Coronel Nunes é convocado pela Justiça para esclarecer autenticidade de assinatura em acordo da CBF
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O Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro (TJ-RJ) determinou a convocação de Antônio Carlos Nunes de Lima, mais conhecido como Coronel Nunes, para esclarecer a autenticidade de sua assinatura no acordo que manteve Ednaldo Rodrigues no comando da Confederação Brasileira de Futebol (CBF). A oitiva será realizada na segunda-feira, 12 de maio, a pedido do desembargador Gabriel de Oliveira Zéfiro.
A movimentação ocorre após uma determinação do Supremo Tribunal Federal (STF) para a Justiça do Rio investigar a possibilidade de a assinatura de Nunes ter sido falsificada. O caso veio à tona na última após uma perícia ser anexada ao processo.
Dois pedidos de afastamento de Ednaldo Rodrigues foram protocolados na ação nesta semana. O primeiro foi assinado pela deputada federal e ex-ministra do Turismo Daniela do Waguinho (União Brasil-RJ), e o outro foi solicitado por Fernando Sarney, ex-dirigente da CBF e um dos signatários do acordo. Ambos questionam a validade jurídica do documento. O ministro Gilmar Mendes, relator do caso no STF, negou os pedidos.
A perícia foi realizada a pedido do vereador Marcos Dias (Podemos), presidente da Comissão dos Direitos Humanos no Rio. Segundo a análise realizada por Jacqueline Tirotti, foram observados elementos que diferenciam a escrita. “A convicção que se pode depreender de todas as características observadas e considerando todas as limitações intrínsecas ao presente exame é de não identificação do punho periciado de Antônio Carlos Nunes de Lima”, diz o parecer.
Outro ponto que põe em dúvida a autenticidade da assinatura é o fato de Nunes, de 86 anos, ter informado à Justiça sofrer de um tumor no cérebro e cardiopatia grave. Junto à perícia, foi anexado um laudo apresentado pelo Dr. Jorge Pagura, Chefe do Departamento Médico da CBF, em que o profissional indica que Nunes sofre de déficit cognitivo, especialmente após passar por uma intervenção cirúrgica considerada agressiva em 2023.
“Fica evidente a probabilidade de que um dos signatários, o Coronel Antônio Carlos Nunes de Lima, não estivesse apto a manifestar sua vontade no momento da elaboração intelectual e da assinatura”, diz trecho da decisão do desembargador Gabriel de Oliveira Zéfiro.
Na terça-feira, a CBF se manifestou sobre o assunto por meio de nota oficial. A entidade defendeu a legitimidade do processo e informou que não teve acesso à perícia e que análise está sendo utilizada de maneira midiática e precipitada.
“A CBF enfatiza que todos os atos relacionados ao acordo mencionado foram conduzidos dentro da legalidade e com a participação de representantes devidamente legitimados. O processo foi legítimo e tem acordo homologado, estando pendente de um pedido de vista”, disse a entidade.
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