Oportunidade e ameaças com o conflito entre Estados Unidos x China
Empresas exportadoras do ES têm chance de ampliar vendas aos EUA, mas Brasil deve também ser taxado, e pode haver “invasão” de importados
Escute essa reportagem
![Imagem ilustrativa da imagem Oportunidade e ameaças com o conflito entre Estados Unidos x China](https://cdn2.tribunaonline.com.br/img/inline/220000/1200x720/Oportunidade-e-ameacas-com-o-conflito-entre-Estado0022909600202502061825-2.webp?fallback=https%3A%2F%2Fcdn2.tribunaonline.com.br%2Fimg%2Finline%2F220000%2FOportunidade-e-ameacas-com-o-conflito-entre-Estado0022909600202502061825.jpg%3Fxid%3D1023507%26resize%3D1000%252C500%26t%3D1738884548&xid=1023507)
A guerra comercial entre EUA e China ganhou força nos últimos dias, após o presidente americano, Donald Trump, anunciar tarifas de 10% e 15% sobre o país asiático. A China contra-atacou, com barreiras para produtos importados dos EUA.
Mas, afinal, qual o impacto, as oportunidades e ameaças que esse conflito traz ao Brasil e ao Estado?
Para o analista de risco político e coordenador dos cursos de Relações Internacionais e Comércio Exterior da UVV, Daniel Carvalho, a “guerra comercial” deve ter atenção dos exportadores capixabas, já que os EUA são o principal destino das vendas do Estado (28,6%, contra 3,9% à China em 2024).
Segundo ele, algumas tarifas que os EUA impuseram à China desde 2017 abriram espaço preenchido por setores exportadores capixabas. “As exportações de ferro fundido, ferro e aço dobraram no período, enquanto as de alumínio aumentaram mais de 200 vezes. Também o café capixaba se beneficiou de quadro semelhante e aumentou exportações aos EUA”.
Já a China consolidou-se ainda mais como principal origem das importações capixabas. “Pela dificuldade que vários produtos chineses tiveram de adentrar nos EUA”, diz.
Embora os efeitos da guerra comercial tenham sido de certa forma benéficos para os exportadores, Carvalho diz que haverá pouco espaço para aproveitar se Trump impuser tarifas contra Brasil.
Especialista em Direito Internacional e Relações Internacionais, Estenil Casagrande diz que, no Estado, a disputa comercial tem impactos positivos e negativos. “O Estado, com economia fortemente ligada ao comércio exterior, sente diretamente as consequências”, afirma.
Raphael Rodrigues de Oliveira, do Conselho Regional de Economia (Corecon-ES), disse que, no contexto do Estado, é importante analisar os dados da relação econômica com os norte-americanos.
Oliveira disse um possível cenário que pode ocorrer: um aumento tarifário tanto para o Brasil quanto para a China, que pode provocar dois efeitos para a economia do Estado: retração das exportações para os EUA; e potencial aumento nas importações da China, devido à sobreoferta resultante das restrições às exportações chinesas para os EUA, o que exigiria o escoamento do excedente para outros mercados.
Política externa de Trump preocupa o governador
Durante a cerimônia de abertura do ano legislativo da Assembleia estadual realizada ontem, o governador Renato Casagrande (PSB) se demonstrou preocupado com a política externa dos Estados Unidos, desde que o presidente Donald Trump foi empossado.
“Momento internacional exige atenção. Estamos observando certa instabilidade, um aumento de conflitos regionais. Instabilidade pela forma em que o presidente Donald Trump está fazendo sua política externa. Acaba causando aflição, além de mexer com a economia”.
Ainda, Casagrande também ressaltou preocupação com algumas atitudes relacionadas ao governo federal. “Momento nacional também requer atenção. Política de taxa básica de juros, que tem aumentado no País. Vamos que essa política monetária caminha para sufocar o crescimento. Precisamos ter uma coesão”, chamou atenção.
E complementou: “Neste momento, o Espírito Santo é uma vacina para a instabilidade. Há a segurança de que o ato de governar não é individual, do governador, mas a governança envolve os entes do Espírito Santo, ela é compartilhada”, finalizou Casagrande.
