Pastor investigado por dopar adolescentes para estupros no ES
Suposto crime teria ocorrido durante sessões de hipnose. O pastor é morador de Anchieta, e os 4 garotos são de Guarapari
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Quatro adolescentes e jovens, com idade entre 13 e 22 anos, denunciaram um pastor por estupro, após serem dopados em sessões de hipnose e acordarem com suas partes íntimas mexidas.
A Polícia Civil informou que diligências iniciais e medidas legais foram iniciadas e adotadas na Delegacia de Polícia de Anchieta (no litoral Sul do Espírito Santo), e que o caso está sob investigação, mas por envolver menor de idade, segue sob sigilo.
Os meninos são de Guarapari, mas o pastor é morador de Anchieta. As famílias dos meninos contam que o pastor fazia visitas com frequência na casa deles e chegou a fazer cultos desde 2021, no quintal das residências, conquistando a confiança das famílias da redondeza.
Posteriormente, o pastor passava de Kombi pela comunidade para levar os meninos para a igreja. Porém, no templo, sempre comentava sobre precisarem de momentos a sós, e os meninos adormeciam.
Eles não conseguem descrever se cheiravam algo, porque estavam sempre vendados. Quando acordavam, cerca de 30 minutos depois, estavam com as roupas mexidas. O menino de 17 anos disse que já acordou com o órgão genital sujo de fezes.
Um menino de 13 anos chegou a viajar com o pastor para o Rio de Janeiro, onde também teria sido estuprado.
Mãe de uma das vítimas, relatou a indignação: “Quando esse primeiro menino denunciou que meu filho conseguiu falar com o meu pai, eles tentaram me resguardar, mas, assim que eu descobri, fui direto fazer o boletim de ocorrência. Eu nunca imaginei ver meu filho passar por uma situação nojenta dessa, e o pastor não pode sair ileso”.
Depressão
Uma das vítimas está com depressão e também com medo de sair de casa.
“Esses meninos estão traumatizados pelo que aconteceu. Ele levava nossos filhos para trabalhar com ele. E como fazia cultos aqui, confiamos nele. Ele levou menores para o Rio de Janeiro para capinar lote. Mas na verdade ele levava para o porão da casa dele e abusava desses meninos”, disse a mãe.
“Partes íntimas mexidas”
Uma das vítimas que fez a denúncia, um adolescente de 16 anos, contou com detalhes como tudo acontecia. E revela que nunca comentou com ninguém, por vergonha. Somente depois que o adolescente de 13 anos denunciou, é que os outros tiveram coragem.
A Tribuna - Como vocês conheceram o pastor?
Adolescente - Primeiro ele ficou aqui na comunidade se aproximando das famílias. Depois nos levava para a igreja, e comigo, ele me chamou para trabalhar em uma obra. Fiquei três meses trabalhando com ele, de ajudante de pedreiro. E na obra ele fez uma sessão de hipnose comigo.
Como foi a sessão?
Ele colocava uma venda e dali eu apagava. Eu já consegui ver o tempo. Era coisa de 30 minutos. Depois eu abria o olho, e estava com minhas roupas íntimas mexidas.
E porque vocês aceitavam a sessão de hipnose?
Ele dizia que era para sermos melhores. Mas não era só hipnose.
E como se sente hoje?
Me sinto destruído. Eu não quero ver ele mais.
“Isso nunca aconteceu”, afirma acusado do crime
O pastor que está sendo acusado de assediar quatro adolescentes e jovens do interior de Guarapari, tem 49 anos de idade e 24 de casado. Tem filho e disse ter ficado em choque ao descobrir sobre as denúncias a seu respeito.
Ele recebeu a reportagem do jornal A Tribuna em casa e contou com exclusividade sobre sua história de vida e disse esperar que tudo se resolva da melhor forma.
“Meu filho que me contou o que as pessoas estão comentando. E quando ele falou, eu tomei um choque. Falamos com minha esposa. Ela também ficou assustada. Fiquei muito mal. Não consegui trabalhar mais”, afirmou.
O pastor disse ter entrado em contato com o seu superior para pedir afastamento da igreja. Ele também fez ocorrência contra a primeira pessoa que o acusou de assédio e disse que o menino levantou falso testemunho.
“É uma afronta à minha pessoa. Isso não faz parte da minha índole. Trabalho há anos com muitas instituições religiosas. Sou pastor consagrado há três anos, mas há mais de 20 anos participo de projetos sociais ligados à igreja”.
O pastor é capelão familiar também e atua em catástrofes pelo Brasil. Sobre as acusações de ter feito hipnose nos meninos, que dizem ter acordado com as roupas íntimas mexidas, o homem também desmente.
“Eu não sou terapeuta. Fiz um curso livre de Psicanálise. Meu trabalho é orientar pessoas, mas não com esse trabalho de hipnose. Somente um trabalho orientativo”, completa.
O pastor assume que levou os meninos para viagens ao Rio de Janeiro. “Eu tenho um terreno no estado do Rio de Janeiro sim, e de vez em quando um ia comigo sim. Capinava, roçava, trabalhava para mim. Mas jamais houve assédio. Espero que tudo se resolva da melhor maneira”, afirmou.
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