Corinthians explica gastos no cartão corporativo: de R$ 43 mil no Coco Bambu a Fasano para Memphis
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O Corinthians se manifestou nesta quinta-feira, 16, após vir à tona que a diretoria gastou mais de R$ 8 milhões em cartões corporativos no primeiro ano de gestão do presidente Augusto Melo.
Segundo reportagem da Gazeta Esportiva, a soma das 11 faturas de 2024 foi de R$ 8.399.594,42. Os valores do primeiro semestre foram citados em um relatório do Conselho de Orientação do Corinthians (Cori) enviado ao Conselho Deliberativo, que resultou na abertura de um segundo processo de impeachment contra Augusto Melo. Os números enviados pela diretoria ao Cori divergem das faturas, além da existência de outros quatro cartões ativos.
Ainda de acordo com a publicação, as faturas fazem referências à despesas em bares e restaurantes, especialmente em viagens do time para outras cidades ao longo da temporada. Somente o consumo na rede de gastronomia especializada em frutos do mar Coco Bambu o custo total ultrapassou R$ 43 mil ao longo da última temporada. Nenhuma das contas no estabelecimento teve valor menor do que R$ 5 mil.
Em nota oficial, o Corinthians informou que os gastos com a rede de restaurantes especializada em frutos do mar foram para delivery em jogos fora de casa, com comida sendo consumidas pelo elenco e staff no vestiário e hotel.
Os gastos com cartões corporativos também tiveram significante aumento após a chegada do astro holandês Memphis Depay. A diretoria teve uma despesa de R$ 453 mil com hospedagens no Hotel Fasano em 2024. Somente em setembro, mês em o holandês foi apresentado, foram registradas gastos no valor de R$ 78 mil. Em 14 de outubro, o cartão foi utilizado oito vezes em um mesmo dia, sugerindo despesas além da hospedagem.
Na nota, o clube afirma que esse gasto se refere a dois meses em que Memphis Depay ficou morando no hotel de luxo enquanto não tinha residência fixa em São Paulo.
Veja na íntegra a nota do Corinthians sobre o assunto
O Sport Club Corinthians Paulista vem a público com esclarecimentos sobre a matéria publicada no dia de hoje no site Gazeta Esportiva, com o título “R$ 43 mil no Coco Bambu e gastos com Memphis: cartão corporativo do Corinthians supera R$ 8 milhões”.
A matéria traz no título a soma dos gastos de 6 pedidos feitos no restaurante Coco Bambu, realizados entre junho e novembro de 2024. A reportagem ainda insinua que essas refeições teriam relação com a presença de convidados da delegação do time.
O que a Gazeta Esportiva não conta é que os valores são relativos à alimentação de todos os jogadores, do staff e da comissão técnica do time, em jogos realizados fora de casa. Nas partidas em outras cidades, os atletas, staff e comissão técnica fazem a refeição pós-jogo dentro do vestiário. O cardápio é escolhido por um nutricionista e passado para quem está na viagem, permitindo que escolham entre opções como carne, peixe e massa. É uma alimentação controlada para repor o gasto energético e calórico da partida. As refeições são entregues e realizadas no vestiário do estádio. Depois de comerem, atletas, staff e comissão seguem para o aeroporto e retornam a São Paulo. Quando a comissão opta por dormir na cidade do jogo, as refeições são feitas no hotel. Todos esses valores são pagos com o cartão corporativo que fica com o Departamento de Futebol.
O Coco Bambu não é o único restaurante que realizou este serviço, mas foi o preferido em algumas cidades pela qualidade, fornecimento e segurança alimentar. Além disso, possui refeições mais leves, como legumes, peixes, batatas assadas, arroz integral e ingredientes nos quais podemos confiar. A qualidade da alimentação é um dos fatores primordiais no processo de recovery pós-jogo.
A vantagem de se servir no estádio é tanto logística quanto financeira, pois realizar a refeição pós-jogo em área reservada de aeroporto é muito mais oneroso.
Todos os gastos específicos questionados pela reportagem foram respondidos pontualmente, com a data, o local e uma breve descrição do gasto. O Clube lamenta que a reportagem não tenha questionado sobre os gastos específicos com o Coco Bambu, que foi justamente o destaque da manchete, o que seria uma boa prática jornalística. Ao invés disso, a reportagem fez os questionamentos que julgou convenientes e trouxe um teor completamente diferente na publicação. E mais uma vez, como já foi dito em outras entrevistas e informado para a reportagem em questão, não há gastos com convidados, que viajam em voos fretados e arcam com os próprios gastos de hospedagem e alimentação.
