Operação no Estado prende integrantes da máfia colombiana ligados à agiotagem e extorsão
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A Polícia Civil prendeu na manhã desta quinta-feira (10) integrantes de uma quadrilha colombiana que praticava agiotagem, extorsão e ameaça. Segundo as investigações, a organização criminosa tinha como principais alvos pequenos comerciantes.
A Operação Cartagena cumpre mandados de prisão e de busca e apreensão nos municípios de de Vila Velha, Aracruz e Itaipava.
Ao todo, cerca de 50 agentes atuam na operação, com participação do secretário da Segurança Pública, coronel Alexandre Ramalho, e o delegado-geral da Polícia Civil, José Darcy Arruda.
As investigações tiveram início há seis meses. Foram presos um equatoriano apontado pela polícia como gerente da quadrilha, e outros três integrantes.
“Não é fácil identificá-los porque são todos estrangeiros. Hoje nós desencadeamos a operação Cartagena justamente para fazer busca e apreensão, pegar todos os materiais, poder fazer as identificações e tínhamos nosso alvo principal, que era o gerente que a gente conseguiu prender”, disse Arruda.

Segundo a polícia, a organização criminosa fazia empréstimos de pequenas quantias com juros diários. A cobrança era sempre abusiva e violenta.
“Pequenos comerciantes, pessoas que necessitavam de pequenas quantias principalmente nesse momento de pandemia. São colombianos e equatorianos que exerciam uma extorsão severa logo após o empréstimo. Isso se tornava uma bola de neve com juros diários e as pessoas não conseguiam se livrar. Com ameaça à vida, acabavam entregando bens e negociando com valor muito maior do que pegaram. Encontramos muitos documentos de carros e muitas notas promissórias com valores que ultrapassavam o que havia sido emprestado”, comentou o secretário da Segurança Pública, coronel Alexandre Ramalho.
“Em cinco dias, a dívida passou de R$ 1000 para R$ 1.800”, diz vítima
“Eu tenho uma loja em Campo Grande. Há um mês, chegaram lá com um cartão oferecendo facilidade de crédito. Disseram que você pagava por dia, mas se não tivesse o dinheiro, eles diziam que não tinha problema, que eles passavam no outro dia.
Um funcionário meu pegou 600 reais. Eles passavam todo dia, recebiam e assinavam o cartão. Depois, ele pegou mais mil reais. Com a crise, ficou dois a três dias sem pagar. Então, eles chegaram lá, ameaçaram, xingaram ele e queriam levar celulares e produtos da loja.
O funcionário me ligou, eu peguei os mil e disse que pagaria, mas eles não aceitaram porque queriam os juros. Nisso, já estavam com alguns produtos da loja na mão para levar.
A dívida, em cinco dias, já estava em R$ 1.800. Quanto mais dias passam, mais juros você acumula.
Falei que chamaria a polícia e eles aceitaram os mil, mas sempre passavam em frente à loja de moto e ficavam comentando. A gente ficava com medo.
Mais pessoas perto da minha loja caíram também e são ameaçadas constantemente. Eles xingam, arrumam barraco e o que tiver na mão eles pegam. A dívida só vai acumulando.
Tenho até hoje os cartões que eles deixaram lá, onde eles faziam a rubrica quando a pessoa pagava. Eles fazem um cartão e no verso colocam tipo uma empresa de vendas. Atrás fazem a rubrica.
Eles colocam uma mulher para ir lá falar antes. A que foi lá era brasileira. Ela dizia que era fácil pegar e que não precisa de aprovação. Na hora de cobrar, não era a mulher, eram dois numa moto que não sabiam falar nossa língua direito.
Se eu não chego na loja para resolver, acredito que eles teriam levado produtos. Não tem dinheiro, eles levam o que você tem. Se eu não chego, acho que teria acontecido algo pior. É como se fosse uma dívida eterna. Pegam a mercadoria e a dívida só invés de acabar, só aumenta”.
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