Portugal, Canadá, Austrália e EUA oferecem vagas para brasileiros
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Com carência de mão de obra em diversas áreas, países desenvolvidos estão em busca de brasileiros que querem trabalhar e almejam remuneração justa, valorização profissional e qualidade de vida. E quem mora no Espírito Santo pode participar.
Portugal, por exemplo, está com vagas nas áreas de hotelaria e gastronomia. Somente para Algarve, região praiana e principal ponto turístico do país, a estimativa é que seja preciso contratar até 60 mil pessoas, conforme informou o diretor do Grupo Nau, Mário Azevedo Ferreira, em entrevista ao Portal O Globo.
O diretor da IE Intercâmbio, Victor Ferreira, afirma que além de Portugal, países como Estados Unidos, Canadá, Austrália e Irlanda estão com vagas abertas. Cada um, de acordo com ele, tem sua especificidade e as vagas são muito relativas.
“Os Estados Unidos, por exemplo, oferece um programa de férias a trabalho, onde o candidato vai trabalhar pelo período de três meses e já sai daqui com um emprego garantido”, explicou o diretor, que falou ainda sobre a Irlanda.
“Hoje ela é a queridinha dos brasileiros quando o assunto é trabalho, por conta do custo-benefício. Além disso, o país tem um acordo com o Brasil, no qual o trabalhador deve se matricular em uma escola de idiomas com duração de seis meses e, nesse período, ele pode trabalhar por lá de forma legal”, salientou Victor.

Além dos países citados, o Japão também está em busca de profissionais e contratações de imigrantes em áreas como agricultura, saúde e saneamento.
Apesar da imigração ter sido um tabu no país, pois muitos prezam pela homogeneidade étnica, a pressão pela abertura das fronteiras aumentou com a escassez de mão de obra provocada pelo envelhecimento da população.
Por isso, a partir de 2022, depois de uma grande mudança política, o país vai permitir que estrangeiros de determinados setores fiquem por lá.
Essa mudança vai fazer com que trabalhadores específicos de 14 áreas — como agricultura, cuidados de enfermagem, saneamento, entre outras — recebam vistos de permanência no país.
No entanto, as estadias serão limitadas a cinco anos, sem incluir membros da família dos trabalhadores.
Portugal
O modelo trabalhista português se assemelha muito ao brasileiro. São 40 horas semanais divididas em 5 dias de 8 horas de trabalho, com algumas exceções previstas no Código de Trabalho (CT) português.
Assim como acontece na maioria dos países, existe um salário mínimo no país que garante aos trabalhadores o mínimo para viver.
As profissões mais bem pagas em Portugal estão nos cargos de gerências de áreas como as finanças, logística, tecnologia e marketing.
Os salários mais elevados se restringem, na maioria dos setores, aos mais altos cargos, não se estendendo aos profissionais operacionais e analistas.
Para trabalhar em Portugal, o candidato interessado pode solicitar o visto de trabalho, o Startup Visa ou o Golden Visa. Todos esses vistos dão direito a trabalhar em Portugal, mas cada um deles tem seus pré-requisitos.
É possível também trabalhar com o visto de estudante, mediante a comunicação ao SEF, e com o Visto D7, para aposentados e detentores de renda.
Estados Unidos
O país conta com programa para trabalhar durante férias das faculdades acoplado a um curso de idiomas, chamado Work Experience ou Au Pair, que contempla universitários de 18 a 29 anos. Eles irão trabalhar em estações de ski, hotéis, resorts, parques aquáticos, entre outros. A remuneração varia de 7 a 12 dólares (R$ 40 a R$ 67) por hora.
Irlanda
Trabalho e estudo por seis meses, para qualquer idade (a partir de 18 anos), em qualquer época do ano, com oportunidades em hotéis, restaurantes, lojas, pub’s, cafés e bares, com salários a partir de 10 euros (R$ 62) a hora.
Dubai
O país contrata candidatos de qualquer idade (mínimo de 18 anos) para trabalhar nas áreas de hotelaria, lojas, restaurantes e resorts. A remuneração varia entre 4 e 6 mil de Dirhams (R$ 6.000 a R$ 9.000) por mês. Para entrar no país, é necessário apenas o passaporte brasileiro e o contrato de trabalho assinado.
Austrália
Admite candidatos de qualquer idade (a partir de 18 anos) e que tenham qualquer nível de idioma, a partir de quatro meses de residência no país. Além disso, o país tem o maior salário mínimo do mundo e paga até 30 dólares (R$ 168) por hora para quem trabalhar em áreas de hotelaria, gastronomia, restaurantes e outros. A construção civil é uma das áreas que mais contrata.
Nova Zelândia
Contrata candidatos que estejam no país a partir de quatro meses, para áreas de hotelaria, comércio e gastronomia. A remuneração varia de acordo com a carga horária trabalhada.
Canadá
Para garantir um emprego e o visto, o candidato precisa escolher um curso da área específica na qual pretende trabalhar. As áreas mais requisitadas são hotelaria e tecnologia da informação. A remuneração é de 15 dólares (R$ 84) por hora. Vale lembrar que um curso de idioma não oferece opção para trabalhar e o candidato precisa ter um curso intermediário de inglês para estar no país.
Fonte: Pesquisa AT.
Oferta de visto acelerado e residência permanente
A batalha por trabalhadores imigrantes para atuar em diversas áreas tem resultado em uma série de facilitadores, como aceleração de vistos e promessas de residência permanente em inúmeros países ricos da Europa, Ásia e América do Norte.
