Pais têm de controlar uso de fone de ouvido pelos filhos, alertam pediatras
Alerta foi feito pela Sociedade Brasileira de Pediatria. Mau uso dos aparelhos pode levar à perda gradual ou definitiva da audição
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Pais de crianças e adolescentes que têm costume de utilizar fones de ouvido precisam ficar atentos. É o que defende um artigo publicado pela Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP).
De acordo com a instituição, o mau uso dos fones pode levar à perda gradual ou definitiva da audição. O motivo é que, devido a duração da utilização dos fones, o canal auditivo pode ser prejudicado.
Segundo a especialista do grupo de trabalho de saúde na era digital da SBP, Evelyn Eisenstein, o problema não é somente a intensidade do som, mas também o tempo que a criança utiliza os fones.
“Uma coisa é usar por 30 minutos, outra é passar horas com os fones de ouvido no volume alto. Isso prejudica muito a audição e o desenvolvimento”, afirmou.
A altura indicada para crianças e adolescentes ao usar fones é de até 70 decibéis (unidade utilizada para medir o som). De acordo com Evelyn, como é difícil realizar essa medição, o bom senso precisa ser adotado.
“Caso os pais notem qualquer sensibilidade no ouvido de seus filhos, é preciso desconectar os fones imediatamente”, recomendou.
A pediatra Rafaela Altoé explica que as crianças são mais propensas a desenvolver dificuldade na audição. Isso acontece porque elas ainda estão em fase de desenvolvimento.
Segundo Rafaela, é necessário que os pais controlem o uso dos fones e se atentem aos sinais demonstrados pelos filhos.
“Quando as crianças apresentam alguma dificuldade na escuta, começam a ficar estressadas. É possível perceber que ela não ouve o que os pais dizem na primeira vez, só depois que eles repetem”, explicou.
Ainda de acordo com Rafaela, os fones mais seguros, desde que utilizados com moderação, são os que possuem almofadas de proteção, que servem contra ruídos externos.
Já o otorrinolaringologista Bruno Caliman diz que um dos principais sinais de problema auditivo é a falta de atenção.
“É comum que a criança fique dispersa e que o aproveitamento escolar caia. É indicado procurar o otorrino quando há qualquer suspeita de perda auditiva”, destacou o especialista.
Bruno ainda defende que o ideal é que as crianças sejam poupadas de qualquer exposição excessiva a ruídos.
SAIBA MAIS
Números
- Quase 10 milhões de brasileiros sofrem algum tipo de problema de audição.
- As dificuldades auditivas têm sido diagnosticadas cada vez mais cedo.
- Até 2050, é possível que o planeta tenha cerca de 900 milhões de pessoas convivendo com perda auditiva.
Dicas de uso de fones
- Utilizar em volume adequado.
- Realizar pausas durante o uso.
- Evitar utilizar fones em ambientes muito barulhentos. Nesses locais, as pessoas costumam aumentar o volume de seus aparelhos.
- É indicado que o volume dos fones esteja em um nível no qual uma pessoa que esteja ao lado não consiga escutar o conteúdo.
- Se a pessoa que estiver utilizando os fones de ouvido costuma levantar a voz para ser escutada, quer dizer que os ouvidos já estão sobrecarregados.
Segurança
- A recomendação é que as pessoas deem preferência aos modelos de cancelamento de ruídos. Essa função reduz a quantidade de som externo que entra no canal auditivo do usuário.
- Esses modelos, geralmente, contém espumas de proteção de orelhas.
- Os fones auriculares, que costumam ser utilizados conectados aos smartphones, não possuem barreira contra ruídos externos. Eles são utilizados próximo ao canal auditivo e, por isso, precisam de mais cuidado.
- Alguns smartphones possuem uma ferramenta que avisa quando o som está alto demais.
- Uma boa estratégia é utilizar os fones de ouvido em, no máximo, 50% da capacidade do equipamento eletrônico.
- As crianças não costumam prestar atenção ao volume de seus fones de ouvido enquanto o utilizam em jogos. É preciso que os pais se atentem a isso.
- A partir do momento em que qualquer desconforto seja notado, a recomendação é que o aparelho eletrônico seja imediatamente desligado e que a criança dê um tempo para que os ouvidos possam descansar.
Fontes: IBGE, OMS, SBP e especialistas.
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