É possível se proteger do câncer de próstata?
Especialistas explicam que não há uma prevenção exata, mas que estilo de vida saudável e check-up diminuem riscos
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Neste mês está acontecendo a campanha Novembro Azul, que tem o objetivo de conscientizar sobre a saúde do homem, dando grande destaque para o diagnóstico e tratamento do câncer de próstata.
Essa é uma doença mortal, se não cuidada. No ano passado, o Ministério da Saúde notificou 17.093 mortes pela enfermidade no País, ou seja, 47 mortes por dia. Tendo em vista o perigo, seria possível se proteger desse mal?
O médico urologista Camilo Milanez explicou que uma prevenção exata não existe. No entanto, afirmou que “ao ter um estilo de vida saudável com exercícios físicos e dietas adequadas, há a chance de diminuir todos os cânceres, incluindo o de próstata”.
Ele ressaltou ainda que é importante ir ao médico periodicamente e fazer exames, como o Antígeno Prostático Específico (PSA), pois com o diagnóstico precoce a taxa de cura é de quase 100%.
Segundo o presidente da Sociedade Brasileira de Urologia seccional Espírito Santo, Gustavo Ruschi, os homens ainda hoje tendem a procurar menos o urologista quando comparado às mulheres, que vão rotineiramente ao ginecologista, muito por conta do toque retal.
Dados da Sociedade Brasileira de Urologia (SBU) mostram que menos de 40% dos homens acima de 50 anos realizaram exames de próstata em 2023 e 36% nunca fizeram exames como toque retal, PSA ou ultrassonografia.
“O câncer de próstata tende a ser silencioso em seus estágios iniciais e por essa razão os homens devem ser incentivados a procurarem ajuda profissional de maneira regular”, disse Gustavo.
A SBU recomenda seguimento anual ao médico a partir dos 50 anos de idade para os homens em geral e a partir dos 45 para aqueles que têm fatores de risco, como história de câncer de próstata na família e homens negros.
Podem existir situações bastante excepcionais, como a do aposentado Juarez Bento Alves, 76, que ia anualmente ao médico, mas acabou desenvolvendo o câncer em estágio avançado.
“Às vezes, no caso de dúvidas, este intervalo de consultas pode ser reduzido para seis em seis meses”, recomendou o urologista José Tadeu Carvalho Martins, doutor em Ciências Médicas.
José Tadeu citou os sintomas que ocorrem quando a doença está mais avançada: jato urinário fino e intermitente, urgência para urinar, acordar várias vezes a noite para urinar, presença de sangramento na urina ou no esperma, dor no momento da micção.
Além da próstata, Camilo Milanez afirmou que o câncer de testículo e o de pênis são outras doenças que precisam de atenção.
Exemplo de superação
O aposentado Juarez Bento Alves, 76, descobriu que estava com câncer de próstata avançado em 2011, aos 63 anos.
A doença, felizmente, não se disseminou para outros órgãos, e ele passou por tratamento de radioterapia e hormonioterapia.
Após cinco anos, foi considerado curado em 2016. “Cuidar da saúde é fundamental, sem preconceito. E se o problema ocorrer, jamais perca a fé e o otimismo, pois são fundamentais no enfrentamento desta terrível doença!”, aconselhou.
SAIBA MAIS
Câncer de próstata
É a neoplasia maligna mais comum entre os homens no Brasil, excluindo o câncer de pele não melanoma. História familiar, alterações hormonais, idade avançada e obesidade são fatores de risco.
Sintomas
Na fase inicial, é uma doença silenciosa. Se estiver avançada, são sintomas: jato urinário fino e intermitente, urgência para urinar, acordar várias vezes à noite para urinar, sangramento na urina ou no esperma e dor no momento da micção.
Tratamentos
Varia de acordo com o grau de comprometimento do órgão, se está localizado ou tem metástase. Tratamento cirúrgico, radioterapia, quimioterapia ou hormonioterapia.
Câncer de testículo
A faixa de incidência é mais comum em homens na idade entre 15 e 50 anos e, na maioria dos casos, a doença se desenvolve apenas em um dos testículos. Hereditariedade é um dos fatores de risco.
Sintomas
Aumento do volume testicular, indolor. Esse tipo de câncer aparece como um nódulo, e o recomendado é o homem fazer um autoexame. Se houver alteração, procurar o urologista.
Tratamentos
Pode incluir cirurgia para retira do tumor, radioterapia ou quimioterapia.
Câncer de pênis
É um tipo de câncer raro e que pode causar a amputação do pênis. Tem maior incidência em homens com mais de 50 anos.
A má higiene íntima, estreitamento do prepúcio, infecção pelo vírus HPV e o tabagismo contribuem para o surgimento da enfermidade.
Sintomas
Alteração da cor, nódulo, ferida que sangra ou não cicatriza, fluido malcheiroso ou sangramento sob o prepúcio; inchaço na cabeça do pênis e nódulos na virilha.
Tratamentos
Cirurgia, quimioterapia ou radioterapia. Se a doença for detectada precocemente, é possível preservar o pênis.
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