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Cidades

Professora denuncia vereador de Vitória por ameaça


Uma professora de inglês, de 35 anos, registrou um boletim de ocorrência denunciando o vereador de Vitória Gilvan da Federal (Patriota) por ameaça. Segundo Rafaella Machado dos Santos, a ameaça aconteceu na última sexta-feira (18), nas dependências da Escola Estadual de Ensino Médio Professor Renato Pacheco, em Jardim Camburi.

O caso teve início após a professora passar uma atividade com a temática LGBTQIA+, que desagradou a mãe de uma aluna. O texto do exercício falava sobre o Orgulho LGBTQ, celebrado no mês de junho.

Imagem ilustrativa da imagem Professora denuncia vereador de Vitória por ameaça
Divulgação/Twitter

A mulher, que não será identificada, não concordou com a temática da atividade e gravou um áudio dizendo para os alunos não entregarem o exercício. Na gravação, ela disse também que já havia acionado o vereador.

“Só peço, por favor, que vocês ouçam o áudio que eu vou passar aqui embaixo. Esse áudio foi feito pelo policial federal Gilvan, que é vereador daqui do município de Vitória. Infelizmente, essa matéria sobre LGBT, ela não pode estar dando isso na escola. Isso não faz parte do currículo da escola. Ela não pode dar esse tipo de aula. Eu não concordo. Eu pedi ajuda ao Gilvan, já denunciei ela. Mostra para o pai de vocês, para a mãe de vocês, esse áudio do Gilvan. Ele vai estar amanhã na escola para tomar providência quanto a isso. Para fazer com que essa professora ou saia da escola ou que ela dê aula de inglês para vocês, como ela deveria estar dando. Em hipótese nenhuma, ela pode fazer o que ela está fazendo. A opção sexual dela, ela tem que manter fora do ambiente de trabalho, fora da escola. Lá ela não pode levar bandeira, não pode dar aula de LGBT para vocês, não pode tentar influenciar vocês. Ficar indicando boates para vocês irem”.

Em seguida, a mãe da aluna enviou o áudio em que o próprio vereador se identifica ao final da gravação. O objetivo era que as gravações fossem compartilhadas entre as estudantes e chegassem aos pais e responsáveis.

“Pede para sua filha dizer para as amigas que eu quero fazer contato com os pais delas. Eu vou pedir para os pais não entregarem, ninguém entregar. Quero tentar conversar com os pais para orientar a não permitir que os filhos entreguem esse trabalho porque eu vou tomar a frente dessa luta por vocês. Amanhã eu vou conversar numa boa com a diretora, dizer que se isso não se resolver, vou representar contra a professora no Ministério Público e na segunda-feira eu vou voltar porque eu vou olhar olho no olho dessa professora. Eu vou aguardar ela sair e nós vamos bater boca, nós vamos discutir e vou filmar tudo. Eu quero deixar ela acuada. Ela a partir de agora saber que vai ter alguém para fiscalizar. Pede para sua filha fazer contato com as amiguinhas dela dizendo que o vereador Gilvan quer fazer contato com os pais para não entregarem, se os pais concordarem, claro”.

Os áudios foram compartilhados nas redes sociais por uma estudante de 15 anos, que denunciou a ameaça sofrida pela professora.

“Na sexta a noite, quando minha filha me mostrou o áudio, sentei com ela e comecei a ver a atividade, que ela já tinha feito e entregue. Ela quem fez o texto da postagem, eu só dei uma olhada. Ela abriu uma conta no Twitter, gravou o áudio e postou. Quando me mostrou, já estava com 500 curtidas. Fiquei muito surpresa, muito orgulhosa”, disse a turismóloga de 42 anos, mãe da aluna que denunciou o caso.

A professora contou que, na tarde de sexta-feira, o vereador esteve na escola acompanhado da mãe da aluna. “Tive reunião até 13 horas e, quando saí da sala, o Gilvan estava na recepção da escola, acompanhado da mãe da aluna e mais um homem. Ele me abordou, ficou insistindo para falar comigo e eu pedia para que ele falasse com a pedagoga. Ele ultrapassou o portão da escola, que é a área limite para os pais de alunos, e veio atrás de mim. Quando ele viu que eu estava dando as coisas, mudou o tom. Falou que ia tomar as providências em relação a mim por causa da atividade LGBT, fazendo ameaças”, contou Rafaella.

No dia seguinte, a professora, que trabalha na escola desde 2018, registrou um boletim de ocorrência. “Na sexta a tarde, eu pedi o áudio a uma aluna, mas só fui ouvir no sábado. Fiz um B.O online com a ajuda de uma advogada no sábado a noite”, disse.

Segundo Rafaella, apenas uma mãe ficou insatisfeita com o exercício. “Foi uma mãe só que teve essa reação. Até onde eu sei, a grande maioria não teve problema nenhum com essa atividade, que dou todo ano. Ela foi passada dia 7 com prazo para dia 18. Essas declarações sobre influenciar a orientação sexual dos alunos são mentirosas. Ela falou que eu fico sugerindo boate para os alunos irem e eu nem frequento boate”, afirmou.

“Achei até bom que eles têm esse tipo de atividade. Tem que se inteirar sobre o que acontece no mundo. A turma está bem consciente, gostei muito. Não vão aprender a virar gays assim, eles não vivem numa bolha”, disse a mãe da aluna que fez a denúncia.

Ainda de acordo com a professora, não foi a primeira vez que ela foi denunciada pela mãe da aluna. “Dei uma aula online dia 22 de abril com uma bandeira LGBT e antirracista no fundo, na parede da minha casa. A mãe dessa aluna ligou pra escola reclamando. Depois fez uma reclamação formal, uma denúncia na ouvidoria da Sedu”, disse Rafaella.

Após a repercussão do caso, a professora recebeu apoio de diversas entidades e os alunos marcaram uma manifestação pacífica em uma praça nas proximidades da escola, no final da tarde desta segunda-feira.

SEDU ACIONA O MINISTÉRIO PÚBLICO

Em nota, a Sedu informou que o caso será encaminhado ao Ministério Público. "A Sedu informa que acompanha o caso e que tomará as medidas cabíveis junto ao Ministério Público diante à possível configuração de ameaça contra a professora".

O secretário de Estado da Educação, Vitor de Angelo, postou no Twitter mensagem sobre o caso e afirmou que repudia a atitude do vereador: "Manifestamos nossa solidariedade à professora da rede estadual intimidada no exercício do seu trabalho, e repudiamos qualquer atitude dessa natureza. Acionamos o MP para apurar as ameaças atribuídas ao vereador Gilvan da Federal contra nossa servidora".

O OUTRO LADO

A assessoria do vereador Gilvan da Federal foi procurada e encaminhou nesta tarde uma nota. No texto, diz que "há murmúrios de um movimento de militantes esquerdistas, que buscam se promover sob argumentos deturpados e discursos desequilibrados contra a minha honra".

O parlamentar completa declarando que "indepedentemente de difamações, notas de repúdio e ataques a minha pessoa, continuarei firme na defesa da Lei, da Ordem e dos valores da família e da pátria".

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