Exportação capixaba cai 34% no 1º mês do tarifaço de Trump nos Estados Unidos
Vendas de produtos do Estado ao exterior tiveram queda em abril, tanto em relação ao mesmo mês em 2024 quanto frente a março
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As exportações do Espírito Santo para o mercado internacional desabaram no primeiro mês de vigor do “tarifaço” estabelecido pelo presidente americano Donald Trump, quando comparados os dados anuais e mensais disponíveis no Comex Stat, do Ministério do Desenvolvimento, Indústria, e Comércio.
As vendas totais foram de US$ 636 milhões (R$ 3,6 bi) em abril. No mesmo mês em 2024, esse valor foi de US$ 974 milhões (R$ 5,5 bi), uma queda de 34,7%. Já em relação a março, quando o total foi de US$ 880 milhões (R$ 5 bi), a queda foi de 27,7%.
O ferro fundido e o aço foram os produtos que mais tiveram queda em valor. Em abril de 2024, foram cerca de R$ 183,7 milhões em ferro fundido, ferro e aço comercializados no mercado internacional. Já no mesmo mês deste ano, o valor caiu para R$ 77,4 milhões, redução de 57,87%
A diversificação dos fornecedores de alguns países-destinos das exportações brasileiras devido à maior oferta do produto no mercado pode ser um dos motivos para o dado negativo, avalia a mestre em Administração e professora de Economia e Mercado, Renata Oliveira.
“Os Estados Unidos são um grande consumidor de ferro e aço. Quando caem as exportações para o país, há maior oferta do produto e permite às nações diversificarem o fornecimento. Isso gera proteção”, analisa.
Já para o professor e especialista em Relações Institucionais Daniel Carvalho, a queda se deve a dois fatores diferentes: a nova política tarifária americana e a antecipação da compra de alguns países.
“Os compradores americanos, sabendo que haveria o tarifaço e que os preços iriam subir, anteciparam muitas compras e, por isso, se exportou tanto em março”.
Observar o comportamento dos próximos meses é fundamental para entender o cenário, afirma Carvalho. “A gente vai ver a coisa meio que adentrando em um novo normal”, diz.
A medida adotada pelos EUA acende alerta para o risco de redução da competitividade internacional dos produtos capixabas, aponta a Federação do Comércio (Fecomércio-ES) e o Sindicato do Comércio de Importação e Exportação (Sindiex). “A medida traz implicações para a balança comercial capixaba”, disseram as instituições, por meio de uma nota conjunta.
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Findes
Para a federação das Indústrias do Espírito Santo, é preciso avaliar com cautela os futuros impactos da política tarifária americana.
“Nesse momento, o tarifaço não é responsável pela redução de 34,7% nas exportações do Espírito Santo no mês de abril”, diz a gerente de Estudos Estratégicos do Observatório Findes, Carolina Ferreira.
A entidade explica que as cargas embarcadas em abril já possuíam processos de solicitação iniciados nos meses anteriores, ou seja, antes do vigor do tarifaço.
Há ainda a possibilidade de que um grande volume de cargas tenha sido planejado para ser exportado na última semana de um mês e postergadas para a primeira semana do mês seguinte, provocando uma elevação em março de caráter logístico.
Tarifaço
A taxação de importações de produtos foi anunciada por Donald Trump, presidente dos EUA, em 2 de abril e começou a valer no dia 5 do mesmo mês.
A ação gerou uma onda de retaliações de outras naçõesm algo que configurou em uma guerra comercial, provocando um nó no mercado internacional.
O objetivo de Trump é reindustrializar os EUA, ou seja, importar menos e produzir mais.
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