45 casas interdidatas no Córrego da Bica após deslizamento que matou mãe e filha
As famílias precisaram deixar os imóveis e estão abrigadas na casa de parentes e amigos
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A Defesa Civil interditou 45 casas no Córrego da Bica, nao bairro do Passarinho, Zona Norte do Recife, após reavaliar a área atingida por um deslizamento de terra que matou mãe e filha: Maria da Conceição Bras de Melo, de 51 anos, e sua filha Nicole Melo de Souza, de 23. O dia seguinte à tragédia estava ensolarado, mas não trouxe conforto à comunidade.
As famílias precisaram deixar os imóveis e estão abrigadas na casa de parentes e amigos. As vistorias continuam para avaliar os riscos na região. Na última quinta-feira, houve sete mortes causadas pelas chuvas no Recife e Região Metropolitana.
De acordo com a gerente geral de engenharia civil da Defesa Civil, Elaine Hawson, a remoção das famílias é uma medida de prevenção.
“A gente está com a equipe operacional, removendo famílias para casa de parentes. Ofertamos abrigo também, mas as 45 famílias optaram por ficar com parentes ou amigos mais próximos. Estamos fazendo esse trabalho de conscientização, de casa em casa, informando sobre os riscos. A gente solicita que a população atenda às recomendações”, afirmou.
Área não tinha lona plástica
A barreira que deslizou era classificada como grau 3 de risco, em uma escala de 4. Apesar disso, não havia lona plástica na área. Segundo a Defesa Civil, a vegetação existente, incluindo bananeiras, impedia a instalação da proteção.
“A lona plástica protege contra deslizamentos, mas não pode ser colocada em todo talude. Áreas com cobertura vegetal ou com árvores de pequeno e médio porte dificultam a instalação. A bananeira, por exemplo, não é recomendada, porque acumula água nas raízes e pode ser prejudicial”, explicou Elaine Hawson.
Este ano, o órgão já realizou mais de quatro mil vistorias em áreas de risco e colocou mais de 200 mil metros quadrados de lona plástica para prevenir novos deslizamentos.
Incerteza para os moradores
Enquanto as inspeções continuam, os moradores tentam se adaptar à nova realidade. Alexandra Vilanova, auxiliar de cozinha, precisou deixar sua casa, que fica próxima à encosta que deslizou.
“Estou dormindo na casa da minha filha, com medo. Vim hoje só para trazer documento e alimentar meu cachorrinho. Vou voltar para a casa dela de novo. Quando a barreira caiu, pensei que era trovão. Nunca imaginei que tinha sido um deslizamento”, contou.
Outro morador, o repositor de supermercados Taylor das Neves, registrou rachaduras no terreno ao lado da casa onde vive com a família e teme um novo deslizamento que pode atingir uma residência perto da dele por conta de um pé de cajá na beira de uma enorme barreira.
“A qualquer momento pode ter uma tragédia. Ontem, solicitei para virem olhar, eles vieram, mandaram sair, mas não interditaram nada. Disseram para ligar pedindo retirada do pé-de-cajá, mas a gente liga e não tem êxito”, relatou. Segundo ele, a prefeitura orientou que a família vizinha saísse da casa, mas não interditou.
E agora?
As famílias interditadas seguem na casa de parentes, sem previsão de retorno. O futuro depende das avaliações da Defesa Civil, que ainda monitora a região.
Enterro
Nesta tarde, ocorreu o enterro da mãe e filha mortas por causa de um deslizamento no Córrego da Bica, no Cemitério de Casa Amarela. Houve muita comoção de amigos e parentes, especialmente do filho, que é frentista, não estava em casa e sobreviveu. Maria José era enfermeira e a filha, estudante de fisioterapia.
Veja a matéria completa de Rafaela Pimentel no Jornal da Tribuna 1ª Edição, comandado por Artur Tigre.
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