Retrato de Gal Costa em um tom correto
Longa teve estreia nos cinema de todo o País na última quinta-feira (12)
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Com todo respeito a Sophie Charlotte – formidável como Gal Costa –, mas o nome-chave deste “Meu Nome é Gal” suspeito que seja o de Márcio Fraccaroli. O diretor-geral da Paris Filmes foi uma espécie de Midas da comédia brasileira do século 21. Talvez ninguém soubesse exatamente por que tal filme faria sucesso, mas ele sabia.
Como aqui Fraccaroli consta como produtor do filme e a Paris como distribuidora, pode-se esperar que seu faro não tenha sido abalado pela pandemia, já que temos um filme bem digno – até mais do que isso – e uma mostra da necessidade absoluta de o cinema brasileiro emplacar um sucesso, embora sem contar com uma cota de tela que o proteja de Hollywood e cercanias.
As diretoras Dandara Ferreira e Lô Politi fizeram sua parte. “Meu Nome é Gal” começa por ter a vantagem de não pretender abarcar toda a existência da cantora.
Acompanha a artista a partir do momento em que chega ao Rio de Janeiro e começa a se afirmar como cantora, enquanto se desenvolve como pessoa. Graças à desenvoltura do filme, em menos de cinco minutos superamos aquele ritual de toda biografia: será que a Maria Bethânia do filme parece com a Bethânia mesmo? E o Caetano Veloso? E afins.
Em vez de mostrar a infância de Gal, o modo como foi tratada pela mãe (e com pai ausente), seus anos de colégio, o filme faz o correto.
Isto é, para sabermos sobre a infância, basta a cena em que a mãe invade seu apartamento em São Paulo e vemos então como ela é, os cuidados que tem com a filha, mas também seu lado autoritário – o filme não a julga, porém.
Enfim, “Meu Nome é Gal” nos priva dessas roubadas com a mesma facilidade com que evita nos conduzir àquelas infalíveis apoteoses, com aplausos delirantes.
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