Dólar cai a R$ 6,09 após sessão volátil, com China, fiscal e inflação no radar
Moeda norte-americana abriu a semana em alta, mas passou a cair e começou a rondar a estabilidade
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O dólar fechou esta segunda-feira (13) próximo a estabilidade, com variação negativa de 0,08%, a R$ 6,097, após uma sessão volátil marcada por dados de recorde nas exportações chinesas em 2024, sinalizações de novas medidas fiscais para 2025 e expectativa de piora na inflação.
A moeda norte-americana abriu a semana em alta, mas passou a cair e começou a rondar a estabilidade. Após a divulgação dos dados sobre a inflação, firmou movimento de subida, mas reverteu ganhos ao fim da sessão.
Já a Bolsa fechou com leve alta de 0,12%, aos 119.006 pontos, com uma sessão favorável para as ações da Petrobras e de bancos.
O boletim Focus, divulgado nesta segunda pelo BC (Banco Central), mostrou que a mediana das expectativas para o IPCA (Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo) em 2025 agora é de alta de 5%, ante 4,99% na semana anterior.
Para o fim de 2026, a projeção para a inflação é de 4,05%, de 4,03% há uma semana.
O BC divulgou ainda uma nova edição da etapa piloto da nova pesquisa Firmus, que traz a percepção de empresas de fora do setor financeiro sobre seus negócios e as principais variáveis econômicas, apontando uma visão mais pessimista para a inflação este ano e no próximo.
O projeto piloto do Firmus tem coletas trimestrais e o resultado divulgado nesta segunda diz respeito à percepção apresentada em novembro por 136 empresas participantes.
De acordo com os dados, as companhias projetavam em novembro que a inflação brasileira fechará 2025 em 4,20% na mediana das estimativas, acima dos 4% apontados no levantamento de agosto.
Em relação à atividade econômica, segundo a mediana da pesquisa Firmus, o PIB deste ano deve crescer 2%. Foi a primeira vez que as empresas foram questionadas sobre a atividade econômica para 2025.
A previsão ficou ligeiramente abaixo dos 2,02% apontados no Focus desta semana.
Mais cedo nesta segunda, os investidores haviam reagido positivamente nesta sessão a promessas de que a equipe econômica do Ministério da Fazenda apresentará novas medidas fiscais em 2025 para garantir a sustentabilidade do arcabouço fiscal.
O mercado tem questionado a capacidade do governo de promover uma estabilização do endividamento público.
A desconfiança aumentou e gerou volatilidade em preços de ativos depois que a equipe econômica anunciou no fim do ano um pacote de ajuste fiscal considerado insuficiente, apresentado em conjunto com uma proposta de isenção de Imposto de Renda para quem ganha até R$ 5 mil.
Na última sexta-feira, Haddad disse em entrevista à GloboNews que o governo segue estudando novas iniciativas para sanear as contas públicas, acrescentando que "só o que se faz" na Fazenda é estudar novas iniciativas.
Já o secretário-executivo da Fazenda, Dario Durigan, afirmou em entrevista ao jornal O Globo que o governo deve adotar novas medidas fiscais neste ano.
De acordo com Durigan, as novas propostas de corte de despesas e arrecadação devem começar a ser debatidas após a aprovação pelo Congresso do Orçamento de 2025, informou O Globo.
"Hoje o mercado está um pouco menos pessimista em relação ao fiscal, que já vimos notícias bem interessantes e melhora na perspectiva para 2025", disse Eduardo Moutinho, analista de mercados do Ebury Bank.
"Vejo uma força-tarefa do governo para melhorar a credibilidade em relação ao governo a fim de mostrar compromisso com o fiscal", acrescentou.
Os agentes do mercado financeiro também acompanharam comentários do diretor de Política Econômica do Banco Central, Diogo Guillen, em evento do Bradesco Asset, que disse que nada mudou na política do BC para atuação no câmbio.
Segundo Guillen, a meta de resultado primário do governo federal de 2024 tende a ser cumprida, considerando o limite inferior estabelecido, mas o quadro fiscal ainda demanda atenção.
O diretor apontou que a percepção de mercado captada pelo BC no questionário pré-reunião do Copom (Comitê de Política Monetária) piorou em relação à situação fiscal.
"Há incertezas em relação ao cumprimento das metas nos próximos anos e as projeções dos analistas indicam trajetória crescente da dívida", disse.
Também afirmou ter pouca dúvida de que a política de juros da autarquia está em patamar contracionista e está indo para "bastante contracionista".
Em sua reunião de dezembro, o Copom elevou a Selic em 1 ponto percentual, prevendo mais dois ajustes equivalentes em janeiro e março, o que levará a taxa a 14,25% ao ano, se confirmada essa orientação.
No cenário externo, os investidores reagiram a notícia de que a China terminou 2024 com um recorde de exportações e atingiu pela primeira vez o patamar de 25 trilhões de yuans (R$ 20,81 trilhões), um aumento de 7,1% em relação ao ano anterior, de acordo com informações de órgãos estatais.
Já as importações subiram 2,3% e foram a 18,39 trilhões de yuans (R$ 15,3 trilhões), segundo os dados divulgados pela emissora de televisão estatal CCTV nesta segunda-feira (13). O superávit da balança comercial de 7,26 trilhões de yuans (quase US$ 1 trilhão) é o maior da história, sendo que um terço dele foi em negociações com os EUA.
As exportações têm sido um motor importante de crescimento para a economia chinesa, que ainda está sobrecarregada por uma crise imobiliária prolongada e pela confiança instável do consumidor.
Além disso, os chineses e o mundo se preparam para o aumento dos riscos comerciais sob a presidência de Donald Trump nos Estados Unidos.
Trump, que retornará à Casa Branca na próxima semana, propôs tarifas pesadas sobre os produtos chineses, provocando temores de uma nova guerra comercial entre as duas superpotências.
As taxas dos DIs (Depósitos Interfinanceiros) fecharam a segunda-feira em queda, principalmente entre os contratos com prazos mais curtos, refletindo expectativa de que o governo Lula possa adotar novas medidas na área fiscal ao longo de 2025, como sinalizado por membros da equipe econômica em entrevistas recentes.
Na ponta longa da curva as taxas terminaram com leves ganhos, após o rendimento do Treasury de dez anos -referência global de investimentos- ter atingido o maior nível em 14 meses durante a sessão.
No fim da tarde a taxa do DI para julho de 2025 -um dos mais líquidos no curtíssimo prazo- estava em 14,005%, ante o ajuste de 14,047% da sessão anterior.
Já a taxa do contrato para janeiro de 2026 marcava 14,955%, em baixa de 11 pontos-base ante o ajuste de 15,069%, e o vencimento para janeiro de 2027 estava em 15,29%, em queda de 14 pontos-base ante 15,425%.
Entre os contratos mais longos, a taxa para janeiro de 2031 estava em 15,22%, ante 15,207% do ajuste anterior, e o contrato para janeiro de 2033 tinha taxa de 15,07%, em alta de 4 pontos-base ante 15,035%.
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