Corinthians supera eliminação e política conturbada para confirmar boa fase com título Paulista
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O empate no clássico com o Palmeiras garantiu ao Corinthians o título do Paulistão 2025, primeiro troféu erguido pelo time do Parque São Jorge desde 2019. Apesar de encerrar bem o ano passado e iniciar a temporada de maneira positiva, os comandados do técnico Ramón Díaz flertaram como desastre e tiveram de superar o baque da eliminação na fase preliminar da Copa Libertadores, além de evitar que a conturbada política do clube contaminasse o ambiente, para confirmar a boa fase vivida pela equipe.
O Corinthians começou 2025 de maneira exemplar, igualando a maior sequência de triunfos (dez) consecutivos do clube no século. Mesmo rodando o elenco para não desgastar os principais jogadores, uma preocupação externada com frequência pela comissão técnica, o time alvinegro encerrou a fase de grupos do Paulistão com a melhor campanha: oito vitórias, três empates e apenas uma derrota. Assim, ganhou o direito de decidir em casa até o fim do Estadual — [no total da temporada, são 13 vitórias, quatro empates e duas derrotas.
Entre os jogos mais memoráveis da campanha estão as duas vitórias por 2 a 1 sobre o Santos. O Corinthians anulou Neymar no primeiro confronto, cujo herói foi Yuri Alberto, autor dos dois gols alvinegros — o segundo, em linda trama com Rodrigo Garro e Depay. No segundo, o trio voltou a ser decisivo para colocar a equipe na final.

Assim como em 2024, a política corintiana se manteve quente. O ponto de ebulição foi atingido no fim de janeiro, quando o Conselho Deliberativo se reuniu para votar o impeachment do presidente Augusto Melo, acusado de gestão temerária no polêmico caso do “laranja” envolvendo o contrato com a Vai de Bet. A reunião no Parque São Jorge foi marcada por discussões ríspidas, empurra-empurra e terminou sem definição.
Por 126 a 114, os membros referendaram o avanço da votação, que ainda não tem data para acontecer. O mandatário acusa os rivais de “golpe” e se apega ao estatuto, uma vez que a Comissão de Ética e Disciplina recomendou a suspensão do processo até o fim das investigações da Polícia Civil. A saída dos conselheiros do ginásio foi marcada por muita confusão. Apoiadores de Augusto Melo xingaram Romeu Tuma Jr, presidente do Conselho Deliberativo. Rubão, ex-diretor de futebol, e Andres Sanchez, ex-presidente, também foram alvos de ofensa.
Dentro das quatro linhas, nem tudo foi perfeito também, claro. A defesa demonstrou ser o calcanhar de Aquiles do Corinthians neste primeiro momento do ano. Antes do segundo jogo da final com o Palmeiras, o time alvinegro só não foi vazado em seis das 19 partidas de 2025. A vulnerabilidade atrás ficou evidente no confronto com a modesta Universidad Central da Venezuela (UCV), na segunda fase da Libertadores. O time empatou por 1 a 1 fora de casa, e precisou suar a camisa em Itaquera para avançar de fase, vencendo por 3 a 2 depois de deixar o adversário igualar o placar por duas vezes.
Diante do tradicional Barcelona de Guayaquil, o Corinthians teve uma atuação de exceção na temporada. Com um esquema com três zagueiros, o time errou tudo e saiu do Equador com um 3 a 0 nas costas, com direito a bate-boca “pesado” entre os jogadores no vestiário, e o executivo de Fabinho Soldado precisou conter os ânimos dos atletas. A queda precoce na Libertadores colocou Ramon em xeque. Alguns conselheiros entenderam que o trabalho do treinador argentino havia “batido no teto”, e a saída seria natural.
Em São Paulo, uma aguerrida vitória por 2 a 0 não foi o suficiente para garantir a vaga na fase de grupos, mas o brio demonstrado pelo time manteve Ramón no cargo. A partida também marcou a definição de Félix Torres e Gustavo Henrique como titulares na zaga. A dupla começou o ano no banco, afetada por lesões, mas ganhou a confiança da comissão técnica e foi mantida desde então. O experiente lateral-esquerdo argentino Fabrizio Angileri, única contratação do clube no ano, foi outro quem agarrou a titularidade e não largou mais.
A vitória contra o Palmeiras no Allianz marcou a redenção do Corinthians após a traumática eliminação na fase preliminar da Libertadores, a terceira do clube na história. Jogando no Allianz Parque, casa do rival, o time alvinegro demonstrou segurança na defesa e conseguiu neutralizar as investidas da equipe palmeirense, cuja dificuldade na articulação de jogadas foi o principal entrave. Na frente, Yuri Alberto demonstrou o faro artilheiro habitual e marcou o gol da vitória, em lance iniciado por Memphis Depay.
O título do Paulistão 2025 dá tranquilidade ao Corinthians para manter um time competitivo independentemente da intempestiva política do clube, além de ser forte o suficiente para buscar outros troféus em competições de mata-mata, como a Copa do Brasil e Sul-Americana. O futebol apresentado pela equipe também demonstra capacidade de fazer campanha digna no Brasileirão. O primeiro desafio pela competição nacional será no domingo, às 20h, contra o Bahia, em Salvador.
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