O que a insatisfação a longo prazo causa no trabalho e como sair desse terreno?
Saiba o que a tristeza crônica na vida profissional provoca e veja como escapar
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As horas passam, os meses se acumulam, o ano vira e nada muda. Nada faz sentido algum naquele trabalho, mas o profissional não consegue se mover e permanece insatisfeito. Ele receia ficar fora do mercado de trabalho, tem medo de não ser bom o suficiente para outro emprego e cultiva uma imagem tão negativa de si mesmo que se desligar parece ser um pulo no abismo.
O que fazer, afinal, com a insatisfação diária na vida profissional, que se espalha com raízes em todas as áreas da vida?
Segundo o administrador e psicanalista, Bruno Cunha, especialista em carreira, a insatisfação a longo prazo no trabalho pode ter uma série de impactos negativos, tanto no ambiente profissional quanto nas relações interpessoais.
A longo prazo, o descontentamento causa baixo desempenho, aumento de faltas, impacto na saúde mental, perda de criatividade, e impacto na saúde mental e física. É um dano para si e para os outros.
A própria pessoa descontente se prejudica. “O estresse prolongado, associado à insatisfação no trabalho pode ter sérios impactos na saúde mental e física dos colaboradores. Isso inclui sintomas de ansiedade, depressão, dores físicas e problemas de sono”.
Ambiente tóxico
Por outro lado, estando infeliz, o trabalhador ou trabalhadora cria um raio de toxicidade ao redor. “Colaboradores insatisfeitos podem contribuir para a criação de um ambiente de trabalho tóxico, onde prevalecem a negatividade, a falta de colaboração e os conflitos interpessoais”, declarou Bruno. Quando alguém falta demais, por exemplo, sobrecarrega um colega.
Cabeça quente
Para o especialista, para enfrentar todos os temores de sair de um emprego que tanto o deixa infeliz, o profissional precisa elaborar um planejamento de carreira para que a mudança possa acontecer sem prejuízos. Isso também passa por consultar um especialista de carreiras, considerando que, quando se está doente, é natural buscar um médico. A insatisfação crônica não é para ser regada. Porém, não se deve agir de cabeça quente.
“Muitas vezes, achamos que estamos resolvendo um problema e estamos criando outro”, declarou o especialista, referindo-se ao desligamento sem preparação, o que prejudica o lado financeiro, que pode entrar em colapso.
Planejamento
Antes de pedir demissão e procurar uma nova ocupação, Bruno Cunha sugere que a pessoa analise diversas situações. ”Esse momento pode ser decisivo para a vida e para a carreira profissional de qualquer pessoa e, sendo assim, a falta de planejamento contribui para a deterioração da sua carreira”, declarou.
A culpa é de quem?
De acordo com Bruno Cunha, qualquer insatisfação necessita ser bastante investigada pelo profissional. Ele acredita que, às vezes, esse sentimento negativo se deve a motivos internos. Sendo que, por falta de conhecimento de si mesmo, a pessoa não sabe.
“Racionalizar tal momento se torna muito importante pois, às vezes, os profissionais tomam decisões mergulhados na emoção”, declarou.
Entre os motivos internos que causam inconformidade e dissabores no trabalho, ele chama a atenção para alguns: “Os motivos internos podem ser relativos a uma falta de atitude na busca por novas situações que podem levar a cargos melhores, também pode ser a falta de preparação para esses novos cargos. Nestes casos, melhorias na qualificação e desenvolvimento comportamental podem ser os caminhos para levar a um novo cargo ou a uma nova carreira que tenha novas atribuições. Assim, a insatisfação se torna uma força motriz no sentido de impulsionar o indivíduo a buscar por soluções que deem uma satisfação maior na vida”.
O lado externo da vida
Questionado sobre os motivos externos, que não são causados pelo próprio trabalhador, o especialista também faz as ponderações. Para ele, os motivos externos podem ser relativos a limitações da própria empresa como falta de orçamento, ou mesmo de espaço para o crescimento.
“É importante identificar o que está impedindo-a de crescer e de avançar para que o problema seja resolvido. Muitos profissionais, após analisarem como estão frente aos seus concorrentes, concluem que estão aptos para evolução na carreira e que muitas vezes estão diante de dificultadores externos que podem ser enfrentados na busca de alternativas”. Ele arrematou: “Não somos feitos para viver de um mesmo modo a vida toda. A insatisfação e a mudança têm uma relação direta, que faz com que ambas sejam interconectadas. Quando estamos insatisfeitos, precisamos pensar em como mudar. Sem insatisfação, não há mudança. Afinal, ninguém muda o que está bom”.
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