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Esportes

O que explica a má fase de Bia Haddad Maia no tênis?


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Número 17 do ranking da WTA, Bia Haddad Maia surgiu para o público brasileiro com mais força em 2023. Naquele ano, a tenista sagrou-se como a maior representante na modalidade em atividade no País ao chegar à semifinal de um Grand Slam, o Roland Garros, algo que não acontecia na categoria feminina desde Maria Esther Bueno, em 1968. Na mesma temporada, venceu o WTA Elite Trophy, que reúne as melhores atletas fora do top-8 do esporte.

Antes disso, porém, Bia já havia conquistado os WTA 250 de Nottingham e Birmingham, além do WTA 125 de St. Malo, e foi eleita como a tenista que mais evoluiu no ano de 2022 pela Associação de Tênis Feminino. Em 2024, a atleta chegou a alcançar mais uma vez o top-10 do tênis ao chegar às oitavas de final do WTA 1000 de Wuhan. Nos últimos meses, no entanto, teve uma acentuada queda de desempenho.

Má fase

À ESPN, a tenista falou sobre sua situação após uma nova derrota, no WTA 1000 de Miami. Para ela, a queda de desempenho se deve a uma questão mental, não física. “Eu nem gosto de ficar repetindo isso. Nos últimos dez dias em que eu estava treinando aqui, dos nove sets que eu joguei, eu perdi um. Foi o último dia, que eu fiquei um pouco mais ansiosa, um pouco mais emotiva”, contou.

De acordo com Bia, apesar de possuir bons resultados nos treinamentos, o seu bom desempenho não está se repetindo nas quadras dos torneios. “Joguei com a (Paula) Badosa, ganhei set da Badosa, ganhei set da (Emma) Navarro, da (Marta) Kostyuk. Falo várias top-30 que eu venho treinando, venho jogando”, afirmou.

No momento, a espanhola Paula Badosa ocupa a nona posição do ranking da WTA, enquanto a americana Emma Navarro é a décima primeira. Marta Kostyuk, da Ucrânia, é a vigésima quinta.

“É uma questão minha mesmo, de emoção, uma questão pessoal. Não tenho nada para dar como desculpa, não estou culpando ninguém. Não é exterior isso”, refletiu Bia. “É uma questão minha comigo e eu vou buscar essa solução”.

O que pode explicar?

Ex-tenista e treinador de grandes nomes da modalidade como Fernando Meligeni e Dadá Vieira, Marcelo Meyer ponderou sobre o que poderia estar no cerne deste momento não tão positivo de Bia — mas afirmou que, em uma carreira tão longa, é comum que essas fases surjam. “A carreira de um jogador profissional, em média, é de no mínimo 15 anos. Geralmente os jogadores começam no circuito profissional com 18, 19 anos e jogam até os 32, 35 anos. É um período bastante longo, em que fases boas e fases ruins acontecem regularmente, isso é normal”, diz.

O ex-atleta levanta ainda a hipótese de uma lesão. “Falar à distância é muito subjetivo, mas o que geralmente acontece com um tenista de alta performance, o principal problema que eu percebi que acontece, é uma contusão”, afirma. “O jogador não quer perder os pontos no ranking, não quer perder a condição, ele geralmente tem contratos com patrocinadores, com bônus de apresentações, de participações, de resultados. Muitas vezes eu vi, em todos esses anos, acontecendo: jogadores jogando com alguma lesão.”

Segundo Meyer, isso pode afetar a concentração de um esportista durante suas partidas. "Você joga, faz fisioterapia, tratamentos paliativos, mas aquilo está sempre te incomodando. Dentro da quadra, em vez de estar 100% focado no jogo, na parte mental do jogo, estratégia, tática, a sua cabeça está sentindo ali aquele problema, tem uma dorzinha chata”.

