Grávidas mudam rotina e redobram cuidados

| 31/03/2020, 16:50 16:50 h | Atualizado em 31/03/2020, 17:39

Na reta final da gravidez, gestantes do Estado estão com a rotina diferenciada e cuidados especiais para ter um parto tranquilo. Entre as medidas citadas por médicos e doulas estão trocar hospitais por maternidades menores, aumentar os cuidados com a higienização e ter apenas um acompanhante no momento do parto.

Outra recomendação é que as gestantes esperem a hora certa de irem para o hospital, a fim de não ficarem muito tempo no ambiente hospitalar. Nos casos em que a grávida não precisa de indução para ter o bebê, o trabalho de parto pode e deve começar em casa.

Apesar disso, muitas gestantes estão aflitas com a possibilidade de colapso do sistema de saúde do País, devido ao coronavírus, e querem adiantar o momento ou fazer cesárea.

De acordo com a doula e fisioterapeuta especialista em Saúde da Mulher, Thais Ramos Dias, a atitude não é viável.

“Apesar de os bebês que nascerem entre a 37ª e a 42ª semana não serem considerados prematuros, podem ter o problema da imaturidade pulmonar. Se não esperamos o bebê dar sinais de que está pronto para nascer e que o pulmão dele, que é o último a amadurecer, está pronto, pode precisar de uma assistência respiratória e até mesmo de ir para a UTI”, explicou.

Os obstetras Anna Carolina Bimbato e Fernando Guedes acrescentam que as grávidas e puérperas, isto é, mães de recém-nascidos, precisam tomar cuidados especiais neste momento, tendo em vista que ainda não se sabe os efeitos do vírus na gravidez.

“O ideal é que redobrem os cuidados com higiene e tenham o menor contato possível com pessoas do meio externo, pois grande parte das pessoas vão manifestar o vírus de forma assintomática e podem transmitir a essas gestantes”, pontuou Fernando.

Anna Carolina reforçou, ainda, a necessidade de evitar locais como pronto-socorro, entre outras unidades de saúde, por conta de sintomas simples relacionados à gravidez, como dores de cabeça e corrimento. “Entre em contato com seu médico antes de sair de casa. Ele vai orientar a melhor conduta”, recomendou.

Limpeza reforçada nos quartos

srcset="https://cdn2.tribunaonline.com.br/prod/2020-03/372x236/gravida-41729686ca55e2ca86215a90028226b1/ScaleUpProportional-1.webp?fallback=%2Fprod%2F2020-03%2Fgravida-41729686ca55e2ca86215a90028226b1.jpg%3Fxid%3D115614&xid=115614 600w,

A fim de relaxar e ficar menos ansiosa sobre as notícias do coronavírus, a empresária Nazha Tackla, 31 anos, gestante de 38 semanas, decidiu fazer meditação.

“Está sendo muito bom, porque ajuda a me tranquilizar e posso focar na minha filha, já que é um momento para eu estar conectada a ela. Meditar ajuda também na preparação psicológica para o parto normal”, relatou.

Nazha, que está esperando a filha Maria Augusta, disse que vem fazendo exercícios preparatórios a fim de melhorar a respiração e encaixar o bebê em seu corpo corretamente para o parto.

“Também não estou saindo de casa e a limpeza está ainda mais reforçada”, acrescentou.


ALGUNS CUIDADOS

Pré-parto
 

Ocupe a mente para diminuir a ansiedade com o parto e a situação com o coronavírus. Ler livros, direcionados ao parto ou não, e dançar são boas ocupações.

Se informe sobre o parto e o pós-parto. Quanto mais entender o que irá passar, poderá se acalmar e compreender que as situações não estão fora de controle.

Movimente o seu corpo, faça exercícios direcionados e supervisionados para trabalhá-lo, a fim de diminuir as dores e melhorar a sensação de bem-estar com a liberação de endorfina. Essas atividades podem facilitar a descida do bebê.

Não vá antes da hora para o hospital. O momento mínimo para hospitalizar é quando a paciente tiver uma contração a cada cinco minutos e com mais de quatro centímetros de dilatação.

Parto

Dê preferência para o parto normal, sempre que possível. Dessa forma, há a diminuição do risco de infecções, que podem comprometer ainda mais a imunidade.

Se houver falta de ar, porém, a cesárea pode ser a melhor opção. Converse com seu médico a respeito.

De maneira geral, as visitas durante a permanência no hospital estão suspensas.

Quanto ao acompanhante, é recomendado que seja apenas uma pessoa. É importante que não seja um idoso e nem uma pessoa com sintomas gripais.

Pós-parto

Após o parto, a mulher tem a imunidade fragilizada, assim como o bebê, cujo sistema imunológico ainda não está bem desenvolvido.

Não receba visitas. Haverá tempo para conhecer o bebê depois.

Em hospitais onde os espaços de alojamento conjunto são compartilhados, o Ministério da Saúde sugere suspender visitas e a presença de acompanhante, como medida de redução da aglomeração e proteção à mãe e ao bebê internados.

Nos locais onde há como ter o distanciamento entre os internados, ou com acomodações privadas, a recomendação é a que seja um único acompanhante, assintomático e sem contato domiciliar de pessoa com síndrome gripal ou infecção respiratória comprovada por coronavírus.

Mães Que não apresentam sintomas do coronavírus e que não tenham contato domiciliar com pessoas com síndrome gripal ou infecção respiratória comprovada pela Covid-19 podem ter contato normal com o bebê.

No caso de mães com sintomas da Covid-19 ou que tiveram contato com alguém que também tenha, o contato pele a pele deverá ser suspenso e a amamentação acontecer mediante os cuidados de higiene e das medidas preventivas.

Além disso, no caso de mães com sintomas de síndrome gripal, deve haver a distância mínima de um metro entre o leito materno e o berço do recém-nascido. A mãe com sintomas também deve usar máscara durante o contato com o bebê e ter cuidados de higienização na amamentação.


Sem visitas
 

srcset="https://cdn2.tribunaonline.com.br/prod/2020-03/372x236/casal-com-recem-nascido-b91aa69d0e55a73e0feaeb0eb371c314/ScaleUpProportional-1.webp?fallback=%2Fprod%2F2020-03%2Fcasal-com-recem-nascido-b91aa69d0e55a73e0feaeb0eb371c314.jpg%3Fxid%3D115615&xid=115615 600w,
Para evitar aglomerações, a assessora parlamentar Ludmila Velloso, 30 anos, e o encarregado operacional Kelvyn Madeira, 28, estão evitando receber visitas, uma vez que o filho Rafael só tem uma semana de vida.

“Tomamos essa decisão para não colocarmos a vida do nosso filho e da nossa família em risco”, explicou Ludmila.

Fonte: Especialistas consultados e Ministério da Saúde.

SUGERIMOS PARA VOCÊ: