Dívida bruta sobe no 2º ano do governo Lula puxada por mais gastos e juros
Dados do Banco Central divulgados nesta segunda-feira (11) mostraram um aumento de quase 4 pontos percentuais no acumulado do ano até setembro
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A expansão de gastos e a evolução dos juros impulsionaram a dívida bruta do Brasil no segundo ano do governo de Luiz Inácio Lula da Silva (PT). Dados do Banco Central divulgados nesta segunda-feira (11) mostraram um aumento de quase 4 pontos percentuais no acumulado do ano até setembro, de 75,2% para 78,3% do PIB (Produto Interno Bruto).
Na comparação mensal, houve um alívio pontual em setembro, quando a dívida bruta ficou em 78,3% do PIB, redução de 0,2 ponto percentual em relação a agosto. Esse resultado, contudo, é insuficiente para reverter a trajetória de alta do endividamento.
A dívida bruta -que compreende governo federal, INSS (Instituto Nacional do Seguro Social) e governos estaduais e municipais- é um dos principais indicadores econômicos observados pelos investidores na hora de avaliar a saúde das contas públicas. A comparação é feita em relação ao PIB para mostrar se a dívida do governo é sustentável.
De acordo com o BC, o aumento no ano reflete sobretudo a incorporação de juros nominais (elevação de 5,6 pontos percentuais). Cerca de 50% do total de títulos emitidos pelo governo são remunerados pela taxa básica de juros, a Selic, que está em ciclo de alta e chegou a 11,25% ao ano. Isso gera automaticamente uma pressão adicional sobre o endividamento da União.
Além disso, tem havido também aumento nas taxas cobradas em prazos mais longos, diante das incertezas quanto à sustentabilidade do arcabouço fiscal.
A variação também foi puxada para cima pela emissão líquida de dívida (alta de 1,2 ponto percentual), que demonstra que o governo está captando recursos no mercado em volume maior do que o necessário para rolar sua dívida.
O governo Lula já vê a dívida bruta acima de 81% do PIB a partir de 2026, último ano do atual mandato do presidente, com a piora no resultado das contas públicas e o aumento na taxa de juros.
A escalada da dívida para o patamar acima de 80% já foi considerada, em estudos do próprio Tesouro no passado, como insustentável para um país como o Brasil.
Segundo dados do BC, a única vez em que a dívida bruta ficou acima de 80% do PIB foi durante a pandemia de Covid-19.
Para garantir uma trajetória de estabilização da dívida, seria necessário um superávit primário em torno de 1% do PIB. Neste ano, o ministro Fernando Haddad (Fazenda) traçou como objetivo perseguir o déficit zero. A meta da equipe econômica, contudo, conta com um intervalo de tolerância de até 0,25 ponto percentual do PIB para mais ou para menos.
A tendência de alta do endividamento do governo reflete o peso das despesas previdenciárias, que cresceram significativamente ao longo do ano. Outra despesa que teve aumento expressivo é o BPC (Benefício de Prestação Continuada), pago a idosos e pessoas com deficiência de baixa renda.
Sob pressão, a equipe de Haddad lidera um debate sobre medidas de contenção de despesas. O pacote de corte de gastos, contudo, não serve sozinho para conter o avanço da dívida pública, dado que o limite total de despesas continuará sendo o mesmo. O alívio só virá se houver também crescimento pelo lado das receitas.
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