírito Santo, Jessica Polese, ressalta que é preciso realizar o exame de polissonografia.

“Obesidade, ser do sexo masculino, dentes tortos, hipertireoidismo e envelhecimento  são alguns dos fatores que podem levar à apneia. Uma vez feito o diagnóstico, temos de ver quais são os fatores relacionados para a escolha do tratamento. Por isso, a terapia é individualizada. No caso de pacientes obesos, por exemplo, perdendo peso, a chance de curar a apneia é grande”.

Nem sempre a cirurgia é indicada, dizem médicos

O  jornalista esportivo Rodrigo Capelo, do Grupo Globo, contou recentemente nas redes sociais que tem insônia e, por causa da apneia obstrutiva do sono, precisou passar por uma cirurgia ortognática (técnica utilizada para corrigir alterações de crescimento dos maxilares).

Mas especialistas destacam que nem sempre a cirurgia é a melhor indicação.

De acordo com a pneumologista e presidente da Associação Brasileira de Sono - Regional Espírito Santo, Jessica Polese, a cirurgia ortognática  é feita por um cirurgião-dentista para os casos em que a apneia é causada por alterações nos maxilares, mas nem sempre é indicada. 

Pneumologista e especialista em medicina do sono, Roberta Couto pontuou que cirurgias nasais não são o melhor tratamento para apneia. 

“Na maioria dos casos, o melhor tratamento é tentarmos abrir essa via aérea. Em apneias mais graves, usamos o aparelho CPAP e, nas mais leves, aparelhos feitos por dentistas para trazer a mandíbula para frente (intraoral) para aumentar a passagem do ar. Há também exercícios de fonoaudiologia para fortalecer essa musculatura”.

A psiquiatra e médica do sono Laís Fardim Novaes explicou que esses aparelhos são usados durante o sono. “Em todos os casos de apneia, até para quem precisa perder peso,  é necessário o uso de aparelhos. O tipo de aparelho vai ser decidido pelo especialista”.

Saiba mais

Ronco

> É o ruído sonoro do ar tentando passar por uma via aérea obstruída.

> O ronco mostra que a via aérea está estreita.

Causas

> As pessoas mais suscetíveis são as que apresentam sobrepeso, dificuldades respiratórias (rinite, sinusite, desvio de septo nasal, adenoides e amídalas grandes, entre outras), refluxo gastroesofágico, tabagismo e problemas na arcada dentária.

> Além disso, consumir bebidas alcoólicas pode provocar o ronco até em quem não ronca normalmente.

> Há casos em que o ronco é sinal da apneia obstrutiva do sono. Para ser diagnosticada a apneia obstrutiva é preciso ter pelo menos cinco eventos obstrutivos por hora de sono.

Apneia obstrutiva do sono

> Consiste em suspensão da respiração por alguns segundos durante o sono. Essas paradas causam uma diminuição de oxigênio no sangue podendo agravar problemas como hipertensão, arritmia, infarto e insuficiência cardíaca congestiva. Homens obesos de meia-idade normalmente são os mais afetados.

> Os sintomas da apneia  são ronco, sono agitado, falta de disposição e sonolência durante o dia, além de dor de cabeça e problemas de memória, atenção e concentração.

Diagnóstico

> É realizado por meio da polissonografia, onde o paciente é monitorado por eletrodos durante o sono, medindo a atividade cerebral e outros dados, como a quantidade de oxigênio inalada.

Tratamento

> As modificações de fatores de risco, como evitar o consumo de álcool e perder peso, devem ser adotadas.

> O uso de aparelhos intraorais para aumentar a passagem de ar pela garganta e o tratamento de fonoaudiologia para fortalecimento da musculatura que mantém a garganta aberta também podem ser utilizados para tratamento da apneia leve.

> Para apneia moderada a acentuada, o uso de gerador de pressão positiva contínua na via aérea (CPAP - promove um bombeamento de ar que impede o fechamento da garganta) durante o período do sono é o tratamento de escolha.

> As cirurgias para o tratamento da apneia do sono são procedimentos de exceção, apenas indicadas em casos selecionados.

Fonte: Médicos consultados, Ministério da Saúde e Sociedade Brasileira de Pneumologia e Tisiologia.

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