Lojas vão trocar cartão por Pix para parcelar compras
Nova modalidade que vai começar a valer em dezembro é bem-vista pelos lojistas, que já preveem mudanças no pagamento parcelado
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Três letras que muita gente gosta de ouvir: Pix. A modalidade de pagamento instantâneo foi lançada em fevereiro de 2020 pelo Banco Central (BC) e inovou o mercado durante a pandemia. Até março de 2025, mais de 566 milhões de contas estavam cadastradas no sistema, realizando mais de 6,2 milhões de transações.
No início do mês de abril, o BC anunciou mais uma mudança para o Pix: a partir de setembro, a modalidade de pagamento poderá ser realizada através de parcelas mensais, com cobrança de juros pelas instituições financeiras. O lojista receberá o valor do pagamento à vista, sem pagar por juros aos bancos, ainda que os compradores optem por parcelar a compra.
Glenda Amaral, presidente da Uniglória e do Sindilojas de Vila Velha, encara a mudança de forma positiva, e enxerga que os lojistas vão adotar a novidade para parcelar compras.
“Essa nova modalidade é muito interessante, porque vai facilitar ainda mais o pagamento das compras. Acho que os lojistas vão desconfiar de início, ter um pouco de receio, mas depois vão adotar a novidade para parcelar compras”, disse.

Para José Carlos Bergamin, vice-presidente da Federação do Comércio do Espírito Santo (Fecomércio-ES), a mudança será positiva principalmente para pequenos negócios e prestadores de serviços, na medida em que aumenta a acessibilidade.
“Imagine quantos serviços serão estimulados. As pessoas, se puderem parcelar o pagamento de uma encomenda de doces de aniversário, ou de um salão de beleza, vão aumentar as compras. O cartão de crédito ainda não é tão acessível para a população quanto o Pix. Pequenos empreendedores, como um vendedor de picolé ou de água de coco, terão mais facilidade para operar. Eu enxergo que o Pix foi, e ainda é, um grande sucesso. Nós, comerciantes, estamos seguros e otimistas com o anúncio da novidade”, destacou
Para Jordana Tedesco, comerciante em Jardim da Penha desde 2002, e proprietária do foodtruck “Yaki Food”, a novidade vai aquecer as relações entre compradores e vendedores.
“Se o Pix for oferecido também como uma forma de crédito, as pessoas vão sim se utilizar dessa novidade. Isso com certeza é mais uma opção para o cliente consumir, e nós, comerciantes, vamos receber o valor integral”.
O Pix cobra R$ 0,01 a cada 10 operações de pessoas físicas.
Novidade reforça direitos do consumidor, diz especialista
A novidade do Pix anunciada pelo Banco Central (BC) reforça direitos básicos dos consumidores previstos na Constituição, segundo o economista Ricardo Paixão.
“Essa mudança reforça a possibilidade do consumidor de encaixar um produto no orçamento. E isso reforça direitos básicos previstos na Constituição Federal, como alimentação, educação, saúde, e abrigo”, pontuou.
Com o parcelamento do Pix, consumidores que não têm cartão de crédito podem conquistar a chance de comprar produtos que são necessários às necessidades básicas.
“O valor de um bem pode impedir o direito do consumidor de consumir, e atender as necessidades básicas para o padrão de vida dele. Então o parcelamento do Pix dá uma chance de adquirir esse produto”, afirmou.
Porém, Ricardo ressalta que a mudança no sistema de pagamento deve ser utilizada com cautela, para não ser desperdiçada com impulsos ou itens desnecessários.
“Nada de esbanjar. Não é sobre ter direito a uma casa de praia cara, mas sim a uma casa compatível com o padrão de renda do consumidor”.
Garantia
Além da novidade de parcelamento com o sistema Pix, o BC também anunciou o “Pix em garantia”. A nova implementação será uma solução que permitirá que os recebíveis futuros de Pix sejam usados como garantia em operações de crédito.
O objetivo é baratear o crédito ofertado para as empresas, principalmente para aquelas cujo uso do Pix é mais relevante.
A medida é voltada para empresas, e não vai impactar a forma como pessoas físicas utilizam o Pix.
A solução ainda está em desenvolvimento pelo BC, e a expectativa é que esteja disponível somente em 2026, devido à complexidade da infraestrutura.
Entenda a nova mudança do Pix
Mudanças
O que muda: Pix poderá ser parcelado. O comprador poderá solicitar crédito em uma instituição financeira para conseguir o parcelamento de uma transação via Pix.
Quando muda: o Banco Central (BC) anunciou que a mudança estará disponível para a população a partir de setembro.
Quem tem direito: pessoas físicas e pessoas jurídicas cadastradas no Diretório de Identificadores de Contas Transacionais (DICT) do Banco Central, que administra o sistema Pix.
Como poderá ser usado: o Pix parcelado poderá ser utilizado para qualquer tipo de transação, inclusive para transferências.
Como será o parcelamento: o cliente poderá parcelar a compra, mas o lojista terá acesso a todo valor instantaneamente, sem pagamento de juros.
Qual a contrapartida: a instituição financeira onde o comprador detém a conta cadastrada no sistema Pix definirá o processo em caso de atraso no pagamento das parcelas ou de inadimplência.
Vantagens do Pix Parcelado
Maior flexibilidade de pagamento: o principal benefício da novidade é a possibilidade de dividir o valor de uma compra ou pagamento em várias parcelas, permitindo que o consumidor administre melhor o orçamento mensal.
Alternativa ao cartão de crédito: para quem não possui limite disponível no cartão de crédito, ou prefere não comprometer o cartão com grandes valores, o Pix Parcelado oferece uma solução prática e acessível.
Rapidez e praticidade: assim como o Pix tradicional, a nova modalidade mantém a característica de agilidade nas transações. Em poucos segundos, a transação é concluída, e você pode fazer compras ou transferêcias sem burocracias.
Acesso a crédito com facilidade: o Pix Parcelado pode ser uma boa opção para quem precisa de crédito rápido e sem complicações, já que muitas instituições oferecem o parcelamento sem a necessidade de passar por um processo complexo de aprovação de crédito.
Disponível 24/7: assim como o Pix tradicional, a nova modalidade está disponível todos os dias da semana e a qualquer hora do dia, permitindo a realização de transações sempre que necessário.
Autoatendimento do Mecanismo Especial de Devolução: outra novidade anunciada pelo Banco Central, a solução será aplicável somente para fraudes, e permitirá a contestação de transações Pix diretamente por meio do aplicativo dos bancos, de forma 100% digital.
A medida não poderá ser usada para desacordos comerciais, casos envolvendo terceiros, e envio de Pix para a pessoa errada por erro do próprio pagador. Com o MED, também será possível consultar o status e a evolução dos pedidos de devolução efetuados.
Fonte: Banco Central.
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