ZéNeto: “Eu pensava: 'depressão não existe'”
Em entrevista ao AT2, o cantor Zé Neto fala sobre o que enfrentou neste ano e a alegria de poder voltar aos palcos com Cristiano
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Levou um tempo para que o sertanejo Zé Neto, da dupla com Cristiano, compreendesse que enfrentava o mesmo transtorno mental de outras 300 milhões de pessoas no mundo, segundo dados da Organização Pan-Americana da Saúde (Opas).
“Eu pensava: 'depressão não existe, isso não tem nada a ver'. Até que passei por isso e fui diagnosticado. Saúde mental é algo que deve ser levado muito a sério, precisamos cuidar da nossa mente todos os dias e priorizar nosso bem-estar”, afirmou o cantor de 34 anos ao AT2.
Os primeiros alertas que sinalizavam a doença e também um quadro de síndrome do pânico apareceram logo após a pandemia, quando a dupla retomou a rotina intensa de shows.
“Comecei a sentir um formigamento no meu braço e aquela acelerada no coração”, relembra Zé Neto, que, nos últimos três anos, enfrentou ainda uma pneumonia bacteriana associada ao uso do cigarro eletrônico e acidentes de carro e quadriciclo.
Para que o cantor pudesse tratar os dois transtornos mentais, a dupla fez uma pausa de três meses, iniciada no final de agosto deste ano.
“Tiramos esse tempo também para curtir nossa família e fazer coisas que não fazíamos há algum tempo. Quase umas férias, sabe? Estar com minha família e amigos foi o gás que precisava para me recuperar”, enfatizou Zé Neto.
O retorno da dupla aconteceu no fim de novembro e o reencontro com o público do Espírito Santo já tem data marcada: 10 de janeiro, no Multiplace Mais, em Guarapari. “Incluímos no repertório algumas músicas do 'Intenso', que lançamos recentemente”, adiantou Cristiano.
Zé Neto e Cristiano sertanejos - “Esse amor nos fortalece demais”
AT2 É o 1º show no Espírito Santo após a pausa de vocês. Como está a expectativa para reencontrar o público daqui?
Zé Neto: Estamos muito animados para reencontrar o público capixaba, que sempre foi muito acolhedor com a gente. Temos sido recebidos de maneira positiva em todas as cidades pelas quais passamos, é emocionante!
Na mesma noite, Pablo também fará show. Vai ser uma noite de sofrência para ficar na memória?
Zé Neto: Com certeza! Não tem nada melhor do que sofrer com muita moda boa, né?
Chegaram a fazer 34 shows em um mês antes do hiato. Essa pausa mudou a forma que querem levar a carreira de vocês?
Cristiano: Refletimos juntos e não precisamos mais dessa loucura de fazer show quase todos os dias, graças a Deus! A gente aprendeu que tem coisas muito mais valiosas e importantes, como nossa saúde, segurança, bem-estar e a família. Por isso, decidimos reduzir a quantidade em 2025.
Foi uma pausa meio que obrigatória, por motivos de saúde. Como tomaram essa decisão?
Zé Neto: O Cris é meu irmão, ele esteve comigo em todos os momentos que precisei. Sou muito grato pela nossa parceria, que vai além dos palcos. Fui muito acolhido por ele e por toda a sua família. Ele foi o primeiro a falar que eu tinha que parar e me cuidar. É um irmão de verdade.
O carinho dos fãs foi importante durante esse intervalo?
Cristiano: Os fãs nunca deixaram de nos apoiar. Sempre acompanhamos todas as publicações que nos marcaram nas redes sociais e víamos vários comentários. Esse amor nos fortalece demais.
Em algum momento, pensaram que não voltariam mais aos palcos como dupla?
Cristiano: Sempre pensei no melhor para o Zé, o importante é que ele se recuperasse e ficasse bem. Estávamos 100% focados na recuperação dele e não víamos a hora de voltar a nos apresentar.
Quando decidiram que era hora de voltar?
Cristiano: Inicialmente, tínhamos estipulado uma pausa de três meses, mas tudo poderia mudar dependendo do tratamento do Zé. Era o tempo que fosse necessário.
Hoje, o que fazem para manter a saúde mental?
Cristiano: Acredito que uma das grandes viradas de chave para manter a saúde mental em dia é estar cercado de gente que te ama e tirar um tempinho para si mesmo.
O que causou ou levou a essa depressão?
Zé Neto: Tudo acabou ficando no automático, sabe? A gente chegava, ia para o camarim e depois era o ciclo de hotel-avião. Não parávamos.
2024 foi um ano “intenso” para vocês. Após esse retorno, o que merece ou não ser vivido com intensidade?
Cristiano: Com certeza, precisamos viver com muita intensidade e curtir a nossa família. Algo que não precisa ser tão intenso é a nossa agenda de shows, que, como disse, que vamos reduzir em 2025.
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