Veja o plano de Pernambuco contra arboviroses e epidemias
Planejamento inclui ações de vigilância, organização da rede de saúde e medidas preventivas contra arboviroses
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A Secretaria Estadual de Saúde de Pernambuco (SES-PE) apresentou o Plano de Enfrentamento das Arboviroses 2025/2026, com foco em ações de prevenção, controle e combate às doenças transmitidas por vetores.
A medida foi impulsionada pelo aumento de notificações de dengue em 2024 nas regiões Sul, Sudeste e Centro-Oeste do Brasil, acendendo o alerta nas áreas de vigilância ambiental, epidemiológica e laboratorial do Estado.
Doenças enfrentadas pelo Plano
As arboviroses que exigem maior atenção e enfrentamento em Pernambuco incluem:
Dengue (quatro sorotipos): Aedes aegypti e Aedes albopictus.
Chikungunya: Aedes aegypti e Aedes albopictus.
Zika: Aedes aegypti e Aedes albopictus.
Febre do Oropouche: Culicoides paraensis (conhecido como maruim).
Febre amarela (com foco na prevenção de sua urbanização): Haemagogus e Sabethes (ciclo silvestre); Aedes aegypti (ciclo urbano).
Febre do Nilo Ocidental (ainda sem casos registrados no Estado): Culex spp. (principal vetor no Brasil).
A dengue, presente em Pernambuco desde 1987, já provocou surtos significativos, com destaque para os anos de 1997, 1998, 2002, 2015 e 2016. Nesse último período, a circulação simultânea de chikungunya, zika e os quatro sorotipos da dengue agravou o cenário.
Fatores como condições climáticas, saneamento precário e acúmulo de lixo nas ruas contribuem para a proliferação do mosquito Aedes aegypti, aumentando o risco de epidemias.
De acordo com a secretária de saúde, Zilda do Rego Cavalcanti, o plano é um esforço integrado entre o Estado e a sociedade para minimizar os impactos dessas enfermidades.
“Nós estamos numa série de ações de contingência relacionadas à prevenção e à assistência, estruturando a rede de saúde para atender aquelas pessoas que vierem a adoecer. Ao mesmo tempo, vamos trabalhar junto aos municípios e orientar a população para que possamos realizar uma prevenção adequada, especialmente contra o vetor que transmite a doença, que são os mosquitos. Então, que possamos seguir juntos e fortalecidos, evitando que essa doença chegue e acometa algum de nós ou de nossos familiares.", declarou a secretária.
Plano dinâmicoSegundo Eduardo Bezerra, diretor-geral de Vigilância Ambiental, o plano é essencial para estruturar as ações de resposta.
“O documento organiza a rede e as equipes para a sazonalidade dessas doenças. Ele traz uma análise crítica do cenário epidemiológico, detalha as fases de resposta e orienta setores na execução das ações. Além disso, serve de modelo para regionais de saúde e municípios desenvolverem seus próprios planejamentos. O plano é dinâmico, podendo ser atualizado conforme novas orientações ou fatos”, explicou.
Eixos estratégicos e fases de resposta
O plano é estruturado em eixos estratégicos que contemplam as vigilâncias epidemiológica, entomológica e laboratorial, além de linhas de cuidado (atenção primária, secundária e terciária), educação em saúde e comunicação. As ações serão organizadas em três níveis de resposta:
Nível 1 – Resposta inicial: Ativado ao identificar aumento na incidência de casos prováveis por quatro semanas consecutivas, com positividade laboratorial entre 20% e 40% ou detecção de novos sorotipos.
Nível 2 – Alerta: Acionado quando a incidência ultrapassar o limite máximo do diagrama de controle por quatro semanas, houver necessidade de abertura de leitos ou epidemias simultâneas de dois ou mais agravos, com positividade superior a 40%.
Nível 3 – Emergência: Entrará em vigor diante do agravamento do cenário, como aumento persistente de notificações, mortalidade ≥ 0,06/100 mil habitantes ou letalidade ≥ 1,0/100 mil casos.
Novos desafios: febre do Oropouche e outras arboviroses
Em 2024, Pernambuco registrou casos inéditos da febre do Oropouche, arbovirose endêmica na Região Amazônica. O mosquito Culicoides paraensis (maruim) é o principal vetor em áreas urbanas. A doença trouxe preocupações adicionais, como a transmissão vertical (da mãe para o feto) e perdas gestacionais.
O plano dedica um capítulo específico à vigilância, investigação e monitoramento da febre do Oropouche, que já foi identificada em 31 municípios, incluindo regiões da Zona da Mata, Região Metropolitana e Agreste.
Além disso, a SES-PE mantém atenção à febre amarela, com foco na prevenção de sua urbanização, e à febre do Nilo Ocidental, que, embora ainda sem registros em Pernambuco, já teve casos humanos e epizootias no Brasil.
Cenário atual e perspectivas
Entre março e julho de 2024, Pernambuco registrou aumento nos casos prováveis de arboviroses, mas, após investigações e descartes, os números voltaram a níveis estáveis. O enfrentamento dessas doenças exige ações integradas e contínuas, como controle vetorial, manejo clínico adequado e participação ativa da população.
Com o Plano de Enfrentamento das Arboviroses 2025/2026, o Estado busca fortalecer sua capacidade de resposta e minimizar os impactos das epidemias de arboviroses nos próximos anos.
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