ES tem 6.424 casos confirmados de febre do mosquito e investiga 3 mortes
O Espírito Santo concentra cerca de 90% dos casos da doença no País, registrando cerca de 87 por dia
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O Espírito Santo já tem 6.424 casos confirmados de febre do Oropouche e investiga três mortes pela doença, conforme boletim divulgado na quinta-feira (16) pela Secretaria de Estado da Saúde (Sesa). Uma morte já foi confirmada no ano passado.
O número chama atenção pelo aumento expressivo dos casos. O boletim do dia 14 de novembro do ano passado aponta que o Estado, na época, tinha 928 casos. Agora, são 5.496 a mais, representando 610 nas últimas nove semanas, cerca de 87 por dia.
O Espírito Santo concentra cerca de 90% dos casos de Oropouche do País, segundo a secretária de Vigilância em Saúde do Ministério da Saúde, Ethel Maciel.
E a expectativa é que os casos de doenças por arboviroses aumentem ainda mais. Apenas nas duas primeiras semanas do ano, já são 14.097 notificações de dengue, sendo 1.810 casos confirmados e três mortes em investigação.
Por conta do cenário crítico das arboviroses no Estado, representantes do Ministério da Saúde vieram ao Espírito Santo para se reunir com a Sesa.
“Não existe um inseticida que seja eficaz para combater o vetor da febre do Oropouche (maruim). Temos tomado mais medidas de conduta e manejo ambiental, que inclui a população realizando a limpeza do quintal que possui o acúmulo de matéria orgânica”, destaca João Paulo Cola, referência técnica das Arboviroses do Núcleo Especial de Vigilância Epidemiológica da Sesa.
João Paulo destaca ainda que a recomendação para quem trabalha em vegetação é que limpe o resto de plantação adequadamente. “E quem está em locais de transmissão e incidência do vetor, que utilizem roupas compridas que possam evitar, além de repelente. Apesar do repelente não ser tão eficaz contra o maruim, ele protege contra as outras arboviroses. E também utilizar telas em janelas”.
Quanto à dengue, a referência técnica da Sesa explica que já existem estratégias que conseguem controlar mais o vetor, como repelentes e armadilhas. “O grande problema do Aedes aegypti é que ele é um vetor mais urbano e gosta de água parada, diferente do maruim, que precisa de matéria orgânica e umidade”.
Como os sintomas das doenças são parecidos, a enfermeira Evelyn Signorelli destaca que analgésicos e antitérmicos ajudam a controlar a febre e as dores, mas os medicamentos não devem ser ingeridos sem orientação médica.
Medicamentos para aliviar
Dor de cabeça e nas articulações
No final do ano passado, a farmacêutica Roberta Peruggia, 47, foi diagnosticada com a febre do Oropouche. Moradora de Alfredo Chaves, cidade que mais registra a doença, com 1.268 casos confirmados, ela conta que teve uma febre alta, que apareceu de repente, e uma dor de cabeça tão forte que parecia “insuportável”. “Junto a isso, vieram dores, especialmente nas articulações, e uma fraqueza que me deixou praticamente de cama”, contou.
Roberta teve de fazer uso de medicamentos para aliviar os sintomas. “Não desejo que ninguém passe pelo que passei. Particularmente, eu que já passei pelo coronavírus, acho que os sintomas da Oropouche foram mais intensos. Ao menos em mim”, explicou.
Opiniões
Fique por dentro
Sintomas parecidos com os da dengue
Febre do Oropouche
A transmissão do Oropouche é feita principalmente pelo inseto conhecido como Culicoides paraensis (maruim). Depois de picar uma pessoa ou animal infectado, o vírus permanece no inseto por alguns dias. Quando o inseto pica uma pessoa saudável, pode transmitir o vírus.
Números
O estado do Espírito Santo tem acumulado um total de 6.424 casos confirmados de febre do Oropouche, uma morte confirmada e três estão em investigação, até a semana 2, do dia 5 deste mês até o último dia 11, sábado.
Sintomas
Os sintomas são parecidos com os da dengue: febre, dor de cabeça intensa, dor muscular, náusea, diarreia e manchas pelo corpo.
Diagnóstico
É importante que o paciente procure a unidade de saúde mais próxima à sua casa para que o exame seja solicitado, principalmente as gestantes.
Tratamento
Não existe tratamento específico, devendo o paciente tratar os sintomas, de acordo com as orientações médicas, e permanecer em repouso.
Inseto vetor
O maruim ou mosquito pólvora, responsável pela transmissão da doença, é muito pequeno e conhecido por boa parte da população, principalmente por causa de sua picada dolorosa que incomoda muito.
Ele se prolifera em região que possui muita umidade, locais sombreados, provocados pelo acúmulo de matéria orgânica, folhas e frutos em decomposição. Esse tipo de ambiente é geralmente encontrado em plantações, principalmente de bananas. Dependendo da situação, o número de insetos é muito grande, o que favorece a transmissão da doença.
Prevenção
Se você mora em áreas rurais, próximo a plantações:
- Coloque telas finas nas janelas e portas, se possível usar mosquiteiros, devido ao pequeno tamanho do maruim.
- Evite ficar exposto nos períodos mais propícios ao voo dos insetos, que são as manhãs e os finais das tardes.
- Use roupas que limitem o acesso deles à pele (calças, blusas de manga comprida).
- O repelente pode ser usado como medida auxiliar às roupas, no entanto, deve ser reposto mais vezes ao dia.
- Também deve-se manter quintais limpos, recolhendo folhas e frutos caídos; estes devem ser enterrados, e manter os abrigos dos animais limpos.
Fonte: Sesa e Ministério da Saúde.
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