Quais os efeitos colaterais da cloroquina?
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Apesar de não ter a sua eficácia comprovada científicamente contra o coronavírus, a cloroquina segue sendo discutida após um protocolo do Ministério da Saúde autorizar o uso do medimento em casos leves da doença. O documento tem causado reações diversas no país.
Aqui no Espírito Santo, a Secretaria de Estado da Saúde (Sesa) planeja parar de recomendar a hidroxicloroquina para pacientes com Covid-19 em estado grave, em Unidade de Terapia Intensiva (UTI). A informação foi dada pelo subsecretário de Vigilância em Saúde, Luiz Carlos Reblin.
Saiba mais sobre este medicamento, na reportagem do Jornal A Tribuna.
SAIBA MAIS
Riscos
Quais os efeitos colaterais?
- Distúrbios de visão, irritação gastrointestinal, alterações cardiovasculares e neurológicas, cefaleia, fadiga, nervosismo.
Posso comprar em uma farmácia?
- A compra de hidroxicloroquina exige receita médica, decidiu a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa). O órgão afirma que a medida vai permitir que os pacientes que já usam o medicamento não fiquem sem tratamento.
Há evidência científica de que funciona?
- O próprio documento do Ministério da Saúde reconhece que não há evidências suficientes de eficácia, e o termo de consentimento que os pacientes devem firmar com seus médicos cita risco de agravamento da condição clínica. No Twitter, Jair Bolsonaro admitiu que não há respaldo na ciência para a indicação. “Ainda não existe comprovação científica, mas sendo monitorada e usada no Brasil e no mundo. Contudo, estamos em Guerra: 'Pior do que ser derrotado é a vergonha de não ter lutado'", escreveu.
O que o governo federal fez?
- O Ministério da Saúde divulgou um documento que amplia a possibilidade de uso da cloroquina e da hidroxicloroquina também para pacientes com sintomas leves do novo coronavírus.
- Até então, o protocolo adotado pelo Ministério da Saúde previa o uso do medicamento apenas por pacientes graves e críticos e com monitoramento em hospitais.
- O novo protocolo do Ministério da Saúde prevê a indicação de cloroquina ou hidroxicloroquina com azitromicina (um antibiótico) com dosagens diferentes conforme a sequência do tratamento e o quadro do paciente.
O que diz o termo de consentimento?
- O texto mantém a necessidade de o paciente autorizar o uso da medicação e de o médico decidir sobre a aplicar ou não o remédio. A cloroquina não está disponível para a população em geral.
- O termo de consentimento, que deve ser assinado pelo paciente, ressalta que “não existe garantia de resultados positivos” que “não há estudos demonstrando benefícios clínicos”.
- O documento afirma ainda que o paciente deve saber que a cloroquina pode causar efeitos colaterais que podem levar à “disfunção grave de órgãos, ao prolongamento da internação, à incapacidade temporária ou permanente e até ao óbito”.
Pesquisas
O que dizem as pesquisas pelo mundo?
- Um dos maiores estudos feitos até agora não encontrou redução de mortalidade por Covid-19 entre pessoas que foram medicadas com hidroxicloroquina.
- A pesquisa observacional com 1.438 pacientes de Nova Iorque foi publicada no dia 11 de maio na revista Jama, da Associação Médica Americana, um dos principais periódicos médicos do mundo.
- Uma outra grande pesquisa observacional, com 1.376 pacientes de Nova York e publicada na prestigiosa revista científica The New England Journal of Medicine no dia 7 de maio, também apontou que não foram encontradas evidências de que o uso do medicamento reduza mortes ou intubações.
O que dizem as associações médicas?
- A OMS (Organização Mundial da Saúde) afirmou que não há provas de que a hidroxicloroquina ou qualquer outro medicamento possa curar ou prevenir a Covid-19 e que o uso inapropriado pode levar até a morte.
- A Associação de Medicina Intensiva Brasileira, a Sociedade Brasileira de Infectologia e a Sociedade Brasileira de Pneumologia e Tisiologia entraram no mesmo consenso: “As evidências disponíveis não sugerem benefício clinicamente significativo do tratamento com hidroxicloroquina ou com cloroquina”, afirmam.
- A Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) disse que o único estudo já publicado por pesquisadores da Fiocruz com pacientes de Covid-19 foi o CloroCovid-19. “Os resultados iniciais do estudo mostram que pacientes graves com Covid-19 não devem usar doses altas de cloroquina”, diz a Fiocruz.
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