'Gaza será totalmente destruída', afirma ministro das Finanças de Israel
Essa não é a primeira vez que Bezalel Smotrich faz declarações polêmicas
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O ministro das Finanças de Israel, Bezalel Smotrich, disse nesta terça (6) que uma vitória israelense na Faixa de Gaza significaria a destruição total do território palestino, governado pelo grupo terrorista Hamas, e o deslocamento de seus habitantes.
"Gaza será totalmente destruída, os civis serão enviados para o sul, para uma zona humanitária sem Hamas ou terrorismo, e de lá começarão a sair em grande número para outros países", disse Smotrich, membro do Partido Sionista Religioso, de direita radical, em conferência sobre assentamentos judaicos na Cisjordânia ocupada.
Essa não é a primeira vez que Smotrich faz declarações polêmicas. Em novembro do ano passado, ele afirmou que Tel Aviv deveria conquistar Gaza e "reduzir pela metade" a população palestina por meio de "emigração voluntária".
"Podemos e devemos conquistar Gaza. Não devemos ter medo desta palavra", disse Smotrich durante um evento promovido pelo Conselho Yesha, que representa colonos israelenses na Cisjordânia.
Um dia antes da última declaração de Smotrich, na segunda (5), o gabinete de segurança de Israel havia aprovado um plano para expandir a guerra em Gaza, incluindo a conquista completa do território e a remoção forçada da população palestina, uma hipótese que, se confirmada, configuraria limpeza étnica.
De acordo com o primeiro-ministro de Israel, Binyamin Netanyahu, a guerra em Gaza "será intensificada", e os soldados israelenses não mais lançarão ataques contra o território e depois recuarão. "A intenção é o exato oposto disso", afirmou em vídeo publicado em suas redes sociais.
No domingo (4), Exército de Israel havia anunciado a mobilização de dezenas de milhares de reservistas para ampliar a ofensiva contra o Hamas.
O plano para expandir operações militares em Gaza foi aprovado por unanimidade pelo gabinete, que inclui Netanyahu e ministros-chave de seu governo, o mais à direita da história do país.
Segundo a imprensa local, autoridades familiarizadas com o assunto disseram que o novo plano será implementado de forma gradual ao longo de vários meses, começando pela atuação concentrada em uma área já devastada de Gaza. Hoje, algumas estimativas apontam que mais de 70% do território está sob controle israelense.
A depender de como for implementada, a ofensiva expande os objetivos declarados de Israel na guerra, prevendo não apenas a destruição do Hamas -uma resolução considerada improvável por analistas militares- mas também a tomada permanente do território.
O Hamas, por sua vez, disse nesta terça que não faz sentido iniciar negociações com Israel para uma trégua em Gaza e apresentou um apelo à comunidade internacional para interromper a "guerra da fome", um dia após o anúncio israelense do "plano de conquista" do território palestino.
A declaração de Basem Naim, membro do comitê político do movimento islamista Hamas, coincide com a deterioração da situação humanitária em Gaza, que está sob um rigoroso bloqueio israelense e onde quase toda a população foi deslocada durante o conflito.
"Não faz sentido iniciar negociações ou considerar novas propostas de cessar-fogo enquanto persistem a guerra da fome e a guerra de extermínio na Faixa de Gaza", declarou Bassem Naim, alto dirigente do Hamas, que governa Gaza desde 2007. "O mundo deve pressionar o governo de Netanyahu para acabar com os crimes de fome, de sede e os massacres", acrescentou Naim, um ex-ministro da Saúde do território palestino.
Netanyahu e o presidente russo, Vladimir Putin, discutiram a situação no Oriente Médio e as relações bilaterais em uma conversa telefônica nesta terça, informou o Kremlin.
Gaza esteve sob controle direto de Israel de 1967 a 2005, quando Tel Aviv se retirou do território por decisão unilateral e desmontou os assentamentos judaicos que existiam ali.
Um retorno da ocupação direta provavelmente enfrentaria resistência da comunidade internacional -ainda que organizações como a ONU nunca tenham reconhecido um fim da ocupação, uma vez que Israel controla todo o acesso à Gaza por terra, mar e ar.
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