Carro vai rodar mais com nova gasolina, dizem especialistas

| 01/07/2020, 16:05 16:05 h | Atualizado em 01/07/2020, 17:03

Uma nova gasolina vai chegar aos postos de combustíveis no mês que vem. Mais cara, ela tem potencial para fazer os veículos rodarem mais com menos, economizando até 6%.

srcset="https://cdn2.tribunaonline.com.br/prod/2020-05/372x236/gasolina-c2c36352b82dd232320500037f0b4f25/ScaleUpProportional-1.webp?fallback=%2Fprod%2F2020-05%2Fgasolina-c2c36352b82dd232320500037f0b4f25.jpeg%3Fxid%3D129857&xid=129857 600w, Abastecimento em posto
A mudanças na gasolina acontecem após uma nova resolução da Agência Nacional do Petróleo (ANP). Ela determina várias alterações, mas as duas principais são: toda gasolina comum precisa ter massa específica mínima de 715 kg/m³ e octanagem mínima de 92 octanas por uma metodologia chama de RON.

Coordenador do Laboratório de Pesquisa e Desenvolvimento de Metodologias para Análise de Petróleos da Ufes, Eustáquio Vinícius Ribeiro de Castro, explicou: “A massa específica da gasolina está relacionada à sua densidade e, por obvio, à sua composição química. Elevar a massa específica implica a adição de componentes mais pesados e que têm efeito no aumento do rendimento do ponto de vista energético do combustível.”

Já a octanagem, prosseguiu Eustáquio, reflete a resistência à detonação da gasolina quando comprimida. “Ou seja: explode no tempo certo”. Traduzindo: a gasolina passa a ser mais densa e deixa o motor mais resistente.

“A mudança na octanagem vai evitar a detonação do motor, que vai render mais. A nova gasolina também vai ter nova temperatura de ebulição. Vai passar a evaporar com menos facilidade, ajudando a render mais”, acrescentou.

Diretor de combustíveis da Associação de Brasileira de Engenharia Automotiva, Rogério Gonçalves, disse que o consumo vai reduzir em torno de 6%.

“Pode rodar mais quilômetros por litro. Mas vai variar de veículo, do modo de digirir e da gasolina usada antes. A gasolina importada foi o grande motivador dessas mudanças. Estudos constataram que as gasolinas do mercado estavam com densidade muito baixa e não tinha parâmetro regulado.”

A gasolina “mais fina”, dizem os especialistas, justifica o aumento nos preços. A Petrobras, apesar de confirmar o aumento, não o crava. Economistas estimam cerca de 4 a 10 centavos mais cara.


ANÁLISE


“Apesar do maior preço na bomba, pode diminuir manutenção” - Márcia Milach é coordenadora do curso de Engenharia Mecânica da Multivix Serra

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“A nova gasolina – e seus elementos apresentados – pode ser favorável em relação ao custo benefício, a longo prazo, porque vão ser colocados aditivos no combustível, que diminuem o atrito e a incrustação dentro do motor.

Esse mesmo aditivo vai promover benefícios e, apesar do preço maior na bomba, pode ser favorável para diminuir gastos com manutenção do veículo, aumentando a sobrevida do motor e causando menor deteriorização das peças.

Ele vai funcionar como um 'detergente'. Já em relação à octanagem, que agora passa a ter um valor mínimo na fórmula, tem tendência a render um pouco mais.

Mas isso não vai se aplicar a carros esportivos, por exemplo, já que os veículos vão se comportar de maneira diferente à nova gasolina. O impacto no bolso, no entanto, será preciso aguardar na prática, a partir do mês que vem.”


SAIBA MAIS


O que vai mudar
> A nova especificação atende à Resolução 807/20 da ANP (Agência Nacional do Petróleo), publicada no início de junho, determinando que a gasolina comum tenha massa específica mínima de 715 kg/m e ctanagem mínima de 92 octanas pela metodologia RON.

Quando vai mudar
> A partir do mê que vem, toda gasolina produzida em refinarias do Brasil ou importada para distribuição no País será disponibilizada com a nova qualidade. A Petrobras disse que está pronta para as novidades.

Impacto no preço
> Anelise Lara, da diretoria da Petrobras, já admitiu: “Como a gente pratica o preço de paridade com a importação, ela será mais cara porque será comparada com gasolinas de melhor qualidade do exterior.”
> Economistas estimam aumento de até 10 centavos. Mas especialistas dizem que a economia pode ser de até 6% com gastos.

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