"Fui taxado como burro", diz servidor público diagnosticado com TDAH
Crianças e adolescentes diagnosticados enfrentam dificuldades em prestar atenção e controlar impulsos e lidam com preconceitos
Escute essa reportagem

Os desafios de quem é diagnosticado com Transtorno de Déficit de Atenção e Hiperatividade (TDAH) são muitos. Crianças e adolescentes que convivem com esse transtorno podem ter dificuldades significativas em prestar atenção, controlar impulsos e manter o foco.
Além disso, é preciso lidar com preconceitos e com a incompreensão de quem não tem informações sobre o TDAH. Por conta dos sintomas, muitas vezes os diagnosticados passam por situações complicadas.
Ainda na infância, aos 7 anos, o servidor público Gabriel Santa Clara recebeu o diagnóstico de TDAH. Muita dificuldade em prestar atenção nas aulas era um dos sinais que ele apresentava. “As aulas eram entediantes. Eu não conseguia interagir e conviver com os demais colegas. Fui tachado como burro e desleixado. Porém, sempre gostei de coisas novas”.
Ele conta que a medicação ajudou a controlar o TDAH. “Ajudou principalmente o nível de hiperatividade e concentração. Mas alguns efeitos colaterais surgiram, como oscilação de humor e sonolência”.
Acompanhamento

Já Ana Luiza Morais Fernandes, de 11 anos, desde o nascimento fazia acompanhamento médico na rede pública por ter nascido prematura. Sua mãe, a telefonista atendente Vilma Morais, 43, percebeu, na idade escolar, que a filha era dispersa e procurou ajuda particular, onde, após testes, Ana foi diagnosticada com TDAH.
“Ela era extremamente dispersa, perdia a atenção e o foco com muita facilidade, desde a realização de tarefas simples às mais complexas. E para piorar, os primeiros anos letivos foram na pandemia, o que a prejudicou ainda mais”.
Hoje, a estudante faz uso de Ritalina. “A neuropediatra também indicou colocá-la em um esporte, além do remédio, e ela tem feito judô”.
Déficit de Atenção: o que é e quais são os sintomas
TDAH
O Transtorno do Déficit de Atenção com Hiperatividade (TDAH) é um transtorno neurobiológico, de causas genéticas, que aparece na infância e frequentemente acompanha o indivíduo por toda a sua vida. Ele se caracteriza por sintomas como desatenção, inquietude e impulsividade.
Sinais
O TDAH na infância, em geral, se associa a dificuldades na escola e no relacionamento com demais crianças, pais e professores. As crianças são tidas como “avoadas”, “vivendo no mundo da lua” e geralmente “estabanadas” ou “ligadas por um motor”, isto é, não param quietas por muito tempo.
Os meninos tendem a ter mais sintomas de hiperatividade e impulsividade que as meninas, mas todos são desatentos. Crianças e adolescentes com TDAH podem apresentar mais problemas de comportamento, como, por exemplo, dificuldades com regras e limites.
Medicamentos
Hoje, segundo especialistas, são usados dois principais tipos de remédios: estimulantes e não estimulantes. Estimulantes: metilfenidato, sendo a Ritalina o mais conhecido, e lisdexanfetamina (Venvanse). Não estimulantes: atomoxetina.
Metilfenidato
De ação imediata ou prolongada, o medicamento atua alterando a quantidade de certas substâncias no cérebro para controlar impulsos e comportamentos. Serve para melhorar a atenção e a concentração, facilitar a memória e o aprendizado e deixar mais alerta.
Lisdexanfetamina
É utilizado no tratamento do TDAH, ajudando no aumento da concentração, hiperfoco e velocidade de execução.
Atomoxetina
Foi aprovado pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) em 2023, e tem como nome comercial Atentah, da fabricante Apsen Farmacêutica. Ele não é considerado estimulante e tem um mecanismo de ação mais específico, agindo apenas no córtex pré-frontal, reduzindo o risco de dependência.
Fonte: Associação Brasileira do Déficit de Atenção.
MATÉRIAS RELACIONADAS:




Comentários