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A apatia

A crescente aquisição de empresas brasileiras por estrangeiros levanta questões sobre a desnacionalização e a falta de reciprocidade no cenário global


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Imagem ilustrativa da imagem A apatia
Pedro Valls Feu Rosa é desembargador do Tribunal de Justiça do Espírito Santo |  Foto: Divulgação

Dia desses, lendo o “Jornal de Notícias”, de Portugal, encontrei uma nota interessante, daquelas que induzem algumas reflexões sobre o momento histórico de um país – Brasil incluído.

Transcrevo o texto: “O comissário europeu para a indústria alertou hoje a União Europeia para o perigo que constituem as aquisições de controlo realizadas por estrangeiros, sobretudo por chineses, considerando que essa prática se insere numa estratégia política”.

“As companhias chinesas, que podem pagar, compram mais e mais empresas europeias, nas quais as principais tecnologias ocupam sectores-chave. Tratam-se de investimentos mas, por detrás disso, também é uma estratégia política, à qual a Europa deve responder politicamente”, declarou Antonio Tajani.

E: “Considerando que a União Europeia deverá proteger os principais sectores estratégicos das aquisições de controlo realizadas por capitais estrangeiros, o comissário europeu propõe, para tal, a criação de uma autoridade para rever os investimentos estrangeiros na Europa, como é o caso do Comitê de Investimentos Estrangeiros, sediado nos Estados Unidos. Para Tajani, essa autoridade destinar-se-ia a apurar com precisão se as compras a realizar por companhias estrangeiras privadas ou públicas são perigosas ou não”.

Fecha a matéria a seguinte oração: “As declarações de Antonio Tajani ocorrem numa altura em que várias empresas chinesas aumentam o lote de aquisições na Europa”.

Tradução: os EUA já se protegeram e a União Europeia acordou para o problema. Enquanto isso, nos últimos anos, inacreditáveis 60% das empresas brasileiras negociadas foram parar nas mãos de estrangeiros. Foi assim que chegamos ao insólito país cujos habitantes compram o leite de suas próprias vacas, a água mineral de suas próprias nascentes e a maioria dos produtos de sua própria terra de empresas estrangeiras nele instaladas.

Da indústria alimentícia à mineração, da comunicação à siderurgia, dos transportes à energia, muito do que o Brasil possuía de melhor foi vendido a grupos estrangeiros. Parece incrível, mas empresas estrangeiras já são responsáveis por 70% de nossas exportações de soja, 15% das de laranja, 13% de frango, 6,5% de açúcar e álcool e 30% das de café! Só isso já sangra o Brasil em mais de US$ 12 bilhões a cada ano apenas a título de remessa de lucros. Imagine o cenário completo!

O pior é que tudo isso acontece sem que haja reciprocidade sequer razoável por parte deste mundo tão globalizado! A quem duvidar, procure pelo planeta afora um país – um único que seja – no qual empresas brasileiras, públicas ou privadas, sejam responsáveis por alguns dos mais estratégicos setores da economia – algo que temos testemunhado em nossa terra há décadas. Se alguém aí souber de tal país, por favor nos avise!

Ao contemplar esse quadro, fico a pensar se não temos confundido globalização com desnacionalização, economia com extrativismo, desenvolvimento tecnológico com importação, autoridade com arbitrariedade ou até mesmo fatalismo com apatia.

PEDRO VALLS FEU ROSA é desembargador do Tribunal de Justiça do Espírito Santo

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