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Esportes

‘Sempre vimos um enorme potencial nele’: como João Fonseca foi descoberto para o tênis


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Imagem ilustrativa da imagem ‘Sempre vimos um enorme potencial nele’: como João Fonseca foi descoberto para o tênis
João Fonseca sempre teve potencial "gigante", como contam seus treinadores, e também sempre jogou "sem medo".

Mais nova estrela do esporte nacional, João Fonseca se destaca pela precocidade no tênis desde a infância. Desde as primeiras rebatidas na bolinha, o carioca chamava a atenção de professores e gestores do Rio de Janeiro Country Club, onde foi descoberto. O talento, contudo, precisava ser lapidado, com “muito profissionalismo”. Não é exagero dizer que Fonseca foi moldado para o sucesso desde seu início nas quadras de saibro do tradicional clube carioca, que já revelou lendas do tênis nacional.

“Sempre vimos um enorme potencial nele. Já víamos a coragem dele, a mesma que o fez ganhar de quatro argentinos na Argentina, no título em Buenos Aires. Ele não tem medo, vai para a bola. É algo dele, ninguém precisou ensinar”, diz Bruno Bonjean, responsável pelo projeto que revelou Fonseca.

“Eu viajava para vários torneios com ele. Foi muito legal ver esse processo de crescimento dele, na adolescência. O João sempre foi o que ele é agora: simpático, muito educado e brincalhão. Era o tipo de adolescente que exigia energia”, lembra Sakamoto, entre risadas.

Na época, Fonseca tinha quase 13 anos e, entre um torneio e outro, ficou marcado pelo estilo ofensivo dentro de quadra. “Ele nunca reclamava do torneio, da bolinha, da quadra. Mas precisava ser lapidado. Ele fazia um jogo que eu chamava de “inconsequente”: ele dava na bola com toda a força a qualquer custo. E amava ganhar. Tinha jogo que podia ganhar fazendo menos, mas sempre tentava algo a mais. Nesta época, era um dos melhores do Brasil, mas perdia muitas partidas, a maioria, porque arriscava demais nas bolas”, conta Sakamoto.

A situação não chegou a virar um problema. “Nossa sacada na época foi deixar ele jogar solto, como queria, para fazermos os ajustes lá na frente, aos poucos. Era a orientação do Guilherme Teixeira”, explica Sakamoto. “Hoje a gente vê que a estratégia deu certo.”

A DURA ROTINA DE TENISTA

Considerado maduro para sua idade, Fonseca cresceu dentro e fora de quadra com ajuda de sua equipe, liderada por Teixeira. “O João vem de família que tem boas condições. Então queríamos mostrar a ele também o lado duro da vida. Colocar essa casca nele”, diz Bonjean.

“Falo de coisas pequenas. Por exemplo: estão viajando só o técnico e o João? Então o João precisa arrumar a sua cama. Tem que acordar cedo e fazer o café da manhã. Precisa lavar a roupa porque ela não se lava sozinha, não. São coisas que surpreendia o João no começo. Mas o Guilherme era sempre o primeiro a fazer tudo isso e liderava pelo exemplo. E o João seguia, naturalmente. Hoje na Yes Tennis, acabou o treino, o João ajuda a arrumar a quadra.”

PESO HISTÓRICO DO CLUBE

A descoberta de Fonseca pelo Country Club também tem um lado simbólico. O local, acostumado a receber parte da elite carioca, décadas antes revelou outros talentos do tênis, como Ronald Barnes e Jorge Paulo Lemann.

Barnes, que faleceu em 2002 aos 61 anos, foi um dos desbravadores do tênis brasileiro na década de 60, contemporâneo da lenda Maria Esther Bueno. Antes de Gustavo Kuerten, ele havia sido o primeiro a alcançar uma semifinal de Grand Slam no tênis masculino, no US Open, em 1963. O filho de ingleses foi ainda bicampeão pan-americano e liderou o Brasil na Copa Davis, vencendo lendas como Rod Laver e Roy Emerson.

Lemann, por sua vez, se destacou entre os anos 60 e 70. Chegou a defender tanto o time da Suíça quanto o Brasil na Copa Davis. No entanto, ficou mais famoso como empresário e investidor, se tornando um dos homens mais ricos do País.

Tanto Barnes quanto Lemann batizam quadras do complexo do Country Club. “Já estou batalhando para fazer o mesmo com o João Fonseca aqui”, revelou Bonjean.

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