Idoso sente mais dor crônica que jovem
Estudo de Harvard aponta que idosos sofrem mais que jovens por causa de mudanças no sistema nervoso central
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Os idosos sentem mais dor crônica quando comparados com os jovens, afirma um estudo da Universidade de Medicina de Harvard, nos Estados Unidos, publicado na revista Pain Medicine.
A pesquisa mostrou que mudanças no sistema nervoso central, diminuição da densidade óssea e redução na produção de neurotransmissores estão entre os principais fatores que tornam, quem tem a partir de 65 anos, mais propenso a desenvolver o problema.
“A redução da massa muscular e a diminuição da flexibilidade associadas ao desgaste natural do corpo no processo do envelhecimento, podem aumentar a suscetibilidade à dor crônica. Se esse idoso sofre com artrite e osteoporose ou tem lesões antigas o quadro pode ser agravado”, acrescentou o Neurologista, Anestesiologista e especialista em Dor Ramon D’ Ângelo Dias.
Segundo o médico, a dor crônica pode ser debilitante e impacta a qualidade de vida dos idosos. “Até na cama quando ia me mexer sentia dor”, contou a aposentada Ieda Carvalho de Paula, de 87 anos. Ela passou a sofrer com uma artrose que afetou a coluna e o quadril. “Eu praticamente não tinha mobilidade. Não aguentava andar. Dentro de casa eu não conseguia fazer nada. Era muita, muita dor”, disse.
Por isso, é fundamental iniciar o tratamento assim que os sintomas se manifestam. Mas quais são esses sinais? Como saber se a dor é crônica? O médico especialista Ramon D’ Ângelo Dias esclarece que dor persistente por mais de três meses indica a possibilidade de ser crônica. “Alterações no padrão de sono, irritabilidade, fadiga constante e perda de interesse em atividades de rotina também dão indícios do problema. Identificar os sintomas precocemente é importante para proporcionar um tratamento adequado e melhorar o dia a dia do paciente”, informou ele.
Foi o que aconteceu com a aposentada Ieda de Carvalho. Ela já havia utilizado antiinflamatórios e corticóides, mas sem melhora. Depois de dar início a um tratamento personalizado com terapia terapia por onda de choque, laserterapia e infiltração com ácido hialurônico a situação mudou. “Foram quatro sessões. Obtive melhora significativa. Hoje tenho minha mobilidade de volta. Estou andando e faço as coisas que preciso dentro de casa”, contou ela.
Há novos tratamentos eficazes

A cantora e professora de técnica vocal Jéssica Lima Caetano Vasconcelos, de 29 anos, afirma que dores diminuíram
A busca por tratamentos eficazes para a dor crônica está em constante evolução. Três abordagens modernas estão ganhando destaque: a termografia, terapia por ondas de choque e infiltração com ácido hialurônico.
“A termografia é uma técnica não invasiva que utiliza câmeras térmicas para medir as variações de temperatura na superfície da pele. Essas variações podem revelar áreas de inflamação e desequilíbrio de temperatura associadas à dor crônica”, explicou o Neurologista, Anestesiologista e especialista em Dor Ramon D’ Ângelo Dias.
Ele esclareceu, ainda, que a terapia por ondas de choque envolve a aplicação de ondas acústicas de alta energia em áreas afetadas. As ondas ajudam a estimular a regeneração dos tecidos, reduzir a inflamação e interromper os sinais de dor transmitidos pelos nervos. Esse tipo de tratamento, em geral, é utilizado para problemas de ordem musculoesqueléticas como tendinites, fascites e síndrome da dor miofascial.
Quando a dor crônica tem origem na osteoartrite e outras condições articulares degenerativas, a infiltração com ácido hialurônico pode ser recomendada por um médico. “Trata-se de um procedimento minimamente invasivo no qual injetamos a substância em articulações ou tecidos afetados pela dor crônica. O ácido hialurônico atua como um lubrificante e amortecedor, reduzindo o atrito e a inflamação. Isso alivia a dor e melhora a mobilidade”, esclareceu o especialista em Dor Ramon D’ Ângelo Dias.
De acordo com ele, cada paciente vai responder ao tratamento de forma diferente, já que a causa subjacente da dor crônica e a gravidade dos sintomas alteram os resultados. “Por isso é fundamental um diagnóstico profissional para então traçar um plano de cuidados personalizado”, pontuou o médico.
A cantora e professora de técnica vocal Jéssica Lima Caetano Vasconcelos, de 29 anos. Conhece essa realidade. Ela foi submetida aos tratamentos da termografia, onda de choque e laserterapia. “As dores diminuíram. Hoje não preciso mais usar muletas. Consigo andar, trabalhar e fazer o que preciso. Minha mobilidade foi devolvida. Antes, até cirurgia para colocar prótese foi considerada. Não conseguia levantar da cama de tanta dor. Colocava o pé no chão e sentia dor até na região do quadril”, contou ela.
Mulheres são as que mais sofrem, diz estudo

São as mulheres as que mais sentem dor crônica. Os dados são da última edição do Estudo Longitudinal da Saúde dos Idosos (ELSI-Brasil), financiado pelo Ministério da Saúde. O levantamento mostrou, ainda, que a dor crônica faz parte do cotidiano de 36,9% dos brasileiros com mais de 50 anos. Desses, 30% usam algum tipo de medicamento para aliviar o problema.
A gerente financeira Maria Socorro Soares Barros Buffon, de 67 anos, faz parte dessa estatística. “Em novembro do ano passado meu joelho direito travou totalmente. A dor era constante. Muito ruim, muito incômoda. Tirava meu sono, inclusive. Já não estava dormindo mais bem”, relatou ela, que atua como gerente financeiro de uma imobiliária.
De acordo com o Neurologista, Anestesiologista e especialista em Dor Ramon D’ Ângelo Dias, diversos fatores contribuem para a maior propensão das mulheres à dor crônica. “Diferenças hormonais, maior prevalência de condições médicas como artrite e fibromialgia, sobrecarga física e emocional devido a papéis familiares e sociais, e uma sensibilidade aumentada à dor tornam elas mais vulneráveis a esse tipo de dor persistente”.
Ainda segundo o médico, a dor crônica pode ter um impacto significativo na rotina diária das mulheres. Desde atividades simples como tarefas domésticas até participação em eventos sociais e profissionais. “Eu não deixei de andar, mas mancava muito”, lembrou Maria do Socorro. O problema pode limitar todas as áreas da vida, levar ao estresse, frustração e até mesmo isolamento.
Por isso, além do tratamento adequado, estratégias de estilo de vida podem ajudar a mitigar os efeitos da dor crônica.
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