Na Alemanha, onde as autoridades alertaram recentemente que o país precisa de 400 mil novos imigrantes por ano para preencher vagas em áreas que vão da academia ao conserto do ar-condicionado, uma nova Lei de Imigração oferece vistos de trabalho acelerados e seis meses para visitar e encontrar um emprego.
Já o Canadá planeja dar residência a 1,2 milhão de novos imigrantes até 2023. Israel fechou recentemente um acordo para trazer profissionais de saúde do Nepal.
E na Austrália, onde minas, hospitais e bares estão com falta de mão de obra após quase dois anos de fronteira fechada, o governo pretende praticamente dobrar o número de imigrantes autorizados a entrar no país em 2022.
A pandemia levou a mudanças importantes na mobilidade global. Ela desacelerou a migração de mão de obra. Isso criou mais competição para os “nômades digitais” à medida que mais de 30 nações, incluindo Barbados, Croácia e Emirados Árabes Unidos, criaram programas para atrair trabalhadores que usam tecnologia móvel.
E levou a uma flexibilização geral das regras de trabalho para estrangeiros que já haviam se mudado.
Muitos países, incluindo Bélgica, Finlândia e Grécia, concederam direitos trabalhistas a estrangeiros que chegaram com visto de estudante ou de outro tipo.
Alguns países, como a Nova Zelândia, também prorrogaram vistos de trabalho temporário indefinidamente, enquanto a Alemanha, com sua nova Lei de Imigração, acelerou o processo de reconhecimento de qualificações profissionais estrangeiras.
No Japão, um país que envelhece rapidamente e que tradicionalmente resiste à imigração, o governo permitiu que trabalhadores temporários mudassem de empregador e mantivessem seu status.
Essas medidas – listadas em um novo relatório da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE) sobre as perspectivas da migração global – equivaleram a alertas precoces de desespero do mercado de trabalho.
Pandemia estimulou processo de abertura
A investida global para atrair estrangeiros com habilidades para trabalhar, especialmente aqueles que se enquadram em algum lugar entre o trabalho braçal e um PhD em Física, tem o objetivo de suavizar a recuperação irregular trazida pela pandemia.
As medidas contra a Covid-19 levaram muitas pessoas a se aposentar, pedir demissão ou simplesmente não voltar ao trabalho.
Mas seus efeitos são mais profundos. A pandemia tornou o desequilíbrio demográfico da humanidade mais óbvio — nações ricas que envelhecem rapidamente produzem poucos novos trabalhadores, enquanto países com um excedente de jovens muitas vezes não têm trabalho para todos.
Novas abordagens para essa defasagem podem influenciar o debate mundial sobre a imigração. Os governos europeus continuam divididos sobre como lidar com novas ondas de requerentes de asilo.
“A Covid é fator acelerador de mudança”, afirma o chefe de pesquisa de migração internacional da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE), Jean-Christophe Dumont. Os países tiveram que perceber a importância da migração e dos imigrantes.
Quando chegou a hora da reabertura, menos pessoas pareciam se importar com a redução dos níveis de imigração, como mostrou uma pesquisa no Reino Unido no início deste ano. Então veio a escassez de mão de obra.
Na lista de funções que estão em falta aparecem açougueiros, motoristas, mecânicos, enfermeiros e funcionários de restaurantes, pintores, guias, entre outros.
Especialista aponta riscos de ir morar fora do País
O sonho de trabalhar no exterior pode se tornar um grande pesadelo se a distância e o isolamento surgirem como dificuldades de assimilar a cultura, tanto do país, quanto da própria empresa.
O especialista em educação internacional e carreira da IE Intercâmbio, Luis Paulo Jacobsen, afirmou que, se o profissional for atuar de forma autônoma e isolada, pode ocasionar em uma dificuldade para que ele evolua no plano de carreiras, em comparação com um profissional inserido no contexto da empresa.

Ele explica que em países de clima frio, como por exemplo Canadá e Inglaterra, o candidato pode não se adaptar. “O frio, a falta da família e o modo de viver do brasileiro, que é um povo mais festivo, latino e acolhedor e menos fechado, podem pesar na decisão do candidato de querer abandonar o país e retornar para casa”, pontuou.
Jacobsen detalha que, em alguns casos, os programas de mobilidade internacional não são cumpridos à risca como deveriam ser, gerando desgaste para o profissional e ineficiência para a empresa.
“É importante lembrar que antes de assinar o contrato, o candidato precisa estar ciente da sua jornada de trabalho para alinhar o horário, caso ele queira conciliar outras atividades fora da empresa com sua rotina profissional”, disse.
Para quem trabalha de forma remota no exterior, o especialista lembra que as alocações nesse modelo são geralmente delimitadas por demanda ou projeto, por tempo determinado. “Isso é um ponto negativo ao profissional que deseja estabilidade por longo prazo”, informou o especialista.
Ele ressaltou que o desafio de trabalhar em projetos de desenvolvimento é grande, e, remotamente, pode ser ainda maior.
“A área de tecnologia está cada vez mais responsável por gerar inovação nos negócios e tem papel estratégico, sendo considerada missão crítica dentro das empresas. O profissional desta área precisa criar e recriar soluções sempre otimizadas, performáticas e de alto impacto”, salientou.
Ainda assim, Jacobsen acredita que trabalhar no exterior enriquece o currículo e faz o candidato aprender um ou até dois idiomas.
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