Dia internacional de luta contra o câncer infantil é lembrado neste sábado
As chances de cura da doença podem chegar a 80% quando diagnosticada de forma precoce e tratada corretamente
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O Dia Internacional da Luta contra o Câncer Infantil, lembrado em 15 de fevereiro, foi instituído em 2002, pela Childhood Cancer International (CCI), e tem como objetivo aumentar a conscientização sobre o câncer infantil, além de apoiar crianças, adolescentes e suas famílias que enfrentam a doença.
De acordo com o Instituto Nacional do Câncer (Inca), o Brasil poderá completar o triênio de 2023 a 2025 com o registro de 7.930 casos por ano de câncer em crianças e adolescentes de 1 a 19 anos de idade, sendo a principal causa de morte entre a população com essa faixa etária.
As chances de cura da doença podem chegar a 80% quando diagnosticado de forma precoce e tratado corretamente.
Segundo a pediatra Ana Caroline Falcão, professora da Afya Faculdade de Ciências Médicas de Jaboatão, em Piedade, os primeiros sinais de que algo na saúde das crianças não vai bem nem sempre são perceptíveis de imediato.
“As pistas de que um câncer está se desenvolvendo podem aparecer em forma de uma febre que não passa, uma dor de cabeça que não melhora com remédios, um incômodo constante nos ossos e nas articulações, entre outras. Por isso a importância de o profissional de saúde estar atento e conhecer os principais tipos de câncer infantil e seus sintomas”, informa.
Os cânceres mais comuns entre as crianças são aqueles que afetam as células do sistema sanguíneo e os tecidos de sustentação.
Os tumores mais recorrentes na infância são as leucemias (que afetam os glóbulos brancos), os do sistema nervoso e os linfomas (sistema linfático). Também são frequentes os neuroblastomas, retinoblastomas, os tumores de Wilms (tipo de tumor renal) e os osteossarcomas (tumor ósseo).
Sobre as causas do câncer infantil, a pediatra explica que a doença afeta células ainda em fase de “crescimento”, fazendo com que se espalhe pelo organismo de forma mais rápida e, muitas vezes, mais agressiva.
Por outro lado, são elas as que costumam responder melhor ao tratamento. “Existem vacinas que previnem algumas doenças que podem ser promotoras de outras doenças, assim como algumas substâncias usadas como inseticidas e a exposição à radiação podem induzir a modificações celulares e serem, portanto, precursores de células modificadas que podem desenvolver algum tipo de câncer”, esclarece a pediatra.
A maioria dos casos de câncer infantil ainda é diagnosticada em tempo hábil de terapia e cura, no entanto, quando são necessários exames mais sofisticados para investigação, a demora pode atrasar o tratamento e piorar a situação.
EXAMES
Os exames necessários para confirmar um diagnóstico de câncer infantil são direcionados à suspeita clínica.
“Por exemplo, na leucemia, faz-se o mielograma e em câncer ósseo, a biópsia. Já nos casos de tumor de Wilms, um exame de imagem associado a alterações laboratoriais”, fala a professora da Afya Jaboatão. Para o tratamento do câncer infantil, os protocolos mais frequentes envolvem a quimioterapia e a cirurgia para retirada do tumor, quando necessário. A depender do tipo e estágio evolutivo, pode-se associar radioterapia e terapias hormonais”, completa.
As leucemias são o tipo de câncer mais comum entre as crianças, responsável por 28% dos diagnósticos. As taxas de sucesso do tratamento variam de 70 a 90%.
Os tumores cerebrais são menos frequentes do que as leucemias, embora sejam mais frequentes do que os linfomas e representam cerca de 26% dos casos.
A estimativa é de que três a cada quatro crianças com tumores cerebrais tenham sucesso no tratamento, mas a perspectiva de cura pode variar muito dependendo do tipo do tumor, localização e fase do diagnóstico.
Já os linfomas são responsáveis por 3% e 5% dos cânceres infantis. As chances de cura podem superar a casa dos 80%, mas depende do tipo de linfoma e do estágio em que foi diagnosticado.
Em algumas doenças que afetam as células do sangue, o tratamento utilizado é o transplante de medula óssea.
Consiste na substituição da medula óssea doente ou deficitária do paciente por células saudáveis doadas, que vão repovoar a medula do receptor.
“Os transplantes de medula vêm sendo realizados no Brasil há cerca de 40 anos, com progressos consideráveis na identificação de doadores e no uso de medicamentos para ajudar o transplantado na delicada fase pós-procedimento”, destaca a pediatra Ana Caroline Falcão, professora da Afya Faculdade de Ciências Médicas de Jaboatão.
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