Israel afirma que matou o número 2 do Hezbollah e outros líderes do grupo
Exército de Israel diz que ataques mataram 20 oficiais do Hezbollah
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As Forças de Defesa de Israel (IDF) afirmaram neste domingo, 29, ter matado outros 20 altos oficiais do Hezbollah, de diferentes patentes, quando mataram Hasan Nasrallah em um bombardeio à sede da milícia radical xiita na sexta-feira.
Além de Nasrallah, algumas das lideranças incluem Ali Karaki, líder da frente sul da milícia xiita libanesa. As IDF também afirmam ter matado Ibrahim Hussein Jazini, chefe da unidade de segurança de Nasrallah, e Samir Tawfiq Dib, que as IDF descrevem como "confidente e conselheiro de longa data de Nasrallah".
Segundo os militares israelenses, a sede do Hezbollah estava incorporada sob vários prédios civis.
Os militares israelenses também afirmaram nas redes sociais que teriam "eliminado" quase toda a cadeia de comando do grupo extremista. De acordo com o exército israelense, mais de 20 membros do Hezbollah morreram no bombardeio de sexta-feira contra o quartel-general do grupo extremista libanês em Beirute.
Além de Hasan Nasrallah, Israel também teria matado Ibrahim Muhammad Qahbisi, chefe do Comando de Mísseis e Foguetes, Ibrahim Aqil, chefe de Operações e comandante da Força Radwan, Fuad Shukr, comandante militar de mais alta patente na organização e chefe da unidade estratégica da organização, Ali Karki, comandante do Hezbollah da fronteira sul do Líbano, que faz divisa com Israel, Wissam al-Tawil, comandante da Força Radwan, Abu Hassan Samir, chefe da unidade de Treinamento da Foça Radwan, Muhammad Hussein Srour, comandante do Comando Aerial, Sami Taleb Abdullah, comandante da unidade Nasser e Mohammed Nasser, comandante da unidade Aziz.
Em resposta, o Hezbollah afirmou que continuaria lutando contra Israel, e continuou a disparar foguetes contra o país.
Ataque mata possível nº 2 do Hezbollah
Além disso, o Exército de Israel matou outro dirigente do grupo xiita libanês Hezbollah em um ataque aéreo realizado no sábado no sul de Beirute. Nabil Qaouk foi apontado pelas forças israelenses como comandante da unidade de segurança interna e membro do conselho executivo da organização político-militar, que confirmou a morte, sem oferecer mais detalhes.
O anúncio foi feito um dia após o Hezbollah confirmar a morte de seu líder, Hassan Nasrallah, em um bombardeio israelense contra o quartel-general do grupo na capital do Líbano. À AFP, uma fonte próxima ao grupo xiita confirmou que Qaouk morreu em um ataque e que o libanês era um membro sênior da organização.
As Forças Armadas de Israel afirmaram, em comunicado, que o "terrorista Nabil Qaouk, comandante da unidade de segurança" do Hezbollah, foi "eliminado". Considerado "próximo da cúpula da organização terrorista", continua o texto, "ele estava diretamente implicado na promoção de planos terroristas contra o Estado de Israel e seus cidadãos, inclusive nos últimos dias". O Hezbollah, por sua vez, também em comunicado, confirmou "o martírio do estimado estudioso mujahid Sheikh Nabil Qaouk", em ataque israelense em Chyah, um subúrbio de Beirute.
O ministro das Relações Exteriores do Irã, Abbas Araghchi, afirmou neste domingo, que "o assassinato não ficará sem resposta". O presidente do parlamento iraniano, Mohammad Baqer Qalibaf, afirmou que os grupos armados alinhados ao Irã continuarão a confrontar Israel após as mortes de Nasrallah e Qaouk. "Não hesitaremos em ir a qualquer nível para ajudar a resistência", disse Qalibaf. O parlamentar também afirmou que os EUA são "cúmplices e terão de aceitar as consequências".
