Na China, Lula volta a criticar Trump pela 'taxação que tentou impor ao planeta
Segundo ele, "o protecionismo no comércio pode levar à guerra, como já aconteceu tantas vezes na história da humanidade"
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Em discurso para centenas de representantes de empresas chinesas e brasileiras no início da noite em Pequim, manhã desta segunda-feira (12) em Brasília, o presidente Lula voltou a criticar as tarifas adotadas pelo governo americano, que apresentou como uma prova de que Brasil e China devem se unir.
"Eu não me conformo com a chamada taxação que o presidente dos Estados Unidos tentou impor ao planeta Terra do dia para a noite", disse. "É preciso que a gente tenha consciência que precisamos trabalhar juntos."
Segundo ele, "o protecionismo no comércio pode levar à guerra, como já aconteceu tantas vezes na história da humanidade". Disse que quer o multilaterismo, para poder praticar o livre comércio.
"A gente exporta o que a gente quiser, a gente compra o que a gente quiser, sem precisar ninguém tentar impor qualquer diminuição na soberania de nenhum país."
As declarações surgiram no final do discurso, de improviso, um dos momentos em que foi aplaudido.
"A nossa relação será indestrutível", completou o presidente. "Porque a China precisa do Brasil e o Brasil precisa da China. E nós dois juntos poderemos fazer com que o sul global seja respeitado no mundo, como nunca foi."
O discurso foi uma série de argumentos em favor da relação comercial entre os dois países, começando por apresentar as qualidades do Brasil como foco para investimento, citando a reforma tributária e dados sociais. "O Brasil garante estabilidade fiscal, tributária, política e, mais importante, estabilidade social."
Citou os investimentos chineses que a ApexBrasil, agência que promoveu o seminário, listou como tendo sido fechados na preparação para a nova visita de Estado de Lula à China: R$ 27 bilhões.
O volume soma aportes de empresas como Meituan, Longsys e outros que teriam sido confirmados de domingo para segunda, em reuniões que mobilizaram o presidente e 11 ministros que teriam se deslocado para Pequim, além de políticos como o presidente do Senado, Davi Alcolumbre, e o governador da Bahia, Jerônimo Rodrigues.
Sem explicitar os acordos que serão anunciados nesta terça, após o encontro com o líder chinês, Xi Jinping, falou das "incríveis oportunidades" em infraestrutura, como o corredor bioceânico, através de cinco rotas rodoviárias e ferroviárias.
Também sublinhou o intercâmbio de turistas e o envio de estudantes brasileiros às universidades chinesas, dando a China como modelo educação.
"A China está se comportando como um exemplo", acrescentou, em referência aos investimentos chineses na América Latina e na África, em contraste com a Europa e "outros países", que teriam reduzido a atenção para essas regiões. "Nós tratamos a relação com a China com muito carinho", afirmou, novamente para aplausos chineses -atrasados com a tradução simultânea.
Entre outros setores, disse que o Brasil precisa compartilhar conhecimento com a China na área de defesa. Mais cedo, havia se reunido com o CEO da Norinco, Cheng DeFang, indústria de defesa que fez uma proposta para participar minoritariamente da Avibrás, ex-estatal brasileira em dificuldades financeiras.
O chefe da Casa Civil, Rui Costa, falando logo após a reunião, havia respondido que não haverá restrições para a eventual participação da empresa chinesa na brasileira, citando apenas a necessidade de garantir controle nacional.
Outro empresário com quem Lula se reuniu nesta segunda foi o CEO da montadora chinesa GAC, Wei Haigang, que confirmou investimento de US$ 1,3 bilhão (R$ 7,35 bilhões) para produzir carros elétricos e híbridos em Goiás e um centro de pesquisa e desenvolvimento no Nordeste.
No encontro, Lula chegou a entrar em modelos da empresa, na frente de seu hotel. Wei afirmou que a montadora buscará "fortalecer a indústria automotiva brasileira, tornando-a mais competitiva no cenário global" e, ao mesmo tempo, "contribuir para fortalecer os laços entre Brasil e China".
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