Pacientes sem remédio por não “decifrarem” prescrição médica
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Entender a letra de um médico tem tornado cada vez mais difícil a vida de pacientes em tratamento para várias doenças no Estado. Eles reclamam dos perigos e do atraso para adquirir medicamentos.
Pacientes contam que, em alguns casos, nem mesmo os farmacêuticos conseguem “decifrar” qual é o remédio prescrito e, por isso, se recusam a fazer a venda.
Conselheiro do Conselho Regional de Farmácia do Espírito Santo (CRF-ES), Marcos Fonseca diz que essa é uma orientação feita para toda a categoria, devido aos perigos que a prática traz.
Isso porque, caso algum medicamento seja trocado ou receitado com uma dosagem diferente daquela prescrita, o indivíduo pode ter intoxicação ou até morrer, conforme afirma Fonseca.
“Nós nos baseamos em uma lei federal, de 1973, que regulamenta que não podemos aceitar uma prescrição ilegível, para resguardar a vida do paciente”, explica.
Nos Estados Unidos, uma pesquisa do Instituto de Medicina da Academia Nacional de Ciências já tinha alertado sobre o tema. Em 2011, um levantamento indicou que a caligrafia ilegível contribui, a cada ano, para a morte de 7 mil pessoas.
De acordo com o presidente da Associação de Médicos do Espírito Santo (Ames), Leonardo Lessa, a principal solução para o problema está na digitalização das receitas, embora ainda seja uma realidade distante para algumas unidades de saúde.
“A receita virtual elimina esse risco, além de facilitar tanto a vida dos pacientes quanto a do profissional, sendo possível acessá-la pela internet ou no formato impresso. É um investimento que deveria ser feito em todo o País”, defende.
Se o paciente não conseguir fazer a leitura, Lessa orienta que ele procure o profissional mais uma vez, para pedir esclarecimentos.
“Em caso de dúvidas ou problemas na prescrição do médico, a pessoa deve solicitar uma nova e, até mesmo, pedir explicações, dependendo do tamanho do erro”, sugere.
Mas, diante de um dano à saúde, é possível denunciar o responsável aos órgãos competentes. “Se ficar comprovado, o médico poderá ser responsabilizado judicialmente”, frisou o representante do Espírito Santo no Conselho Federal de Medicina, Carlos Magno Dalapicola.
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