Aluno que usou “fórmulas” em prova de Redação pode perder pontos no Enem
Corretores do exame foram orientados a ficar de olho em modelos pré-prontos e em repertórios que fogem ao tema
Escute essa reportagem
Uso de repertórios socioculturais que fogem ao tema e de modelos pré-prontos que deram origem a redações com ideias desconexas. Esses são dois motivos que farão com que as notas das redações dos candidatos do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) 2024 sejam menores.
Sob condição de anonimato, corretores do Enem em São Paulo, Minas e Rio afirmaram ao portal G1 que foram orientados pelo Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep) a ficar de olho nesses “truques” usados pelos alunos.
Professor do Centro Educacional Leonardo da Vinci e da escola Monteiro, Lúcio Manga explica que o guia do participante da Redação do Enem 2024 exige fazer referência a outra área.
“Isso é o uso de repertórios socioculturais. Ou seja, para receber a pontuação máxima, o aluno precisa ter colocado na redação uma analogia que faça referência a filme, literatura, cinema, filosofia, ciência ou a qualquer outra área. Isso é o que dará a ele uma redação nota 1000”.
Assim, Lúcio explica que o Inep está avaliando a capacidade do aluno de escrever uma dissertação argumentativa. Porém, quando o candidato está despreparado, utiliza citações desconectadas do tema.
“Por exemplo, ele pega citações da internet e joga no meio da redação para tentar dizer que está usando repertório sociocultural. Mas a citação não tem nada a ver com o tema”, diz.
Aurélia Pedroni, professora de Linguagens do Colégio Sagrado Coração de Maria, considera que o fato do Inep ter começado a penalizar modelos pré-prontos de texto prestigia os textos autorais.
“O texto precisa ter personalidade. É preciso colocar quem você é dentro de qualquer texto, sobretudo do Enem, já que é avaliado. Quando se copia um modelo pronto é mais ou menos como fazer uma receita de bolo sem a personalidade do chef. O bolo sai, mas não tem um toque especial”, diz.
Helton Sena, coordenador pedagógico do ensino médio do Colégio Marista, explica que não adianta os candidatos ficarem ansiosos.
Principalmente, segundo ele, pois ainda não há clareza em como as correções serão realizadas. “Existe uma sinalização. Mas ainda não sabemos como se dará a correção. Acredito que os estudantes, nesse momento, precisam ter tranquilidade para aguardar o resultado”, diz.
FIQUE POR DENTRO
Texto precisa fazer sentido
Textos pré-prontos
Um dos critérios que será avaliado com maior rigor na redação é o uso de modelos pré-prontos. Nos últimos anos, principalmente com o Chat GPT, houve um aumento de textos com essa estrutura pré-fabricada.
O problema ocorre quando alunos aprendem ou compram modelos de textos para aplicar na redação mas não se preocupam em desenvolver sua própria competência. Acabando com textos que, no geral, não fazem sentido com o tema proposto.
Especialistas alertam que os avaliadores devem “bater o olho no texto” e conseguir identificar se ele é autoral ou produto de um modelo pré-pronto.
Repertório sociocultural
Outro critério é o repertório sociocultural. O que está sendo avaliado, nesse caso, é a capacidade do aluno de utilizar outra área para mover a argumentação.
O problema é que estudantes despreparados decoram citações e as utilizam sem que faça sentido dentro do texto ou da argumentação proposta. Esse é um dos “truques” utilizados pelos alunos para tirar uma nota maior.
O professor lúcio Manga observa que não é preciso ficar paranoico porque referências que façam contexto dentro do texto, mesmo que muito utilizadas, não devem ser descontadas.
Fonte: Especialistas consultados.
Comentários