Petróleo e aço são produtos mais vendidos
Reflexos
A guerra comercial desencadeada pelo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, deve causar reflexos na economia brasileira, que podem ser sentidos com maior pressão inflacionária, aumento de juros, imprevisibilidade e diminuição do ritmo de comércio internacional, além de taxação direta de exportações brasileiras.
Em 2024¸ a balança comercial entre Brasil e Estados Unidos ficou negativa no lado brasileiro em
US$ 253 milhões. Os EUA são o segundo principal parceiro comercial do Brasil, atrás da China. Os itens que mais são vendidos para os estadunidenses são petróleo (14% do total exportado) e produtos semiacabados de ferro ou aço (8,8%).
Taxação a China e outros países
Ontem começou a vigorar a taxação adicional de 10% aplicada a produtos chineses. O país asiático reagiu impondo tarifas a produtos americanos, como carvão e maquinário agrícola.
México e Canadá conseguiram, após conversas com Trump, suspender por 30 dias uma sobretaxação de 25%. Os anúncios foram feitos pela presidente mexicana, Claudia Sheinbaum, e pelo primeiro-ministro canadense, Justin Trudeau.
Os três países têm superávit comercial com os Estados Unidos, ou seja, vendem mais do que compram dos americanos. O Brasil vive situação oposta, tem déficit comercial, comprou mais do que vendeu aos americanos. Mesmo nessa situação, acreditam especialistas, o país deve receber reflexos da guerra de tarifas.
Trump também tem ameaçado a União Europeia (UE) com a taxação de importações americanas. A UE tem dito que “deve responder com firmeza a qualquer parceiro comercial que imponha tarifas injustas ou arbitrárias sobre produtos do bloco”.
Antes de chegarem a um acordo com Trump, México e Canadá tinham prometido retaliações, caminho efetivamente seguido pela China.
Fonte: Agência Brasil.
MATÉRIAS RELACIONADAS:
![Navios no Porto de Vitória: especialista vê risco de queda em vendas aos EUA e maior importação de itens chineses | Foto: Dayana Souza — 02/06/2019](/themes/TON/assets/img/tribuna-fallback.webp)
![Navios no Porto de Vitória: especialista vê risco de queda em vendas aos EUA e maior importação de itens chineses | Foto: Dayana Souza — 02/06/2019](https://cdn2.tribunaonline.com.br/img/Artigo-Destaque/220000/382x285/Apos-EUA-Israel-tambem-deixa-Conselho-de-Direitos-0022902400202502061249/ProportionalFillBackground-2.webp?fallback=https%3A%2F%2Fcdn2.tribunaonline.com.br%2Fimg%2FArtigo-Destaque%2F220000%2FApos-EUA-Israel-tambem-deixa-Conselho-de-Direitos-0022902400202502061249.jpg%3Fxid%3D1022890&xid=1022890)
![Navios no Porto de Vitória: especialista vê risco de queda em vendas aos EUA e maior importação de itens chineses | Foto: Dayana Souza — 02/06/2019](https://cdn2.tribunaonline.com.br/img/Artigo-Destaque/220000/382x285/ArcelorMittal-anuncia-investimento-de-ate-R-4-bilh0022902300202502061229/ProportionalFillBackground-2.webp?fallback=https%3A%2F%2Fcdn2.tribunaonline.com.br%2Fimg%2FArtigo-Destaque%2F220000%2FArcelorMittal-anuncia-investimento-de-ate-R-4-bilh0022902300202502061229.jpg%3Fxid%3D1023415&xid=1023415)
![Navios no Porto de Vitória: especialista vê risco de queda em vendas aos EUA e maior importação de itens chineses | Foto: Dayana Souza — 02/06/2019](https://cdn2.tribunaonline.com.br/img/Artigo-Destaque/220000/382x285/PF-faz-operacao-contra-fraude-no-INSS-que-usava-id0022900800202502061020/ProportionalFillBackground-2.webp?fallback=https%3A%2F%2Fcdn2.tribunaonline.com.br%2Fimg%2FArtigo-Destaque%2F220000%2FPF-faz-operacao-contra-fraude-no-INSS-que-usava-id0022900800202502061020.jpg%3Fxid%3D1022768&xid=1022768)
Comentários