Produto químico usado em óleo de abóbora que matou casal é o mesmo do caso de cervejaria mineira
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O produto tóxico encontrado em óleo de semente de abóbora que causou a morte de um casal na Serra é o mesmo encontrado nas bebidas da cervejaria mineira Backer.
O dietilenoglicol, um solvente anticogelante, foi encontrado pela perícia na composição do óleo. Este produto químico causou pelo menos 10 mortes e deixou outras 16 pessoas hospitalizadas em janeiro de 2020, após a contaminação das cervejas Belorizontina.
A perícia constatou ainda que o produto estava em quantidade mais de 10 vezes superior ao permitido para consumo.
"Nesse suposto óleo foram encontradas glicerina e dietilenoglicol. A partir daí foi desenvolvida uma técnica para quantificar, por que é permitida ter até 0,10% de dietilenoglicol no produto. Na análise foi identificada a presença de 13% desse produto", informou a perita Oficial Criminal, Daniela de Paula.
O médico legista, Leandro Amorim, responsável pelo laudo do casal, comentou que eles tiveram os mesmos sintomas apresentados pelos pacientes internados pela intoxicação com a cerveja mineira.
"Numa fase inicial tiveram uma cetose metabólica, com sintomas gastrointestinais, náusea, vômito e fraqueza, mas a princípio não procuraram atendimento médico. Depois de 10 dias com sintomas, quando já estavam começando a ter alterações no sistema nervoso central, como paralisia facial e dificuldade de respirar, eles deram entrada na UPA da Serra e foram encaminhados para o Hospital Dório Silva", comentou o médico legista.
A Polícia Civil concluiu o inquérito a respeito da morte do casal e um mandado de busca e apreensão contra a empresa que produz o suposto óleo foi expedido pela Justiça. O proprietário da empresa foi preso em flagrante.
"A busca foi cumprida pela Polícia Civil de São Paulo e a vigilância sanitária. No local se depararam com ambiente completamente improvisado, com o material armazenado inclusive ao lado de um vaso sanitário. O proprietário foi preso em flagrante por três crimes, estelionato, crime contra as relações de consumo e falsificação de produtos terapêutico", relatou o delegado.
O delegado ainda comenta que o acusado confessou ser o responsável pela produção do suposto óleo, mas que não achou que faria mal a alguém.
"Ele confessou que adquiria óleo de semente de abóbora, adicionava anilina, aromatizante, envazava e imprimia rótulos numa impressora improvisada para vender na internet. Ele disse achou que não faria mal para ninguém e que precisava de dinheiro", completou.
Entenda o caso
Rosineide Dorneles Mendes Oliveiras, de 52 anos, morreu em 15 de fevereiro, enquanto Willis Penna de Oliveira, de 51, foi a óbito em 16 de março. Eles consumiram o produto chamado “óleo de semente de abóbora”, que é vendido para todo o Brasil pela internet.
A Polícia Civil passou a investigar o caso quando o filho do casal procurou a delegacia dizendo que o pai a mãe estavam internados e que estavam ingerindo esse suposto óleo de semente de abóbora que eles tinham adquirido.
A partir dessa denúncia, o produto foi enviado para análise, que comprovou a presença de produtos químicos com alta toxicidade.
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