Escala 6x1: “Onda de demissões” é prevista, dizem empresário
Empresários dizem que a proposta de reduzir a jornada semanal de 44 para 36 horas obrigaria empresas a fechar portas ou subir preços
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Empresários criticam a Proposta de Emenda à Constituição (PEC) que visa acabar com a escala de trabalho no modelo “6x1”, ou seja, o regime atual, que permite trabalhar seis dias na semana e descansar um, reduzindo a jornada semanal de 44 para 36 horas.
Para representantes de diversos setores da economia no Estado, a PEC pode causar uma onda de demissões. A PEC foi proposta pela deputada federal Erika Hilton (Psol-SP) e já obteve o número mínimo de assinaturas necessárias para ser apresentada na Câmara. Porém, ela não foi bem recebida pelo setor empresarial, que considera o projeto inviável.
Paulo Solmucci, presidente-executivo da Associação Brasileira de Bares e Restaurantes (Abrasel), disse que, além da alta de custos, há o risco de aumento da informalidade, que atinge 3,6 milhões dos cerca de 5,1 milhões de trabalhadores do setor.
O presidente do Sindicato dos Bares e Restaurantes do Estado (Sindbares-ES), Rodrigo Vervloet, classifica a PEC como “inoportuna e inconsequente”. “Da forma como está, inflacionaria o valor da mão de obra em mais de 40%. Essa pressão iria refletir em toda a cadeia e resultaria em produtos mais caros para o próprio trabalhador. Muitos estabelecimentos fechariam”.
Assessor jurídico da Associação Capixaba de Supermercados (Acaps), Júnior Fiorotti, afirmou que as empresas do setor teriam de contratar 60% a mais de funcionários para se adequar a uma eventual mudança.
“Por um lado, resultaria em mais emprego. Mas do outro lado, você teria um aumento da inflação. Todo o setor produtivo teria de repassar esse custo ao consumidor. Fora que todos os supermercados do Estado, sem exceções, estão com vagas abertas, porque a mão de obra está escassa”, frisou.
Para Fernando Otávio Campos, presidente da Associação Brasileira da Indústria de Hotéis no Espírito Santo (ABIH-ES), a ideia de oferecer ao trabalhador mais tempo de lazer pode parecer correta, mas inviabiliza milhares de negócios.
“A evolução tem de vir primeiro com a redução de custos para contratar. O governo tem de reduzir os impostos na folha de pagamento para permitir estudar algum avanço. Como está, a medida vai incentivar o avanço da automação que vem ficando mais barata e o custo do trabalhador ficará mais alto ainda.”
Motta quer ouvir os empresários
Favorito para presidir a Câmara dos Deputados a partir de fevereiro, o deputado Hugo Motta (Republicanos-PB) demonstrou preocupação com a proposta de emenda constitucional (PEC) que acaba com a jornada de seis dias de trabalho por semana para um de folga (6x1).
“Me preocupa muito, por exemplo, essa PEC agora recentemente apresentada, essa 6 por 1, onde se criou um verdadeiro movimento nas redes sociais a favor da PEC, que é um tema que nós temos e nós vamos discutir, mas não ouvindo apenas um lado”, afirmou Motta.
“Nós temos que ouvir, também, quem emprega. Temos que ouvir os dois lados para que, a partir daí, nós não venhamos a ter o avanço de uma pauta que possa amanhã ser danosa ao País”, completou o deputado federal, durante um almoço com empresários do setor produtivo.
Na sequência, o líder do Republicanos disse que a sua posição não é nem favorável nem contrária à proposta de autoria da deputada Erika Hilton (Psol-SP).
“Não estou aqui dizendo que sou a favor ou contra. Estou dizendo que o Parlamento tem que, na sua maturidade, discutir esses temas e discutir respeitando quem pensa o contrário. A Câmara não pode se transformar em uma Casa onde o debate fique prejudicado, às vezes por agressões pessoais e verbais, que em nada contribuem.”, explicou.
Erika diz que vai conversar com o governo federal
A deputada federal Erika Hilton (Psol-SP) comemorou a repercussão dada a Proposta de Emenda à Constituição (PEC) que reduz a escala de trabalho 6x1, mas indicou que ainda não protocolou o texto porque segue em busca de apoio dos deputados e que vai conversar com o governo federal.
A matéria atingiu na quarta-feira (13) as 171 assinaturas necessárias para poder tramitar na Câmara.
“Estamos felizes, estamos contentes com os resultados que estamos obtendo, estamos contentes com a mobilização que aconteceu e temos certeza de que este será o tema mais importante a ser discutido nesse momento. Eu espero também, depois que a gente conversar com o ministro Padilha, eu pretendo também procurar o presidente (da Câmara) Arthur Lira para conversar”.
Hilton enfatizou que a mobilização em torno do tema mostra que a esquerda permanece viva e capaz de organizar a classe trabalhadora ao redor de uma questão de interesse.
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