'O sistema não deixa ninguém entrar', diz Ronaldo sobre desistir de presidir a CBF
Ex-atacante deu mais detalhes sobre a sua tentativa frustrada de comandar o futebol brasileiro
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Ronaldo Fenômeno anunciou neste mês de março que iria retirar sua candidatura à presidência da Confederação Brasileira de Futebol (CBF), por não ter sequer conseguido se reunir com os presidentes das federações estaduais. Agora, o ex-atacante deu mais detalhes sobre a sua tentativa frustrada de comandar o futebol brasileiro.
"Eu sei que é difícil pra caramba, mas não imaginava que era impossível", disse o campeão do mundo de 2002 ao podcast Charla. "Minha família, meus filhos, minha mulher, ninguém queria que eu entrasse nessa p... Mas eu falei, 'eu tenho que tentar'. Eu não preciso, realmente...", continuou ele.
"A minha vida foi dentro do futebol, sou apaixonado pelo futebol e me sentia no dever de tentar melhorar o futebol brasileiro e ajudar com o que eu tinha a oferecer. Decidi, convenci todo mundo da minha família, amigos, que eu iria. Arrumei minha turma e disse, 'vamos tentar'. Mas o sistema realmente não deixa ninguém entrar. Tanto que, historicamente, a CBF nunca teve uma eleição com dois candidatos. Quem está no poder se reelege ou elege o sucessor", completou Ronaldo.
O ex-jogador anunciou a sua decisão de abandonar a candidatura à presidência da CBF em 12 de março, por meio de uma nota divulgada em suas redes sociais. Ele alegou falta de diálogo com as federações e afirmou que 23 das 27 filiadas fecharam as portas a ele por "satisfação com a atual gestão e apoio à reeleição". O cargo é exercido atualmente por Ednaldo Rodrigues
"Depois de declarar publicamente o meu desejo de me candidatar à presidência da CBF no próximo pleito, retiro aqui, oficialmente, a minha intenção. Se a maioria com o poder de decisão entende que o futebol brasileiro está em boas mãos, pouco importa a minha opinião", escreveu Ronaldo.
Ronaldo precisava do apoio de pelo menos quatro das 27 federações, e de quatro clubes das Séries A e B do Campeonato Brasileiro. Sem isso, ele sequer entraria na disputa. Pelas regras eleitorais da CBF, na eleição presidencial, o voto das federações tem peso três. Dos clubes da Série A é dois e dos clubes da Série B, um. Assim, é possível vencer o pleito somente com os votos das filiadas. "Não pude apresentar meu projeto, levar minhas ideias e ouvi-las como gostaria. Não houve qualquer abertura para o diálogo", reclamou o Fenômeno.
Os rumores de que Ronaldo poderia ser candidato se iniciaram na metade de 2024, quando ele negociou a venda de 90% das ações da SAF do Cruzeiro. A intenção se tornou cristalina em 16 de dezembro, quando ele foi tema de uma reportagem no Jornal Nacional, da Globo, que anunciou o ex-jogador como aspirante à presidência da CBF.
Ronaldo afirmava ter a intenção de apresentar às federações "um projeto de investimento privado nunca antes visto para o crescimento sustentável do esporte em cada estado do país" e "reconstruir a credibilidade da entidade máxima do futebol brasileiro, com a nossa velha paixão nos novos tempos", porque, segundo o Fenômeno, o respeito do futebol brasileiro precisa ser resgatado.
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