Bruno Reis toma posse em Salvador com desafios no transporte e meio ambiente
A posse de Bruno Reis e da vice-prefeita, Ana Paula Matos (PDT), foi realizada na Câmara Municipal de Salvador.
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SALVADOR, BA - O prefeito reeleito de Salvador, Bruno Reis (União Brasil), tomou posse nesta quarta-feira (1º) amparado por uma votação expressiva nas eleições de outubro e com desafios em áreas como transporte, segurança, geração de emprego e ocupação urbana na capital baiana.
A posse de Bruno Reis e da vice-prefeita, Ana Paula Matos (PDT), foi realizada na Câmara Municipal de Salvador. Na mesma solenidade, os 43 novos vereadores da capital baiana também foram empossados.
Neste novo mandato, o prefeito terá uma base ampla no Legislativo, com o apoio de 34 dos 43 vereadores. A maioria permitirá a tramitação célere e aprovação de projetos de interesse do Poder Executivo.
O União Brasil permanece com a maior bancada na Câmara Municipal, com sete vereadores. Na sequência, PSDB e PP aparecem com as maiores bancadas, com cinco cada um.
A oposição terá nove vereadores, sendo seis de legendas de esquerda. O PT, que teve quatro representantes na Câmara na última legislatura, com sua bancada reduzida para apenas uma vereadora: Marta Rodrigues, irmã do governador Jerônimo Rodrigues (PT), foi reeleita.
Bruno Reis foi reeleito no primeiro turno, depois de uma campanha eleitoral sem sobressaltos. Teve 78,67% dos votos válidos, segundo maior percentual dentre as capitais brasileiras.
Nas urnas, enfrentou o investigador da Polícia Civil e sindicalista Kleber Rosa (PSOL), que surpreendeu e chegou em segundo lugar com 10,34%. Em terceiro, com e 10,33%, ficou o vice-governador Geraldo Júnior (MDB), candidato apoiado pelo governador.
O novo mandato consolida a hegemonia em Salvador do grupo político liderado pelo ex-prefeito ACM Neto (União Brasil), que governou a cidade entre 2013 e 2020 e passou o bastão para o seu aliado, na época vice-prefeito. O partido vai para o quarto mandato consecutivo na capital baiana.
A reeleição folgada projeta o prefeito para voos mais altos nas eleições de 2026 ou 2030. Também antecipa as discussões sobre a sucessão em 2028, quando disputam o posto de candidato da base o deputado federal Leo Prates e a vice-prefeita, Ana Paula Matos, ambos do PDT.
Bruno Reis tem 47 anos, é formado em direito e tem mestrado em administração. Começou sua trajetória política sendo eleito deputado estadual em 2010. Foi secretário de Ação Social e de Infraestrutura nas gestões de ACM Neto na prefeitura e foi vice-prefeito de 2017 a 2020.
Na eleição, teve o apoio de 13 partidos, incluindo União Brasil, PDT, PL, Republicanos, PSDB e PP. Mesmo tendo o apoio do PL, o prefeito buscou se distanciar do ex-presidente Jair Bolsonaro, a quem não fez referências em sua campanha eleitoral.
O prefeito assume o novo mandato diante de uma série de desafios de uma Salvador empobrecida, que perdeu 10% de sua população entre os Censos de 2010 e 2022. A capital baiana perdeu mais de 257 mil habitantes ao longo de 12 anos.
Um dos principais gargalos para a gestão é o transporte público, cujo sistema perdeu passageiros e não se recuperou do baque da pandemia da Covid-19. Desde 2020, os consórcios que operam as linhas de ônibus passaram a receber subsídios do poder público municipal. O preço da passagem é R$ 5,20.
Ao longo de seu primeiro mandato, Bruno Reis chegou a classificar o sistema municipal de ônibus como falido e defendeu a implantação de subsídio federal para transporte público nas cidades.
Em setembro de 2022, o prefeito concluiu o inaugurou o BRT, sistema de linhas exclusivas de ônibus com viadutos que custou R$ 795 milhões. Um dos desafios neste segundo mandato será implantar novas linhas e ampliar o número de passageiros do sistema.
A violência é outro desafio. Mesmo sendo responsabilidade do governo estadual, o tema da segurança pública ganhou protagonismo em Salvador, cidade que tem a maior proporção de mortes violentas dentre as capitais brasileiras.
A questão ambiental e do uso do solo também deve estar no centro do debate municipal nos próximos quatro anos.
O tema ganhou destaque após a desafetação, em dezembro de 2023, de 40 terrenos que pertenciam ao município, incluindo áreas verdes. A autorização para venda ou cessão das áreas foi concedida pela Câmara Municipal, sob críticas de entidades da sociedade civil.
Outro foco de críticas é a construção de novos edifícios na orla de Salvador, com possíveis impactos no sombreamento das praias.
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