Aumento no número de atestados médicos para "esticar" feriados é estudado
A alta no número de faltas ligou o alerta em meio a empresários e departamentos de RH, que analisam possíveis fraudes em documentos
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Com o Natal e o Ano-Novo ocorrendo no meio da semana, empresários e especialistas suspeitam de que o aumento no número de atestados apresentados por empregados no Espírito Santo tenha relação com a possibilidade de esticar as datas festivas e suas vésperas com o fim de semana, criando dois feriadões.
As empresas têm feito verificação mais rigorosa para apurar possíveis fraudes, e com a ajuda das redes sociais, por exemplo, estão de olho para flagrar possíveis atestados falsos ou quem se aproveita da declaração médica para deixar de trabalhar no intuito de se divertir.
As empresas geralmente se tornam mais atentas nesse período, especialmente se já houve histórico de atestados entregues em datas próximas a feriados, diz Maria Rita Sales, psicóloga da Design Gente.
“Algumas organizações podem optar por verificar redes sociais e outras fontes para garantir a veracidade das informações, embora essa prática deva ser feita com cautela, respeitando a privacidade dos colaboradores”, explicou.
As empresas estão mais atentas ao aumento de atestados, principalmente em casos como nesse fim de ano, com feriados no meio da semana, segundo Eliana Machado, diretora da Center RH.
É comum em feriados prolongados acontecer este aumento de atestados, e muitas empresas estão optando por fazer recesso por este motivo, de acordo com o empresário Fernando Otávio Campos.
Gedais Freire, presidente do Sindicato Patronal de Condomínios (Sipces), contou que há empregados, inclusive em regime de escalas, que em determinados períodos, como perto de feriados, entregam atestados.
“O empregador deve ver com cuidado os atestados, para, se for o caso, aplicar penalidades cabíveis”.
Segundo José Carlos Bergamin, vice-presidente da Federação do Comércio do Estado (Fecomércio-ES), nesse período de muitas comemorações e viagens, as faltas aumentam, porém, não se trata apenas de doença ou de fraude.
“Há muita exposição ao sol, consumo de bebidas alcoólicas, indisposição por alimentos, acidentes domésticos e por vários exageros. As empresas olham o conjunto histórico do funcionário e os seus comportamentos e, quando observam inconformidades, investigam e em muitos casos constata-se que o posto visitado não foi só o de saúde”, ressaltou.
Até demissão por justa causa
Caso seja constatada uma falsificação ou fraude de atestado, o trabalhador pode ser demitido por justa causa, em virtude de desonestidade. Assim, perdem-se direitos como aviso prévio, férias, 13º salário proporcional, multa de 40% do FGTS e seguro-desemprego.
Há situações de trabalhadores que apresentaram atestado verdadeiro e acabaram fazendo viagens, indo para a praia e para festas, que pode acabar em demissão caso seja flagrado pelo empregador, até mesmo em registros em redes sociais, segundo o mentor de carreiras Elias Gomes.
“Isso pega muito mal e a empresa pode às vezes fazer uma dispensa por justa causa, por conta da desonestidade, por um tipo de comportamento que é inadequado”, disse.
Com as redes sociais, fica mais difícil esconder situações de pegar atestados e ir curtir, destacou Eliana Machado, diretora da Center RH.
“É mais complicado alguém conseguir esconder uma ação diante dessa situação. E realmente esse tipo de atitude pode ocasionar até numa demissão, dependendo da situação, até numa justa causa”, afirmou.
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