Dia da Vitória: Putin reforça apoio a militares envolvidos na guerra na Ucrânia
Escute essa reportagem
O presidente da Rússia, Vladimir Putin, usou seu discurso nesta sexta-feira, 9, na cerimônia pela fim da 2ª Guerra Mundial para enviar um recado direto sobre a guerra na Ucrânia. Putin apelou por apoio aos militares engajados no confronto com o país vizinho e por unidade na batalha.
"A verdade e a justiça estão do nosso lado. Toda a Rússia, nossa sociedade e todas as pessoas apoiam os participantes da operação militar especial. Estamos orgulhosos de sua coragem e espírito, e sua determinação de aço que sempre nos trouxe a vitória", disse Putin, em discurso na Praça Vermelha, diante de milhares de militares e convidados especiais, entre eles chefes de Estado e de governo estrangeiros. "Sempre contaremos com nossa unidade na batalha e em empreendimentos pacíficos, na busca de objetivos estratégicos e na resolução de problemas pelo bem da Rússia e seu grandiosidade e prosperidade."
O Dia da Vitória é o feriado mais importante do país e foi celebrado em Moscou, com a presença de cerca de 30 representantes estrangeiros - um deles o presidente brasileiro, Luiz Inácio Lula da Silva, num gesto político de aproximação ao russo.
O Kremlin se esforçou para garantir a presença de líderes globais na cerimônia do Dia da Vitória, a fim de romper o isolamento imposto pelo Ocidente a Putin, há três anos.
O russo exaltou o nacionalismo, destacou a "grandiosidade" do país e relacionou os aspectos históricos ao confronto em andamento no Leste Europeu.
A Ucrânia e governos europeus protestaram previamente sobre a intenção de Putin de usar o evento histórico para promover propaganda e discurso oficial em favor da guerra atual.
Uma investigação jornalística do Mediazona, site proibido no país, registra cerca de 105 mil baixas russas. Mas especialistas estimam muito mais. O número é incerto e não revelado pelas autoridades do país.
Lula foi um dos únicos líderes de democracias presentes, e sua viagem provocou insatisfação entre ucranianos. Desde o início da guerra, o petista já deu diversas declarações interpretadas como favoráveis aos russos, como a equiparação de responsabilidades entre os dois governos pela guerra - iniciada, no entanto, pela invasão russa em fevereiro de 2022. A visita a Moscou tem potencia de deteriorar relações com Kiev.
"Nossos pais, avós e bisavós salvaram a pátria. E nos legaram a defender a mãe pátria, permanecer unidos e firmemente defender nossos interesses nacionais, nossa história milenar, cultura e valores tradicionais - tudo que é caro para nós, que é sagrado para nós", seguiu Putin. "Lembramos as lições da Segunda Guerra Mundial e nunca concordaremos com a distorção desses eventos ou tentativas de justificar os assassinos e difamar os verdadeiros vencedores."
O presidente russo fez uma série de acenos às Forças Armadas. Abriu o discurso dirigindo-se aos praças e oficiais, desceu da tribuna e foi à pista cumprimentar em revista comandantes de unidades militares russas e estrangeiras convidadas para desfilar na parada.
Putin exibiu poder de fogo na Praça Vermelha. Foram milhares de equipamentos e soldados, entre viaturas blindadas, peças de artilharia, drones aviões de transporte e caças Sukhoi e Mig, tanques de época e mísseis antiaéreos. Parte dos militares desfilou em fardamento antigo e com blindados preservados, mas outros expuseram modernos equipamentos de guerra.
"Nosso dever é defender a honra dos soldados e comandantes do Exército Vermelho, e o heroísmo de combatentes de diferentes etnias que para sempre permanecerão como soldados russos na história mundial", afirmou Putin.
O presidente russo voltou a ventilar argumentos usados para justificar a ofensiva contra a Ucrânia, considerados no Ocidente como artifícios de "propaganda russa". Entre eles, o de que havia uma suposta campanha de raízes nazistas em territórios agora ocupados na região de Luhansk e Donetsk, contra a cultura, o idioma e tradições de origem russa.
"A Rússia foi e continuará sendo um obstáculo indestrutível ao nazismo, à russofobia e ao antissemitismo, e se colocará no caminho da violência perpetrada pelos campeões dessas ideias agressivas e destrutivas", disse Putin.
Ele pediu um minuto de silêncio em homenagem aos mortos nas batalhas da Segunda Guerra Mundial.
"Continuaremos a olhar para nossos veteranos, tomando exemplo de seu amor incondicional pela mãe-pátria e compromisso em defender nossa pátria e os valores do humanismo e da justiça. Daremos a estas tradições e a este grande legado o maior lugar em nossos corações e os passaremos para as futuras gerações."
Comentários