Lipedema: entenda “nova” doença que faz parte da lista da OMS
O lipedema, que é o acúmulo anormal de gordura no corpo, terá reconhecimento oficial em 2027, facilitando acesso ao tratamento
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Um acúmulo anormal de gordura que deixa o corpo desproporcional é a principal característica do lipedema, doença que foi descrita pela primeira vez em 1940 e que até hoje é comumente confundida com obesidade ou excesso de gordura comum.
Em 2019, a Organização Mundial da Saúde (OMS) reconheceu o lipedema como uma doença distinta. Em 2022, o quadro foi incluído na Classificação Internacional de Doenças (CID-11), um manual amplamente utilizado como referência global para identificação e registro de condições de saúde.
No Brasil, entretanto, a adoção da CID-11, prevista inicialmente para 2025, foi adiada para 2027 pelo Ministério da Saúde.
“Por mais que eu fizesse dieta e exercícios, nada mudava”, conta a advogada Luciene Oliveira, de 59 anos, que descobriu a doença e precisou entrar na Justiça para conseguir a cobertura do procedimento pelo plano.
“Sou advogada, porém procurei a ajuda de um profissional especializado em saúde, que me ajudou a lutar pela cirurgia. Foi um alívio imenso quando finalmente consegui a liberação. Hoje, minha vida mudou completamente”.
Atualmente, os planos de saúde ainda não são obrigados a cobrir o tratamento de lipedema, pois ele não está totalmente incluído no rol de procedimentos obrigatórios da Agência Nacional de Saúde. “No entanto, com o reconhecimento oficial da doença no CID-11, isso deve facilitar o acesso ao tratamento e à cobertura dos planos no futuro”, diz.
O lipedema é uma doença crônica que atinge mulheres e em cerca de 65% dos casos têm origem genética.
Ela se manifesta como uma deposição de gordura inflamada e mal localizada em áreas como culotes, coxas, pernas e braços. Embora seja crônico e não tenha cura, é possível retardar o aparecimento ou controlar a progressão.
“Existe o tratamento conservador e se necessário, tratamento cirúrgico”, conta José Marcelo Corassa, cirurgião vascular.
Patricia Lyra Frasson, cirurgiã plástica e referência em lipedema, conta que, na maioria das vezes, a história é sempre a mesma.
“Eram meninas que na puberdade ganharam corpão, mas de forma desproporcional. Com um grande aumento de volume na região dos quadris, coxas, pernas ou até dos braços”, relata.
Famosas
“Perna inchada”
A modelo e ex-BBB Yasmin Brunet revelou durante o reality show ter lipedema após reclamar da “perna inchada”.
Nas redes sociais, ela disse que perdeu 14 kg de gordura e 1 kg de massa magra após o procedimento. Na sequência, a influenciadora mostrou que antes do tratamento pesava 70 kg e atualmente pesa 55 kg.
Problema com botas
A repórter Juliane Massaoka descobriu a condição em setembro do ano passado, quando ela e Ana Maria provaram botas de calças jeans no “Mais Você”. Enquanto a apresentadora calçou com tranquilidade, a repórter sofreu para colocar o calçado. Seguidores começaram a falar que ela poderia lipedema. Juliane procurou médicos e recebeu o diagnóstico.
Vídeo sobre o assunto
A empresária e ex-participante do BBB Amanda Djehdian mantém um destaque no perfil do Instagram sobre o tema. No vídeo, que conta com mais de 140 mil visualizações, ela conta que chegou a se lesionar quando sua personal trainer achou que ela não estava “pegando pesado” na musculação, já que seus membros inferiores não “davam resultado”.
Fique por dentro
Lipedema
É uma doença crônica e progressiva que afeta principalmente as mulheres, caracterizada pelo acúmulo anormal de gordura subcutânea, desproporcional ao restante do corpo, em regiões como quadris, coxas, pernas e, em alguns casos, braços.
Ao contrário da obesidade, esse acúmulo de gordura não é relacionado diretamente ao ganho de peso ou estilo de vida e é resistente a dietas e exercícios.
Sintomas
incluem dor espontânea ou ao toque nas áreas afetadas, sensação de peso nas pernas, e desproporcionalidade corporal, como tronco fino e membros inferiores volumosos.
Muitas pacientes relatam surgimento de hematomas com facilidade devido à fragilidade capilar. Além disso, a condição pode causar limitação da mobilidade e problemas posturais, como joelhos desalinhados e pés planos.
Público-alvo
Afeta quase exclusivamente mulheres e geralmente tem início em momentos de grandes mudanças hormonais, como a puberdade, gravidez ou menopausa.
Embora não esteja restrito a mulheres acima do peso, há uma alta prevalência entre pacientes com obesidade. Estima-se que até 50% das pessoas obesas possam ter lipedema, mas a doença também ocorre em mulheres magras, caracterizando-se por desproporcionalidade entre o tronco e os membros inferiores.
Tratamento
É dividido em conservador e cirúrgico.
O tratamento conservador envolve mudanças na alimentação, com dietas anti-inflamatórias personalizadas, reabilitação linfática (como drenagem linfática e terapia compressiva), controle hormonal, e exercícios físicos de baixo impacto, como hidroginástica, pilates e musculação adaptada.
Quando os sintomas não são controlados pelo tratamento conservador, o procedimento cirúrgico pode ser indicado.
Cirurgia
Visa remover a maior quantidade possível de tecido gorduroso doente, utilizando técnicas como a lipoaspiração poupadora de linfa e, em alguns casos, procedimentos de lifting para a retirada de pele.
Além disso, a decisão de tratamento cirúrgico é feita considerando casos graves com dor intensa ou mobilidade comprometida.
Fonte: Especialistas consultados.
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