Brasil é campeão mundial em ansiedade
Com quase 10% da população ansiosa, País ocupa o 1º lugar no ranking mundial de pessoas que convivem com o problema
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Marcado por uma preocupação extrema em situações de rotina ou que ainda estão por vir, o transtorno de ansiedade já afeta mais de 19 milhões de brasileiros.
Com quase 10% da população ansiosa, o Brasil hoje ocupa a primeira colocação no ranking mundial de pessoas que convivem com o problema, segundo dados de 2019 da Organização Mundial da Saúde (OMS).
A psiquiatra da Rede Meridional Carolina Coser Gomes explicou que é possível que o número seja ainda maior, já que existe uma subnotificação de casos. “Muitas pessoas ainda não reconhecem sua ansiedade como um transtorno”.
Ela ainda ressaltou que nem toda ansiedade é patológica. “Temos a ansiedade fisiológica, que é protetiva e que nos prepara para situações que estão por vir. No entanto, a partir do momento em que ela se torna desproporcional, exacerbada, e que causa prejuízos à qualidade de vida da pessoa, é preciso buscar ajuda”.
O médico psiquiatra Vicente Ramatis pontuou, ainda, que há diferentes níveis do transtorno de ansiedade, podendo ser leves ou ainda generalizados ou graves.
“A ansiedade generalizada é uma das causas comuns de busca por pronto-socorro. Nesse caso, a pessoa em crise tem a sensação que está infartando, morrendo, com taquicardia, dor no peito”.
Segundo Ramatis, entre os fatores que favorecem o transtorno de ansiedade está o genético, além do educacional e cultural. “O ambiente em que vivemos também influencia. Um exemplo é o comportamento dos pais na criação de uma criança”.
Ele acrescentou, ainda, que a estatística da OMS considera o consumo de medicamentos tranquilizantes. “No Brasil, há uma cultura forte de uso desses medicamentos, mesmo por pessoas sem os transtornos, e eles causam dependência”.
A psicóloga Mariana Monteiro Maciel salientou que o Brasil não é só o País mais ansioso, como também o 2º no ranking de depressão.
Para ela, a pandemia é um fator que veio ainda agravar o cenário. Entre os sintomas mais comuns ela citou o coração acelerado, sensação de falta de ar, além de insônia, diarreia, enjoo, entre outros.
Atividades físicas para viver melhor

Convivendo com a ansiedade há anos, a dona de casa Neia Moreira, de 44 anos, encontrou nas atividades físicas uma forma de viver melhor e combater as crises.
Ela contou que a ansiedade entrou em sua vida após um problema de saúde na família, que fez com que ela chegasse a deixar de sair de casa e de se cuidar. “Há 10 anos, comecei a caminhar e, depois, correr. Isso ajudou muito”.
Em novembro de 2021, uma nova crise de ansiedade a levou a buscar atendimento médico. “Fiz tratamento com medicamento e com uma psicóloga, que me ajudou nesse processo de viver com mais tranquilidade. Hoje, deixei até os remédios por conta da atividade física, como o crossfit. Os exercícios que me salvaram”.
Especialistas apontam “antídotos”
Mesmo sem uma fórmula mágica que sirva para todas as pessoas, especialistas apontam que existem formas de amenizar os impactos da ansiedade.
A psiquiatra da Rede Meridional Carolina Coser Gomes apontou que o autoconhecimento, autocuidado e atividades que proporcionem sensações de relaxamento e satisfação são boas formas de evitar o transtorno. “Seja com uma ioga, uma atividade física, música, dança, é preciso ter esses momentos. Além disso, bom sono e controle da alimentação, do estresse e do uso de álcool, tabaco e drogas são fundamentais.
A psicóloga Mariana Monteiro Maciel enfatizou que é importante que as pessoas foquem no presente e que façam o que estiver ao seu alcance. “Exercícios de respiração, de meditação, técnicas de relaxamento, além de momentos de lazer são muito bons”.
Ela ainda apontou que, para quem convive com a ansiedade, ter uma rotina estruturada e organizada auxilia.
Teste seu nível ansiedade
1) Com qual frequência você fica angustiado (a) pelas preocupações a ponto de não conseguir pensar em outra coisa?
(a) Todos os dias.
(b) Umas três vezes na semana.
(c) Raramente, talvez 1 vez na semana.
2) Quando se sente preocupado (a), com que frequência isso atrapalha a sua vida?
(a) Todos os dias, não consigo mais dormir direito e estou sempre preocupado (a).
(b) Algumas vezes na semana fico bastante preocupado (a), mas consigo me concentrar em outra coisa e não pensar tanto.
(c) Tenho preocupações sim, mas tento viver um dia de cada vez e não me concentrar tanto nisso.
3) Com que frequência você pensa que a pior coisa possível vai acontecer?
(a) Sempre, é horrível! Só penso que o pior vai acontecer.
(b) Em torno de três vezes na semana, mas procuro respirar e me acalmar.
(c) Raramente, o pensamento ruim até vem, mas não me foco nele.
4) Você sente que não tem controle sobre os próprios pensamentos?
(a) Todos os dias! É horrível essa sensação.
(b) Algumas vezes na semana, mas tento focar minha atenção em outra coisa.
(c) Raramente me sinto assim.
5) Você sente medo do que pode acontecer no futuro?
(a) O tempo inteiro, é horrível demais.
(b) Sinto sim, mas foco minha atenção no presente.
(c) Não penso muito no futuro não.
Respostas
MAIORIA A: Sua ansiedade está muito alta e trazendo prejuízos para sua vida de maneira frequente. Procure fazer pequenas pausas ao longo do dia para relaxar e respirar um pouco. Suas preocupações podem ser reais, mas se estão no nível de te impedir de realizar atividades cotidianas está na hora de procurar ajuda profissional para que você possa ter uma melhor qualidade de vida.
MAIORIA B: Ansiedade nível mediano. Você sente ansiedade, mas consegue conviver com ela a ponto de que não atrapalhe sua vida. E isso é muito bom! Apenas fique de olho para que não aumente seus níveis ansiosos e, caso aconteça, é recomendada a procura de ajuda profissional.
MAIORIA C: A ansiedade não é um problema para você. Você sente ansiedade como todos os seres humanos sentem, mas consegue focar sua atenção no que está no seu controle agora e não fica se preocupando tanto com o futuro.
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