Eles adoram aprender! A rotina de quem busca cursos para o conhecimento
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As lições deixadas nos últimos seis meses, para muitos, estão valendo para preencher o currículo de uma vida! O fato de ter que aprender como lidar com a privação da liberdade tem aberto novos caminhos, sobretudo do saber.
Por meio de encontros pelo Zoom, pelo Google Meet ou em lives transmitidas através das redes sociais, os “alunos da quarentena” se deliciam com o mundo da música, das terapias holísticas, das artes. Isso sem contar com aqueles que aproveitam para dar uma turbinada em outros idiomas, fazem luta e cozinham. Tem espaço, vontade e tempo para tudo.
Para a psicóloga Marcia Dolores Resende, o isolamento está proporcionando às pessoas o que ela chama de conexão com o “Real Poder Interno”. “Fomos colocados numa situação que evitar o contato consigo mesmo é impossível, o que pode ser uma grandiosa oportunidade de autoconhecimento e reformulação de práticas para uma vida melhor”, define.
Ainda de acordo com a especialista, esse comportamento pode acontecer de diversas formas, como através da leitura e pela busca de prazeres simples, como cozinhar, cuidar das plantas, pintar.
“Terapia e coaching estão em alta. Muitas pessoas querem mudar a vida profissional e pessoal, seja empreendendo, saindo de empresas, buscando novos sentidos. Arte-terapia é uma forma de conexão maravilhosa, assim como a meditação e a dança”, garante a psicóloga.
A gerente de RH Luciana Vaz enxerga, na busca pelo saber e conhecer, o esboço desse “novo mundo”. “Todos nós precisamos nos reinventar. Muitas mudanças ainda virão, e investir no conhecimento nos deixará mais preparados”, enfatiza a especialista.
“Precisamos nos manter sempre atualizados e antenados, independente do cenário. Precisamos estar preparados para as oportunidades que surgirem. Investir em nós mesmos, certamente, renderá reconhecimento no futuro”, ressalta Luciana.
De violão e francês a velas
A universitária Shayne Panzera, 22, pinta, dança, toca violão, fala inglês e espanhol e faz aulas de francês. Para ela, as aulas de que têm participado durante o isolamento social vão além do conteúdo: “Me fazem companhia”.
“Uma vez por semana, durante uma hora e meia, faço curso de francês online. Também estou estudando violão. Já fiz dois cursos de design gráfico. Aprendi a fazer velas na quarentena! Era uma coisa que queria fazer, mas não encontrava tempo. Estou pensando em voltar para o italiano. É bom conhecer coisas novas”, afirma.
Ajudar as pessoas
Indo na contramão de alguns, a quarentena da aposentada Leide Lopes, 62, está bem agitada. De casa, por meio de aulas online e lives, ela descobre como faz crochê, joga tarô, trabalha com ervas e óleos especiais, faz meditação, carta cigana, medicina germânica, feng shui, floral de Bach e reiki.
“Me dedico para tentar ajudar as pessoas”, ressalta.
Frentista quer ser ator
O sonho de Mateus Fosther, 24, é ser ator. O frentista sabe que, para isso, seu futuro está nos estudos. Há dois anos, ele faz teatro, e a oportunidade do ensino remoto levou Mateus a outras capacitações. “Faço curso de TV e Cinema e uma mentoria chamada ‘Ator de Verdade’, que vai me levar além da comédia. Leio, assisto a filmes e peças online. Tudo é oportunidade para crescer”, frisa.
Hanna Estevam, 33, pode ser considerada uma maratonista do conhecimento, quando se fala em quarentena produtiva. Nesses seis meses de isolamento social, a jornalista concluiu 12 cursos. Com direito a certificados e experiências internacionais.
“Fiz um curso pela Universidade de Pittsburgh, outro pela Universidade do Michigan, além de instituições de todo o Brasil. Nunca fui de ficar em casa e, com a pandemia, senti ainda mais necessidade de produzir. Os cursos são sempre uma boa opção”, destaca.
DICAS
Foco e disciplina
- Para a gerente de RH Luciana Vaz, a disciplina é a chave para conciliar uma nova rotina de trabalho, estudo, vida conjugal e filhos.
- “Criar uma agenda de atividades é ainda mais importante neste momento. Ela ajuda a respeitar nossas limitações e organizar nossas atividades, sem perder o foco”, sugere.
Bem-estar
- “Experimentar é parte do nosso processo de escolha e amadurecimento, que também demonstra flexibilidade. Todo adulto pode começar algo e parar, quando desejar, levando consigo o aprendizado para a próxima experiência. Essa é uma mudança importante em nossos modelos mental, emocional e psicológico para construirmos nossa felicidade e bem-estar”, alerta a psicóloga Marcia Dolores Resende sobre a obrigatoriedade de se concluir um projeto.
Fora da zona de conforto
- Marcia Dolores Resende diz, para aqueles que resistem a sair da zona de conforto e partir em busca do saber, que o traçar objetivos é o primeiro passo.
- “A zona de conforto tem seus dias contados. O que parece ser seguro é ilusório e a situação atual nos revela isso”, explica.
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