O Clube reforça que todos os gastos com o cartão corporativo são exclusivamente para despesas relacionadas a viagens, hospedagens, refeições e outras necessidades operacionais ligadas às atividades do clube, incluindo os esportes profissionais e de base, envolvendo atletas e funcionários dessas áreas. Exatamente como foi informado, em nota, para a reportagem.
Mais uma vez, o Clube reitera que tem apenas um cartão corporativo, que pode ser usado por 5 CPFs diferentes, relativos aos departamentos de Compras, Futebol Profissional e Presidência (este cartão, inclusive, está zerado e nunca foi usado pessoalmente pelo presidente Augusto Melo).
Isso inclui gastos com a manutenção da frota de veículos do Clube. Não existe, portanto, nenhum gasto de uso pessoal do presidente ou dos diretores do Corinthians, como a matéria insinua quando fala sobre trocas de pneus.
O Clube mantém sua postura de transparência, reforça sua histórica posição de apoio à liberdade de imprensa e à plena Democracia, sempre aberto ao diálogo. Por isso, lamenta quando uma reportagem faz insinuações infundadas.
O cartão corporativo do clube é utilizado exclusivamente para despesas relacionadas a viagens, hospedagens, refeições e outras necessidades operacionais ligadas às atividades do clube, incluindo os esportes profissionais e de base, envolvendo atletas e funcionários dessas áreas. Em momentos em que o clube enfrentou bloqueios em suas contas, o cartão corporativo se mostrou uma alternativa essencial para garantir a continuidade dos pagamentos mencionados.
No que diz respeito às viagens do futebol profissional, o clube esclarece que não há custos relacionados à presença de convidados nas delegações. As viagens são realizadas em voos fretados, e despesas como hospedagem e alimentação de convidados são de responsabilidade exclusiva dos mesmos.
O clube lamenta profundamente o vazamento de documentos confidenciais internos, como a fatura do cartão de crédito corporativo, para a imprensa. Contudo, em respeito à sua imensa torcida, colaboradores e parceiros, considera essencial vir a público para esclarecer e justificar todos os gastos realizados em 2024 que foram questionados pela reportagem em questão. Abaixo, apresentamos os esclarecimentos detalhados:
1. Vale das Flores, Nova Friburgo — em 29 de fevereiro, referente à hospedagem do observador técnico da competição Brasil Soccer, do futebol de base.
2. Pousada Aldeia Camaras — em 29 de abril, referente à hospedagem do observador técnico da Copa Nordestino (sub 13 a sub 17).
3. Pousada Aldeia Camaras — em 8 de novembro, novamente referente à hospedagem do observador técnico.
4. Fasano Hotel — gasto referente à hospedagem do jogador Memphis Depay, agentes e staff do atleta, em sua chegada ao Brasil. Incluindo a moradia do jogador durante dois meses, aproximadamente.
5. GHSM — em 11 de novembro, referente a gastos com hotelaria para o jogo contra o Vitória, pelo Campeonato Brasileiro.
6. Maxima Gesta, Montes Claros — em 12 de novembro, referente a gastos com hospedagem para um torneio de Peteca.
7. Daniel Nunes da Silva — referente a viagens e estadias.
8. DT Shop — em 13 de junho, referente à compra de equipamentos de vídeo para a equipe de Comunicação.
9. Brax — despesas com fretamento e passagens.
Crise política e impeachment
Na segunda-feira, 20 de janeiro, o Conselho Deliberativo retoma a votação do impeachment de Augusto Melo. Será discutido possível gestão temerária do presidente neste primeiro ano em que esteve à frente do clube, em especial o contrato com a Vai de Bet, ex-patrocinadora máster do clube.
Para Augusto Melo, a votação do impeachment fere o estatuto do Corinthians. Isso porque a Comissão de Ética e Disciplina recomendou a suspensão da votação até o fim das investigações da Polícia Civil no caso da Vai de Bet. As averiguações estão na fase final e membros da diretoria alvinegra devem ser ouvidos nos próximos meses.
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