Carne de segunda chega a custar R$ 69,90

| 04/03/2021, 15:50 15:50 h | Atualizado em 04/03/2021, 16:06

As donas de casa e os amantes do churrasco, entre outros consumidores, perceberam que o preço da carne de boi voltou a subir nas últimas semanas. As carnes nobres, como picanha e filé mignon, já alcançaram preços que superam R$ 100 o quilo.

Substituir esses cortes e economizar, porém, virou uma tarefa difícil. Mesmo as chamadas carnes de segunda tiveram alta de preço. É o caso da paleta, costela e da fraldinha, que chegam a custar R$ 69,90.

Em um supermercado da Grande Vitória, a peça de fraldinha de 2,4kg, por exemplo, é vendida a R$ 152,89 – R$ 61,90 o quilo do tipo maturada, que passa por processo de amaciamento prévio.

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As carnes consideradas de segunda costumam ser menos macias, pois ficam nas regiões em que o animal se movimenta mais. Os cortes são o músculo dianteiro, coxão duro, chuleta, capa de filé, costela, paleta, fraldinha e acém.

O aumento de preço tem explicação. Segundo Thiago Bernardino de Carvalho, professor da Unesp e pesquisador na área de proteína animal, a alta do dólar e dos alimentos consumidos pelos animais contribui para esse fator.

“O câmbio em alta se tornou interessante para o consumidor externo. A China, por exemplo, tem comprado muita carne do Brasil. A demanda é alta no exterior. Mas a oferta interna reduziu. O produtor passou por momentos de incerteza com a pandemia e diminuiu a engorda do boi no segundo semestre de 2020”, comentou.

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O pesquisador ainda diz que o consumidor terá de esperar para comprar carne mais barata: “Enquanto o dólar estiver em alta, dificilmente os preços vão baixar.”

O superintendente da Associação Capixaba de Supermercados (Acaps), Hélio Schneider, reforça a tese do pesquisador e comenta que outras proteínas animais têm tido boa procura nos estabelecimentos.

“O Brasil é exportador, e o consumidor de fora tem mais condições de pagar pela carne. A gente percebe que o consumidor tem comprado mais frango e porco que são proteínas mais baratas.”

O dono de açougue Matheus Costa Alves afirmou que, com menos procura por cortes nobres, a carne de segunda tem tido boa saída, mesmo com o aumento.

“O boi é vendido por inteiro e a carne de segunda também passa por reajuste. Mas nós tentamos fazer promoções para que o consumidor possa continuar tendo carne no prato”, destacou.


Saiba mais


Alta demanda do exterior

  • A carne bovina produzida no Brasil é muito consumida por outros países. Os frigoríficos, então, vendem muito para o exterior em dólar. Com o dólar em alta e poder aquisitivo maior dos estrangeiros, cresce a exportação e a oferta interna diminui.
  • O valor dos alimentos consumidos pelos animais também subiu, influenciando no preço final.
  • Além disso, houve maior abate de vacas, o que fez com que procriação tenha diminuído, ou seja, há menos bezerros, causando uma oferta menor de gado bovino.

Dicas para economizar

  • A carne de primeira, considerada assim por ser mais macia devido a ficar em partes do corpo pouco movimentas pelo animal e com menos nervos. São elas: picanha, filé mignon, maminha, coxão mole, lagarto, contrafilé, patinho e alcatra.
  • Muitos estão optando por carnes de segunda, trocando a picanha pela fraldinha e a costela, por exemplo.
  • O frango, por ser uma proteína mais barata, tem ganho mais espaço na mesa do consumidor.
  • Cortes de carne suína também têm tido maior demanda.
  • O peixe fresco é mais um que pode substituir a carne de boi no prato do consumidor.
  • Outra opção para quem diminuiu o consumo de carne bovina tem sido comer mais legumes, verduras e ovos.
  • Os nutricionistas alertam para que, caso substitua a carne por feijão, lentilha, etc., também deve-se consumir mais sementes, como chia e semente de abóbora.

Fonte: Thiago Bernardino Carvalho, pesquisador de proteína animal e Felipe Strela, nutricionista.

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