Para ele, este poderia ser o caso de Bia: “Eu não sei, mas e se de repente ela está com alguma lesão que está mexendo com o emocional dela? É difícil a gente poder confirmar isso, mas ela, no ano passado e em algumas oportunidades, jogou e deixou de jogar alguns torneios por contusões na lombar, no joelho. Pode ser que isso esteja acontecendo. É uma possibilidade baseada em fatos do passado.”

Bia Haddad, de fato, apresentou algumas lesões recentes. No fim de janeiro, a brasileira anunciou sua desistência do WTA 500 em Abu Dhabi para se recuperar de uma inflamação no ombro. Em outubro de 2024, a atleta abandonou as oitavas de final do WTA 500 de Tóquio ao sentir dores na lombar, algo que já tinha acontecido na temporada, em agosto. Em 2023, o mesmo problema ocorreu em Wimbledon.

Meyer não descarta o mental. De acordo com ele, o peso da responsabilidade de, repentinamente, tornar-se um ídolo pode ter afetado o psicológico da atleta. Tão cedo caiu nas graças dos brasileiros, a tenista não pôde evitar comparações com Maria Esther Bueno, maior nome feminino do País na modalidade.

“Foi tudo muito rápido nessa subida meteórica que ela teve no ranking mundial e, consequentemente, com toda a torcida brasileira. Isso é um peso no ombro dela que não tem tamanho”, afirma. Segundo o ex-treinador, alguns atletas lidam mais rápido do que outros com o reconhecimento massivo.

Retorno da confiança

Para Meyer, o fim das más fases no tênis é uma questão de calma. “Não existe uma fórmula mágica. Tudo a gente tem que dar tempo ao tempo, é como uma cicatriz. Uma cicatriz, seja ela do tamanho que for, sempre demora um tempo para cicatrizar”, reflete. “Se ela está com essa cicatriz, do ponto de vista de uma lesão ou de algum problema emocional, leva um tempo para curar. Pode ser que essa seja a paciência que todos nós, inclusive ela, tenhamos que ter”.

“Ninguém desaprende a jogar”, opina. “Alguém que chegou a ser número 10 do mundo não desaprende a jogar em meio ou um ano, por mais que esteja com problemas”. Além disso, considera ele, Bia já está fazendo mudanças visando uma recuperação.

Recentemente, a atleta dispensou o técnico francês Maxime Tchoutakian, com quem treinava há quatro meses, e também a psicóloga Carla Di Pierro, que atua também no Comitê Olímpico Brasileiro. A profissional acompanhava Bia já há uma década.

“Muitas vezes, uma mudança é extremamente importante, seja ela qual for. Às vezes é até psicológico, é uma motivação nova, ter uma pessoa nova ou tentar alguma coisa nova, acaba tendo um efeito positivo”, diz Meyer, sobre as demissões. “O tênis é um esporte muito louco. Uma mudança de um treinador que está com você tem um efeito diferenciado, é uma motivação, é gente nova, é cabeça nova, são informações novas”.

O ex-treinador analisa, ainda, as alterações que a tenista aplicou em seu próprio estilo de jogo. “A Bia chegou ao número 10 do mundo jogando um tênis muito agressivo, que sempre foi a característica natural dela”, avalia. “Quando chegou a 10 do mundo jogando desse jeito, ela começou a perceber, juntamente com seu treinador, que precisava acrescentar algo mais no seu jogo, numa parte defensiva, numa parte mais estratégica. E eu percebi que ela perdeu um pouco daquela identidade, daquela agressividade que sempre teve na quadra”.

“Eu gostaria que ela não perdesse essa característica natural dela, um tênis extremamente agressivo, onde ela a olha as adversárias de cima para baixo, se impõe na quadra. Procurar ganhar o ponto e não esperar alguém errar”, sugere. Com mais personalidade, acredita ele, as vitórias tornariam a acontecer e, com elas, ressurgiria a confiança.

“Ela tem golpes para poder ganhar de qualquer jogadora do ranking mundial, como já ganhou. Quando a Bia está com aquela atitude positiva, ela tem jogo para ganhar de qualquer uma”, conclui.

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