Lojistas tentam negociar pagamento de aluguel

| 25/03/2020, 15:39 15:39 h | Atualizado em 25/03/2020, 15:59

srcset="https://cdn2.tribunaonline.com.br/prod/2020-03/372x236/cesar-saad-junior-aa5576dde583745de8c6d3f758519936/ScaleUpProportional-1.webp?fallback=%2Fprod%2F2020-03%2Fcesar-saad-junior-aa5576dde583745de8c6d3f758519936.jpg%3Fxid%3D114733&xid=114733 600w, César Saad Junior, presidente da Associação Comercial da Praia do Canto, em Vitória

Sem faturar e com as lojas fechadas em meio ao avanço da pandemia do novo coronavírus (Covid-19), lojistas têm tentado negociar com as imobiliárias e donos de imóveis os valores dos aluguéis. Os comerciantes têm pedido a redução em 30% a 40% e adiamento dos vencimentos.

Segundo o diretor-executivo da Câmara de Dirigentes Lojistas (CDL) da Serra e de Cariacica, Samuel Vale, as entidades estão intermediando conversas entre os lojistas e os donos do imóveis, para que haja a redução ou o adiamento nos vencimentos.

O diretor contou que algumas lojas já renegociaram os valores e conseguiram adiar os vencimentos. Samuel não especificou um número de negócios fechados, mas disse que os pleitos estão sendo negociados caso a caso, já que cada loja tem uma necessidade específica.

“É preciso fazer uma discussão de cada caso, porque ninguém quer dar prejuízo para dono de imóvel. Tem gente que já pagou o mês de março, e não vai ter problema. Tem loja que pode ter 80% de redução do aluguel e outras menos. Vai depender de cada ponto”, explicou o diretor-executivo.

Já o presidente da CDL Vitória, Estanislau Ventorim, destacou a delicadeza da situação, mas afirmou que o histórico entre locadores e locatários pode ajudar no diálogo no tempo certo.

“O proprietário não vai querer perder um bom inquilino, e quem tem histórico de pagamento pontual terá mais facilidade para negociar. Cada um vai saber o momento e a forma certa de fazer essa negociação”, afirmou Ventorim.

O diretor da Federação do Comércio do Estado (Fecomércio-ES), José Carlos Bergamin, explicou que há negociações de lojas de rua que pedem um abatimento de 30% a 40% no valor dos aluguéis.

Em nota, a Associação das Empresas do Mercado Imobiliário do Espírito Santo (Ademi-ES) ressaltou que está acompanhando os desdobramentos da pandemia da Covid-19, mas não explicitou como estão as negociações entre as empresas do setor e os lojistas.


Esperança de que situação será resolvida

Em meio à inédita situação causada pelo coronavírus, o empresário César Saad Junior, presidente da Associação Comercial da Praia do Canto, em Vitória, afirmou esperar que estímulos sejam realizados para reaquecer a economia, de forma a permitir que os lojistas consigam retomar seu trabalho.

“É uma situação muito difícil, que só será resolvida após um grande entendimento entre os agentes econômicos. Quando a pandemia acabar, será a hora de arregaçar as mangas e retomar o curso normal da vida econômica”, afirmou o empresário.

Sobre a incerteza com relação ao pagamento dos aluguéis dos pontos dos lojistas, Saad afirmou ter esperança de que a situação será resolvida a partir de bom senso das partes.


Shoppings analisam o caso

O fechamento temporário de praticamente todos os shoppings do País devido à pandemia do coronavírus levantou hipóteses sobre a possibilidade de isenção no pagamento de aluguel das lojas. A medida chegou a ser anunciada, através de nota, pela Associação Brasileira de Lojistas de Shopping (Alshop).

A nota informou que, no mês de março, o aluguel seria cobrado parcialmente, e nos meses seguintes não haveria cobrança de aluguel das lojas enquanto os shoppings estivessem fechados.

Entretanto, a Associação Brasileira de Shopping Centers (Abrasce) esclareceu em comunicado que a cobrança de aluguel dos lojistas será apenas adiada.

No comunicado, assinado pelo presidente da Abrasce, Glauco Humai, a associação destacou entender que deve priorizar e responder as demandas e necesssidades dos lojistas de acordo com o desenvolvimento do cenário, em uma análise diária, e citou que qualquer ação de longo prazo tomada seria mal dimensionada pela falta de informações necessárias.

“O aluguel, enquanto o período de fechamento permanecer, fica suspenso, mantendo-se a exigibilidade do aluguel para uma posterior definição sobre o assunto”, informou a nota da Abrasce.

Procuradas, as assessorias de comunicação de shoppings da Grande Vitória ou não retornaram contato ou optaram por não se posicionar oficialmente a respeito.


Opiniões

"Do ponto de vista das lojas de rua, há sempre uma relação mais íntima entre locatário e locador. As negociações serão melhores”, José Carlos Bergamin, diretor da Fecomércio-ES.

"Os lojistas estão à própria sorte no diz respeito aos aluguéis. O sindicato concorda que tem que ser feita uma negociação”, Rodrigo Rocha, presidente Sindicomerciários-ES.


Análise: “Devem entrar num entendimento”

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“Locador e locatário devem ter tolerância. O primeiro deve, dentro do possível, isentar o locatário de multa, juros e, se houver inadimplência, verificar se o locatário está com dificuldade em pagar o aluguel. Na maioria dos contratos, o locatário também tem a obrigação de pagar o IPTU, e, nesse ponto, o locador deve buscar uma solução, pois pode sofrer com as consequências do não pagamento do imposto. Outro cuidado que o locador deve ter é o de monitorar o pagamento do condomínio do imóvel alugado. No geral e principalmente na locação comercial, locador e locatário devem entrar num entendimento, pois, com lojas fechadas, não há circulação de dinheiro e consequentemente pode haver atraso de aluguel e até o fechamento do estabelecimento”.

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