Pessoas com transtorno mental merecem respeito!

A psicofobia é um problema que atinge pessoas que já estão fragilizadas e que acabam se sentindo discriminadas

| 10/04/2022, 00:00 00:00 h | Atualizado em 13/04/2022, 09:41

srcset="https://cdn2.tribunaonline.com.br/img/inline/110000/372x236/inline_00114462_00/ScaleUpProportional-1.webp?fallback=%2Fimg%2Finline%2F110000%2Finline_00114462_00.jpg%3Fxid%3D319908&xid=319908 600w, Cerca de 1 bilhão de pessoas  sofre com algum tipo de transtorno mental
  

De acordo com dados da Organização Mundial da Saúde (OMS), cerca de 1 bilhão de pessoas em todo o planeta sofrem com algum tipo de transtorno mental. Mesmo com números tão altos, a saúde mental é uma das áreas mais negligenciadas em todo o mundo.

Além da falta de recursos voltados para a área, o assunto “saúde mental” ainda é visto com muito tabu pela sociedade. Afinal de contas, vivemos em uma realidade que vende o bem-estar e a felicidade como status e reconhecimento.

É urgente discutir a psicofobia, que é o preconceito contra as pessoas que possuem algum tipo de transtorno mental. No Brasil, o termo “psicofobia” foi cunhado pela Associação Brasileira de Psiquiatria  a partir da sugestão do mestre do humor Chico Anysio. 

O humorista, que lutou contra a depressão por 24 anos, sentiu a falta de uma palavra que definisse essa intolerância. Chico  nasceu no dia 12 de abril de 1931, e por isso a data foi escolhida como Dia de Enfrentamento à Psicofobia.

A psicofobia  é um problema real que atinge pessoas que já estão fragilizadas e que acabam se sentindo envergonhadas, excluídas e discriminadas. De acordo com o psiquiatra e presidente da Associação de Psiquiatria do Espírito Santo (Apes), Valdir Campos, o preconceito sofrido por pessoas que possuem transtornos mentais pode causar problemas maiores do que a própria doença.

 “A pessoa não  consegue enxergar um espaço seguro onde ela possa viver, diante de tantas pressões e exigências impostas pelo mercado de trabalho e convívio social. Por isso, muitos  acabam escondendo seus diagnósticos”, frisou Vitor Maia, médico psiquiatra e diretor da Apes.

Ninguém está livre de desenvolver um transtorno mental. Somente no Brasil, de acordo com dados da OMS, existem cerca de 50 milhões de doentes. 

“Evite julgar e busque entender o que está acontecendo: pergunte.  Pratique a compaixão e a empatia. Cuidado com as palavras ditas para um universo desconhecido do seu que pode ferir alguém que já está doente”, afirmou a psiquiatra Regina Shimada, membro da diretoria da Apes.

Opinião

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"O preconceito sofrido por pessoas que possuem transtornos mentais pode causar problemas maiores do que a própria doença” 

Expressões que  devem ser evitadas

Tratamento  é fundamental

"Isso é frescura!”

Quem tem transtorno psicológico luta todos os dias para se inserir na vida em sociedade. Dependendo do grau da doença, levantar da cama já é uma grande conquista.  Dizer que a doença é frescura é deslegitimar todo o esforço feito para vencer o problema.

“Você precisa ter fé”

Transtornos psicológicos não têm ligação com a espiritualidade. Quem tem depressão, por exemplo, possui um desequilíbrio de substâncias químicas no cérebro que causam o quadro. A fé ou espiritualidade estão em outro patamar. É possível ser religioso, ter crenças e ainda assim adoecer.

“Você só quer chamar atenção”

Se a pessoa com transtorno mental pede sua ajuda, tente ajudar. O mais comum é que ela esconda seu diagnóstico, por vergonha. “Já passei por isso, não é grave”: se você tem ou teve um transtorno mental, sabe como é difícil. Talvez sua experiência não tenha sido muito ruim, mas isso não significa que o outro passa o mesmo que você. Use sua história para ajudar.

“Psiquiatra é coisa de maluco”

A palavra “maluco” é um termo pejorativo que não deve ser usado. Além disso, o tratamento psiquiátrico é fundamental para a melhora do paciente. Transtornos mentais não se curam sozinhos. Busque ajuda!

Medo de ser estigmatizado

Uma das razões pelas quais as pessoas têm receio de buscar um profissional para tratamento é o medo do estigma. Quem possui algum tipo de transtorno mental muitas vezes esconde seu diagnóstico por achar que será visto como incapaz. 

“O paciente precisa entender que não é o transtorno mental que possui. Existem vários tipos e graus de transtornos que, com o tratamento adequado, podem permitir que a pessoa leve uma vida relativamente normal”, afirmou o psiquiatra  e vice-presidente da Apes, Antonio José Nunes Faria.

Para o psiquiatra Valdir Campos, é fundamental buscar ajuda assim que o paciente perceba que algo não está indo bem. Na maioria das vezes, quem está sofrendo com o transtorno não consegue perceber o problema e por isso é importante que aqueles que o cercam  busquem maneiras de ajudá-lo.

“Geralmente, os transtornos mentais são acompanhados de sintomas que provocam mudanças de comportamento. É necessário manter a cabeça aberta para oferecer ajuda, tendo sempre em mente que qualquer um de nós pode desenvolver esses transtornos ao longo da vida”, alertou a psiquiatra Letícia Mameri.

Opinião

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"Existem vários tipos e graus de transtornos que, com o tratamento adequado, podem permitir que a pessoa leve uma vida relativamente normal” 

Saiba mais

Famosos que assumiram transtornos mentais

Lady Gaga

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  • A cantora sofre de Transtorno de Estresse Pós-Traumático (TEPT) após ser estuprada, aos 19 anos. O transtorno pode ocorrer com pessoas que passaram por situações extremamente pertubadoras, como o abuso sexual. Gaga costuma falar sobre o problema para tentar quebrar o tabu. Além disso, Lady Gaga também tem fibromialgia, uma doença que atinge a parte física, causando dores musculares e fraqueza incapacitantes, e que por vezes é vista como “preguiça” ou “frescura”.

Carrie Fisher

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  • A atriz, que foi coroada internacionalmente no papel da Princesa Leia, de “Guerra nas Estrelas”, e morreu em 2016, sofria de transtorno bipolar. Fisher escreveu relatos de sua condição no livro “Wishful drinking”, de forma a ajudar pessoas com o mesmo diagnóstico. A  atriz e cantora Demi Lovato também assumiu publicamente que tem transtorno bipolar.

Padre Marcelo Rossi

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  • O religioso tem depressão. Padre Marcelo veio a público para falar sobre sua doença, de forma a mostrar que transtornos mentais não acontecem por falta de religiosidade ou fé, como muitos acreditam. 

Adele

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  • A cantora assumiu que teve depressão pós-parto após o nascimento do filho Angelo. A condição acontece depois do nascimento, causando tristeza profunda na mãe, que se vê incapaz de cuidar do próprio filho, e sofre com alterações de humor decorrentes das alterações hormonais com o fim da gravidez.

Jô Soares

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  • O entrevistador afirmou ter transtorno obsessivo compulsivo (TOC), que leva a comportamentos repetitivos e pensamentos obsessivos.

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