Qaouk se juntou ao Hezbollah na década de 1980 e ocupou diversos cargos de responsabilidade, segundo o comunicado do Exército. Ele frequentemente aparecia na mídia local, comentando sobre política e segurança do Líbano, e fez discursos em funerais de militantes graúdos do grupo, informou a Associated Press. Os Estados Unidos anunciaram sanções contra ele em 2020.
Nas últimas semanas, vários comandantes seniores do Hezbollah foram mortos em ataques israelenses, incluindo membros fundadores do grupo que conseguiram escapar da morte ou da prisão por décadas e que eram próximos de Nasrallah.
Centenas de milhares de pessoas foram deslocadas de suas casas no Líbano devido aos últimos ataques. O governo estima que cerca de 250 mil estão em abrigos, com três a quatro vezes mais permanecendo com amigos ou parentes, ou acampando nas ruas, segundo o ministro do Meio Ambiente, Nasser Yassin.
Ataques continuam
A morte de Nasrallah e as ondas de ataques nas últimas semanas em redutos do Hezbollah em todo o Líbano mergulharam o pequeno país mediterrâneo - e a região - no temor por uma possível escalada do conflito. Também neste domingo, Israel afirmou ter atacado "dezenas" de alvos do Hezbollah no território libanês, após ter realizado "centenas" de ofensivas na sexta e no sábado.
A Agência Nacional de Notícias do Líbano relatou uma série de ataques na cidade de Baalbek, no leste, com "fábricas, armazéns" e áreas residenciais entre os alvos. Pelo menos seis pessoas foram mortas em um ataque a uma casa na região nordeste de Hermel, informou a agência, enquanto um grupo de resposta a emergências vinculado ao movimento Amal, aliado do Hezbollah, disse que cinco de seus socorristas foram mortos no sul.
O Hezbollah afirmou que seus combatentes lançaram "uma salva de foguetes Fadi-1? contra uma base israelense nas Colinas de Golã na manhã de domingo. O Exército israelense reportou "aproximadamente oito" lançamentos do Líbano que caíram em áreas não povoadas perto do território anexado por Israel e que é legalmente parte da Síria, segundo a ONU.
O primeiro-ministro israelense, Binyamin Netanyahu, disse no sábado que Israel "ajustou contas" com a morte de Nasrallah, enquanto o porta-voz militar israelense Daniel Hagari afirmou que o mundo agora era "um lugar mais seguro" sem ele. O presidente dos EUA, Joe Biden - cujo governo é o principal fornecedor de armas de Israel - disse que foi uma "medida de justiça para suas muitas vítimas".
Analistas disseram à AFP que a morte de Nasrallah deixa o Hezbollah, já enfraquecido, sob pressão para responder. Para Heiko Wimmen, do International Crisis Group, ou o grupo lançará "uma reação sem precedentes", ou será "uma derrota total". O assassinato também sublinhou a capacidade militar e de inteligência de Israel em sua luta contra seus inimigos.
"Isso demonstra não apenas uma capacidade tecnológica significativa, mas também o quanto Israel penetrou profundamente no Hezbollah", disse James Dorsey, da S. Rajaratnam School of International Studies (RSIS).
O Irã, que apoia o Hezbollah no Líbano, condenou o assassinato de Nasrallah, e o primeiro-vice-presidente do país, Mohammad Reza Aref, disse que a ação levaria à "destruição" de Israel. O enviado do Irã na ONU, Amir Saeid Iravani, pediu ênfase em diplomacia para evitar que Israel "arrastasse a região para uma guerra em larga escala". E o grupo terrorista Hamas, também aliado da organização xiita, disse que a morte de Nasrallah foi "um ato terrorista covarde".
Grupos armados aliados em toda a região, como os Houthis do Iêmen, já envolvidos na guerra em Gaza, prometeram ação contra Israel. Neste domingo, um "alvo aéreo não tripulado" que se aproximava de Israel sobre o Mar Vermelho - onde os Houthis já lançaram ataques antes - foi interceptado pelos israelenses. Não houve reivindicação imediata de responsabilidade.
(Com agências internacionais)
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