Dose de esperança e humor com Marisa Orth
A comediante, que comemora 40 anos de carreira, promete muitos risos e reflexões sobre os excessos com o álcool
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Não há muito espaço para a tristeza ou baixo astral no palco nem quando o assunto, à primeira vista, parece ser bem pesado. Afinal, é Marisa Orth, 59, que está ali em cima.
“Não tenho briga com o humor, essa peça, inclusive, tem muito humor”, ressalta a atriz, ao lembrar de suas quatro décadas de carreira, marcadas por personagens cômicas como a Magda, de “Sai de Baixo”, e a Rita Moreira, de “Toma Lá Dá Cá”.
Agora, no teatro, Marisa protagoniza seu primeiro monólogo, onde trata da luta contra o alcoolismo. A peça “Bárbara” foi criada a partir do livro “A Saideira: Uma dose de esperança depois de anos lutando contra a dependência”, da jornalista Barbara Gancia.
“Quem escreveu é uma vitoriosa. Ela teve um final feliz, está há 14 anos sem beber. A ideia dessa peça é trazer algo alegre e questionamentos como: 'Será que não estou indo por esse caminho ou tenho amigos que estão?' A própria Bárbara pediu: 'A peça tem que ser uma festa também, porque o álcool, antes de dar problema, é uma alegria'”, lembra a atriz.
Marisa conta que só animou de entrar no projeto porque Bruno Guida, o diretor-geral, sugeriu que o espetáculo não fosse exatamente igual ao livro. “A partir da história dela, falamos sobre adicção, insatisfação, falta de limite... vamos tocando em outros assuntos”, pontua.
O desafio de encarar seu primeiro monólogo surgiu durante a pandemia. Barbara Gancia era uma figura muito presente nos ensaios e dava sugestões que Marisa e Michelle Ferreira, responsável pela dramaturgia, ouviam.
“A gente foi montando junto. Foi muito bacana esse processo. A pandemia tornou a gente mais humilde. Estávamos todos muito mais flexíveis. Queríamos muito que as coisas dessem certo e dar vida a esse projeto”.
“Bárbara” chega a Vitória nos dias 20 e 21 maio, abrindo a 15ª edição do Circuito Cultural Unimed. As apresentações acontecem no Teatro Universitário da Ufes, em Goiabeiras.
Mais duas peças estão na programação: “Shirley Valentine”, estrelada por Susana Vieira, e “Manhê, em 60 Dias de Neblina”, com Juliana Didone.
SERVIÇO:
O quê: Comédia dramática estrelada por Marisa Orth. A atração é livremente inspirada no livro “A Saideira: Uma dose de esperança depois de anos lutando contra a dependência”, de Barbara Gancia.
Quando: 20 e 21 de maio. Sábado, às 20h, e domingo, às 17h.
Onde: Teatro Universitário da Ufes, Goiabeiras.
Clas.: 14 anos.
Ing. (meia): Mezanino a R$ 25, Balcão a R$ 50 e Plateia a R$ 60.
Venda: Site lebillet.com.br.
“Tem gente que já saiu da internação e veio com o terapeuta”, Marisa Orth atriz
AT2: “Bárbara” é seu primeiro solo. O que te levou a topar esse desafio agora, aos 40 anos de carreira?
Marisa Orth: Nunca recusei um monólogo, mas também não falei “agora vou procurar um para fazer”, porque poderia. Uma coisa que ajudou foi que a gente estava em plena pandemia, tinham poucas pessoas envolvidas. Outra razão é que achei que era capaz de fazer um monólogo. Era algo difícil, queria me exercitar.
Qual o desafio de estar sozinha no palco?
É o ritmo. Prender a atenção das pessoas é sempre um desafio grande no teatro e é tudo muito dinâmico. É aquela coisa dos pratinhos chineses, de não deixar o prato cair, sabe?
De que forma vê esses 40 anos de carreira?
Eu adoro a minha carreira! Acho ela muito singular. Não vejo outros atores com uma história parecida.
Acredita que é preciso falar mais sobre o alcoolismo?
É urgente que se fale de alcoolismo. É um baita problema e se fala muito pouco. O álcool não é considerado uma droga como deveria ser. E gera uma doença horrorosa, porque o alcoólatra se torna um doente. E ninguém entende, acha que é falta de vergonha na cara.
Mas a minha peça é alto-astral! É emocionante, tem comédia, autocrítica... A Barbara é muito engraçada e eu acho que também sou. Mas, claro, há momentos de tristeza. Se não quer sentir nada, fica em casa assistindo Polishop. (Risos)
Qual é o retorno do público?
Vem muita gente contar sua história de superação, falar qual o aniversário do tempo que está sem beber. Tem gente que já saiu da internação e veio com o terapeuta assistir e tem gente que vem para se emocionar. E, olha, eu estou muito boa! (Risos)
O álcool foi a válvula de escape de alguns durante a pandemia. Qual foi a sua?
Açúcar! Aprendi a fazer pão, bolo… Quando via, tinha feito 87 pudins, 20 pães... virei uma confeiteira amadora. Foi um caos! (Risos) Acho que ganhei uns 8 quilos. Já perdi uns 5kg, mas a luta continua! (Risos)
Próximos espetáculos do circuito
“Shirley Valentine”
O quê: Comédia com Susana Vieira. No monólogo, a atriz vive Shirley, uma mulher casada, mãe de dois filhos, que convive com o pior tipo de solidão: aquela que se sente mesmo estando acompanhado.
Quando: 8 e 9 de julho. Sábado, às 20h, e domingo, às 17h.
Onde: Sesc Glória, centro de Vitória.
Clas.: 12 anos.
Ing. (meia): Mezanino a R$ 25, Balcão a R$ 50 e Plateia a R$ 60.
Venda: Site lebillet.com.br.
“Manhê, em 60 Dias de Neblina”
O quê: Com Juliana Didone. Trazendo uma pitada de leveza, bom humor e emoção, a peça apresenta ao público situações limites na vida de Luiza, após o nascimento de seu primeiro filho.
Quando: 6, 7 e 8 de outubro. Sexta e sábado, às 20h, e domingo, às 17h.
Onde: Teatro Universitário da Ufes, Goiabeiras.
Clas.: Livre
Ingressos (meia): Mezanino a R$ 25, Balcão a R$ 50 e Plateia a R$ 60.
Venda: Site lebillet.com.br.
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